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O ex-deputado federal Paulo Martins (PL) foi nomeado para o cargo de assessor especial do governador Ratinho Junior. A admissão, publicada no Diário Oficial do dia 31 de janeiro, mexe no xadrez político a curto e médio prazo.
Até as pedras do Centro Cívico sabem da relação pessoal entre Paulo Martins e Ratinho. Assim como do desgosto causado ao governador quando da abertura das urnas em 2022, que elegeu Sergio Moro senador da República — deixando “Paulinho” em segundo lugar.
Cabisbaixo com o resultado eleitoral, o ex-deputado federal declarou, dias depois do pleito, que chegou a receber o convite para integrar o governo de Ratinho Junior, mas que declinou do cotejo — considerado à época como um prêmio de consolo. Mesmo sem ocupar o cargo em comissão, Paulo Martins ajudou, de forma informal, o amigo neste período. A partir de 1° de fevereiro essa assessoria é oficial.
Na prática, a estratégia é a seguinte: Paulo Martins vai assessorar Ratinho. E Ratinho vai ciceronear Paulo Martins. Como dizem que na política não existe coincidência, Paulo Martins foi nomeado justamente no período em que o assunto da política local é o início do julgamento do processo, no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, que pode resultar até na cassação do mandato de Moro. Não é, obviamente, por acaso.
O julgamento no tribunal paranaense é só a primeira etapa. A palavra final será dada pelo Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília. Até lá, Paulo Martins e Ratinho serão vistos com frequência pelos quatro cantos do Paraná. Se Moro for cassado, Paulo Martins não assume a vaga na Câmara Alta, segundo recente decisão do Supremo Tribunal Federal, até que um novo representante seja eleito.
Reconectando — Em caso de uma nova eleição, a imagem de Paulo Martins estará atrelada a de Ratinho Junior — que goza de uma aprovação da gestão superior a 70%. Um baita cabo eleitoral. Um outro padrinho, tão importante quanto, será o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deve até desembarcar em Curitiba para pedir voto para “Paulinho” — além da gravação de vídeos para disseminação na rede social e na “bolha bolsonarista”. Agora é rezar para que o Capitão não esteja, ainda mais, enrolado com escândalos que pipocam — apesar do efeito teflon.
A nomeação de Paulo Martins poderia também ter relação direta com outra estratégia do Palácio Iguaçu: eleger Eduardo Pimentel prefeito de Curitiba em outubro. O governo elegeria “Paulinho” senador e, em contrapartida, o PL entraria no arco de aliança do PSD — não lançando candidatura própria na capital paranaense, conforme bradou o Capitão num momento de fúria por causa da presença do partido de Ratinho no governo do arqui-inimigo petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Negociação isolada — Uma fonte do PL foi categórica ao afirmar ao Blog Politicamente que a oferta do cargo a Paulo Martins foi uma negociação individual e que não envolveu a executiva estadual do partido. Mas, numa folga e outra da atividade de assessor, Paulo Martins pode trabalhar nos bastidores para sensibilizar Bolsonaro a apoiar Eduardo Pimentel.
Aproveitando o desejo pontual de Bolsonaro, o deputado estadual Ricardo Arruda aproveitou a deixa e se declarou pré-candidato a prefeito de Curitiba pelo PL — embora não seja unanimidade dentro do partido e conviva com a sombra da divulgação do conteúdo de delações encartadas em processos que tramitam no Tribunal de Justiça do Paraná. Trabalho redobrado para o advogado Jeffrey Chiquini, contratado para livrar o “Missionário” das pendengas judiciais.
#chateado — Agora quem não deve ter gostado nada da nomeação de Paulo Martins é o deputado federal e secretário Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros (PP), que há tempos, acreditando na cassação do ex-juiz da Lava Jato, lançou publicamente a candidatura ao Senado. Mas nem tudo está perdido. Se o PL do Paraná não sinalizar, e logo, que vai estar de braços dados com Eduardo Pimentel na eleição, parte do governo e de aliados pode subir no palanque do cacique do PP. A assessoria de Paulo Martins inibe o lançamento de futuras candidaturas de partidos da base governista ao Senado.
Apesar de discreto, lá na página 5 do Diário Oficial, o decreto 4.712 de nomeação de Paulo Eduardo Lima Martins já começou a mexer com a política local.