Lula recebe informações sobre perfil dos três candidatos a juiz do TRE-PR

O presidente Lula já começou a receber informações detalhadas sobre o perfil e atuação dos três advogados que disputam a vaga de juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. Na mesa de Lula estão os nomes de José Rodrigo Sade, Roberto Aurichio Junior e Graciane Lemos. O que se comenta nos bastidores é que a indicação presidencial pode sair antes mesmo do Carnaval.

A “pressa” tem relação direta com o julgamento do senador Sergio Moro, no TRE paranaense, que só será iniciado após a escolha de Lula — quando o quórum da Corte Eleitoral ficará completa.

Dossiês, relatórios e até mensagens de WhatsApp, com prints das mais diversas naturezas, chegam a todo instante até pessoas próximas ao presidente da República — tudo para tentar influir no voto, com os mais diferentes argumentos e interesses.

Desde a formação da lista tríplice, dois nomes despontaram como favoritos — embora a história mostre que nem sempre ele chega lá. Desde a quinta-feira, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homologou a lista tríplice, o Blog Politicamente ouviu fontes, das mais diferentes castas políticas e do Judiciário que apontam José Rodrigo Sade com vantagem sobre os adversários. A fatura não esta liquidada, cita uma das pessoas ouvidas, mas hoje seria o nome que mais agrada o Palácio do Planalto.

Esta predileção, explicam as fontes, tem dois pilares: o perfil técnico e garantista. O trabalho advocatício também pontua na escolha, que provocou uma boa interlocução entre a magistratura e a advocacia. Uma busca rápida por sites especializados relacionam a atuação de Sade como advogado em mais de 2 mil processos. Os dois outros postulantes têm uma atuação mais discreta na advocacia.

Um fator que pode pender para Sade, é o julgamento recente envolvendo o ex-governador Beto Richa (PSDB) no TRE paranaense, que repercutiu bastante no mundo jurídico paranaense provocando, inclusive, um mal-estar com o, na época, vice-presidente da Corte Eleitoral, desembargador Fernando Wolff Bodziak, por conta da divergência aberta.

Os magistrados julgavam a suspeição de um promotor de Justiça na atuação de um processo que investigava Beto Richa. A tese de Sade prevaleceu sobre o entendimento de Bodziak que em determinado momento criticou abertamente a decisão do colega. O fato do membro do Ministério Público publicar suas “impressões” sobre o ex-governador numa rede social foi pontuado por Sade que, ao anular os atos da investigação contra o tucano, fez uma analogia a atuação da Lava Jato sobre a exposição demasiada dos investigados na mídia.

Esta decisão já chegou as mãos de Lula com os grifos sobre a crítica à Lava Jato — tema que soa como música aos ouvidos do presidente da República.

Os adversários de Sade e pessoas ligadas a Deltan Dallagnol fizeram chegar ao entorno do petista um processo em que o escritório em que ele é sócio advogou para o ex-procurador da República. Chefe da força-tarefa da Lava Jato montada pelo Ministério Público Federal e desafeto notório do presidente. A ação não tinha relação com a atuação política. Deltan processou o ator José de Abreu que foi condenado a pagar R$ 20 mil por dados morais ao chamar Deltan de covarde, salafrario e canalha.

Na parte política, é o advogado Leandro Rosa quem representa Deltan — inclusive atuou no processo que culminou com a perda do mandato de deputado federal.

A “sombra” à Sade é o advogado Roberto Aurichio Junior. O fato dele ter sido o mais votado no Tribunal de Justiça do Paraná, na eleição da lista tríplice, é um ponto favorável. Ao mesmo tempo, a atuação dele na eleição de 2022 como juiz do TRE, na área de propaganda, pode depor contra ele. Foram colacionadas no rol de informações sobre Aurichio, enviadas à Brasília, mais de uma dezena de ações contra o PT.

Exemplo disso, é que uma das decisões de Aurichio, que determinava que sites de esquerda deixassem de veicular uma notícia sobre Deltan, foi comemorada pelo ex-chefe da Lava Jato nas redes sociais. Professor da Amapar, Aurichio é mais dedicado à vida acadêmica. Ele possui graduação em Direito pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas e especialização em Direito e Processo Penal Aplicados pelo Centro Universitário Positivo. Tem experiência na área de Direito com ênfase em Direito Público.

Graciane Lemos é a quem teria vínculo mais próximo ao personagem central da Lava Jato — o ex-juiz federal Sergio Moro. E portanto, tida nos bastidores como a postulante com menos chances de ser indicada por Lula. Ela chegou a ser nomeada por Moro para integrar o Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (CNSP) quando o ex-juiz foi ministro da Justiça no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além disso, Graciane teria tido a benção do advogado Gustavo Guedes e de Rodrigo Rocha Loures quando ela foi nomeada pelo então presidente Michel Temer para o TRE paranaense. Guedes é advogado de Moro no processo que tramita na Corte Eleitoral do Paraná. Estas relações constam do relatório entregue em Brasília para o presidente Lula.

 

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