Em meio à disputa interna no União Brasil do Paraná de olho na eleição para Palácio Iguaçu em 2026, o deputado Mauro Moraes reassumiu a cadeira na Assembleia Legislativa jurando fidelidade e juras de amor ao governador Ratinho Junior. Logo no seu primeiro dia de volta à Casa, o parlamentar fez uma visita ao gabinete do líder do governo, deputado Hussein Bakri, buscando reafirmar o seu compromisso e o seu alinhamento com os projetos do atual chefe do Executivo estadual.
Mais cedo, também na Assembleia, Moraes recebeu a visita do senador Sergio Moro, principal articulador para que ele assumisse o posto de líder do União Brasil na Casa. Até então, o cargo era ocupado pelo deputado Do Carmo, que foi levado por Ratinho Junior para a Secretaria do Trabalho, Qualificação e Renda justamente no lugar de Moraes — numa articulação política do deputado federal Felipe Francischini, atual comandante do União Brasil do Paraná. Curiosamente, quase que no mesmo horário da reunião de Moro na Assembleia, Francischini estava com a bancada federal num rápido encontro com Ratinho Junior.
O pano de fundo da troca da liderança na Assembleia envolve a sucessão ao Palácio Iguaçu e o tamanho da bancada federal do partido a partir de 2027. Do Carmo e Felipe Francischini estão alinhados aos planos de Ratinho Junior para a próxima eleição. Francischini também tem o apoio do presidente nacional da legenda, Antonio Rueda, diante da perspectiva de ajudar a eleger um bom número de deputados federais, que é o que importa para a definição de fundo partidário e tempo de rádio e TV.
Por outro lado, Mauro Moraes não esconde ser um entusiasta da candidatura de Moro, que reuniu a assinatura de cinco dos sete deputados estaduais da legenda para fazer do ex-secretário do Trabalho o novo líder do partido na Assembleia. Apesar dessa demonstração de força, o ex-juiz não conta com a simpatia de Rueda nem de Francischini, que temem uma saída de filiados se o comando do partido no Paraná mudar de mãos e tomar outro caminho que não o encabeçado por Ratinho Junior.
Mas o senador conta com o apoio de ninguém menos que o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre — cuja relação se solidificou e muito durante o julgamento de Moro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que quase lhe custou o mandato.
Fato é que o clima no União Brasil paranaense não é dos melhores — há um evidente racha entre dois grupos: o de Felipe Francischini e do senador Sergio Moro. Esta pendenga deve ser resolvida pela executiva nacional que, neste momento, concentra energia na discussão sobre a fusão com o PP.
O que se comenta nos bastidores em Brasília é que independentemente da decisão do diretório nacional, a aposta é que Moro e Felipe Francischini não permanecerão no mesmo partido. A vitória de um vai significar, necessariamente, a saída do outro do União. “Não há mais clima para eles dentro do mesmo partido”, cita uma fonte da legenda.