Acusação de Tony Garcia pode refletir nos processos de Beto Richa?

Logo depois que veio à tona o depoimento do empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia à Justiça Federal, começaram os burburinhos sobre os reflexos das acusações em processos derivados da operação Lava Jato — que, diante de suspeições, pode gerar nulidade.

Tony Garcia disse à Justiça Federal do Paraná que ele era uma espécie de “agente infiltrado” do então juiz federal Sergio Moro e que teria feito gravações ilegais de diversas autoridades — a pedido do hoje senador. Moro, hoje senador pelo Paraná, rechaça as acusações e nega qualquer escuta clandestina.

Um dos alvos da Lava Jato foi o ex-governador Beto Richa (PSDB) denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) nas operações Integração e Piloto — nas duas o juiz era Sergio Moro. A primeira mirou corrupção no âmbito dos contratos e aditivos firmados entre o governo do Paraná e as seis concessionárias de rodovia que atuam no Anel de Integração.

A operação Piloto tinha como cerne a suspeita de corrupção no contrato assinado em 2014 pelo governo do Paraná com executivos da Odebrecht para obra de duplicação da PR-323.

O ponto central desta investigação foi uma gravação feita por um empreiteiro durante uma reunião no Palácio Iguaçu sobre a licitação da PR-323 em que o governo paranaense tinha se comprometido com a empresa de Marcelo Odebrecht para direcionar a obra na estrada. Tony Garcia afirmou que o telefone usado pelo empreiteiro foi cedido por ele e que depois teve acesso a gravação.

Sem envolvimento — Ao Blog Politicamente, Tony Garcia afirmou que esta gravação que consta na operação Piloto nada teria a ver com Sergio Moro. Ou seja, esta conversa interceptada não está no rol de acusações do ex-deputado contra o agora senador paranaense.

Assim como a famosa gravação do tico-tico que resultou na deflagração da Operação Radiopatrulha, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Foi o próprio Tony Garcia quem fez a gravação em que Richa diz “já entrou um tico-tico lá que tava atrasado, obrigado”. Segundo a denúncia, tico-tico seria a forma de referência ao pagamento de propina. Richa já conseguiu comprovar neste processo que a gravação foi editada.

Nestes dois casos, cita Tony Garcia ao Blog Politicamente, as gravações foram de iniciativa dele. O ex-deputado estadual e empresário relembra que era muito amigo de Beto Richa, mas que em alguns casos de corrupção que começavam a pipocar no governo tucano, o ex-governador “estava jogando os amigos aos leões”, disse. E para se proteger resolveu revelar ao Gaeco casos de corrupção do governo de Beto Richa.

Buscando nulidade — De qualquer maneira, advogados do tucano estarão atentos ao novo depoimento que Tony Garcia dará na próxima sexta-feira (9) à Justiça Federal com acusações contra Moro. Se houver qualquer brecha que levante suspeita sobre a atuação de Moro e dos procuradores da Lava Jato nos processos envolvendo Beto Richa, os advogados vão suscitar a suspeição no Supremo Tribunal Federal (STF) para anular as operações e seus desdobramentos.

 

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