Tony Garcia dispara contra Moro e fala sobre “festa da cueca”

O empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia voltou aos holofotes da política após revelar o conteúdo bombástico de um depoimento concedido em 2021 à juíza federal Gabriela Hardt da 13° Vara Federal de Curitiba. Um novo depoimento foi marcado para esta sexta-feira (9) na sede da Justiça Federal, em Curitiba.

O tema central da declaração foi a relação que ele disse que mantinha com o atual senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) e de procuradores da Republica. Tony Garcia afirmou que era um agente infiltrado de Moro e que, a pedido do então juiz e dos procuradores, gravou de forma ilegal diversas autoridades. Em troca destas gravações, Tony Garcia conseguiria benefícios em processos que ele respondia na Justiça Federal. .

De acordo com o ex-deputado, a juíza Gabriel Hardt não teria tomado nenhuma providência após o depoimento com as acusações. E teria sido o juiz Eduardo Appio, ao assumir a titularidade da 13° Vara, que ao se deparar com depoimento, encaminhou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) por ter supostamente envolvimento de pessoas detentoras de foro privilegiado.

Festa da cueca — Além da declaração na Justiça Federal, Tony Garcia concedeu uma longa entrevista à TV 247 revelando também outros casos pitorescos, como uma “festa da cueca” realizada na suíte presidencial de um hotel de luxo de Curitiba envolvendo desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4° Região (TRF4) e garotas de programa.

Esta festa, ainda segundo Tony Garcia, teria sido gravada em vídeo e as imagens teriam chegado a Sergio Moro. E por conta, disso, diz o ex-deputado, as decisões de Moro da Lava Jato nunca foram reformadas, eram sempre mantidas, no TRF4.

Da mesma forma, Tony Garcia disse que o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Félix Fischer, mantinha as condenações de Lula no STJ, porque ele era controlado pela força-tarefa paranaense em razão de supostos pagamentos de propina feitos a seu filho.

O Moro reagiu a esta entrevista.  Por nota, o senador disse que “Tony Garcia é um criminoso que foi condenado, com trânsito em julgado, por fraude e apropriação indébita. A pedido do Ministério Público e com supervisão da Polícia Federal, resolveu colaborar com a Justiça em investigação de esquemas de tráfico de influência e corrupção, ocasião na qual foi autorizado a gravar seus cúmplices. Este tipo de diligência é autorizada pela lei. Nunca houve qualquer escuta clandestina de conhecimento do senador, à época juiz, Sergio Moro”.

Rossoni e o impeachment de Dilma — Tony Garcia ainda falou sobre o envolvimento dele no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Amigo do ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, o ex-deputado revelou a suposta participação de uma figura bastante conhecida aqui do Paraná. O ex-deputado estadual e federal e presidente da Assembleia Legislativa Valdir Rossoni.

Segundo o Tony Garcia, Rossoni, após reunião com a cúpula do PSDB na época, teria pedido para que Eduardo Cunha colocasse o processo de impeachment de Dilma para ser votado no plenário. Em troca, conta Tony Garcia, Rossoni votaria à favor de Eduardo Cunha no conselho de ética num processo de cassação de mandato.

Este acordo teria sido intermediado por Tony Garcia. Eduardo Cunha aceitou o acordo e, de forma monocrática, aceitou o processo que resultou no impeachment de Dilma Rousseff. Mas depois disso, conta Tony Garcia, Rossoni teria pedido R$ 5 milhões para votar à favor de Eduardo Cunha no Conselho de Ética da Câmara. O ex-deputado conta que teria levado este pedido a Eduardo Cunha que rechaçou de pronto. O desfecho é conhecido: Dilma sofreu o impeachment e Rossoni votou pela cassação do mandato de Eduardo Cunha no Conselho de Ética.

 

Foto: Reprodução Internet

 

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