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Mais do que a já esperada filiação do ex-deputado federal cassado Deltan Dallagnol ao partido Novo, chamou a atenção da classe política curitibana, neste fim de semana, a entrada de Fernanda Dallagnol, esposa dele, no jogo político. Principalmente daqueles que pretendem disputar as eleições de 2024 — tanto no pleito proporcional quanto na majoritária.
Anunciado como pop star, para um auditório lotado, Deltan vai fazer parte da executiva nacional do partido e será muito bem remunerado por isso. A primeira missão é atrair lideranças para o partido ganhar capilaridade nas eleições de 2024 e depois em 2026. Deltan assumiu no Novo o cargo de “embaixador” do partido. Além das redes sociais, o ex-procurador da República vai percorrer o país levando o nome do novo partido por todo o Brasil — e no Paraná, em especial na capital do estado, não será diferente.
Deltan já mandou recado aos curitibanos. “A possibilidade de ser candidato está em aberto. Não descarto colocar meu nome à disposição para concorrer a prefeito de Curitiba”, disse numa entrevista. Ainda não se sabe qual a teoria jurídica que Deltan pretende adotar para driblar os efeitos da condenação da Justiça Eleitoral, que o tornou inelegível pelos próximos oito anos.
Estratégias — Se a estratégia jurídica ainda é uma incógnita, a política está posta e é clara. Deltan vai se colocar como pré-candidato ao Palácio 29 de Março até o prazo em que a Justiça Eleitora dirá se ele poderá concorrer. Até lá, massifica na cabeça do eleitor o sobrenome Dallagnol. Em caso de revés no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Deltan lança a esposa, Fernanda, agora devidamente filiada a um partido político.
A intenção é atrair todo o lavajatismo e seus simpatizantes para a candidatura. O papo de pré-candidatura não é novidade. Antes de ser cassado, ainda que nos bastidores, Deltan cogitava disputar a prefeitura de Curitiba. E estava bem nas pesquisas internas. A decisão do TSE, pela cassação, acabou com o plano político de 2024 — momento em que Fernanda Dallagnol é inserida no jogo político.
Preocupação — Mas nem tudo são flores dentro do Novo. O partido ocupa hoje duas cadeiras na Câmara Municipal de Curitiba: Indiara Barbosa e Amália Tortato. Ambas se elegeram em 2020 sem qualquer vinculação com Deltan, mas com discurso próximo — principalmente de combate à corrupção e moralização da política.
Com a chegada de Deltan, as duas vereadoras já sabem que a chapa para 2024 deve inchar e a reeleição pode estar ameaçada. Não será surpresa, conta uma fonte do Blog Politicamente, se uma delas abandonar o barco. Assim como o ingresso de João Bettega, do MBL, no partido.
E o pupilo Fábio Oliveira? — Deltan tentou levar seu fiel escudeiro, o deputado estadual Fábio Oliveira, hoje no Podemos, para o Partido Novo. O Podemos foi incisivo e mandou o recado que não vai liberar o parlamentar sob hipótese alguma. Fábio Oliveira terá aí mais três anos pela frente para conviver dentro do Podemos que, claramente, não o quer e vice-versa. Mas o ex-senador Alvaro Dias não esquece que Deltan não se dedicou na campanha de reeleição ao Senado em 2022 e manterá o pupilo nas fileiras do partido — para desespero geral.
Quem também namora o Novo é Valdemar Jorge, secretário de Meio Ambiente do governo Ratinho Junior. Já de saída do Republicanos, pela porta dos fundos, Valdemar já estaria pensando em se colocar como vice na chapa encabeçada por um dos Dallagnol — seja Deltan ou, a mais provável, Fernanda. Na pior das hipóteses, Fernanda deve ser a principal atração na chapa de vereadores do Novo em 2024 como puxador de votos.
E o Zema? — Há um personagem central do Partido Novo reflexivo. Desde sábado, analistas políticos consideram que a entrada de Deltan no Novo pode atrapalhar, e muito, as alianças no projeto de candidatura presidencial do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, em 2026. O “embaixador” poderá ser bastante útil em 2024. Mas, para 2026, pode afugentar partidos e aliados que não topam o lavajatismo e seus protagonistas.