O advogado Jairo Aparecido Ferreira Filho, que foi candidato a vice prefeito na chapa de Cristina Graeml na eleição de Curitiba, é investigado pela Polícia Civil do Paraná num esquema criminoso que simulava empréstimos junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Na manhã desta sexta-feira (7), policiais da Divisão de Combate à Corrupção (Deccor) deflagraram a “Operação Império” com o cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão na cidade de Maringá.
O personagem central da ação policial é o empresário Alceu Tavares, presidente da Fomento Mais Bank — instituição com sede na Cidade Canção. Jairo Aparecido Ferreira Filho não é alvo da operação policial, mas de acordo com uma fonte do Blog Politicamente, ele esta sendo investigado e passou a colaborar com o trabalho da Deccor. Alguns empresários de São Paulo, vítimas do esquema, apontaram o envolvimento de Jairo em depoimento à polícia, mas também há relatos em que apontam ele como vítima de Alceu Tavares. A polícia apura agora se existe ou não o envolvimento de Jairo com o esquema criminoso.
A polícia recebeu uma série de denúncias de empresários relatando o golpe, que funcionava assim: a Fomento Mais Bank, que se apresentava falsamente como intermediadora na captação de recursos financeiros junto ao BNDES, exigia um pagamento inicial de 5% do valor do empréstimo pretendido, sob a justificativa de garantia e a promessa de reembolso posterior.
Após a assinatura do contrato e o pagamento da quantia exigida, as vítimas eram informadas de que a liberação do crédito ocorreria após um prazo de 120 dias. No entanto, os recursos nunca eram disponibilizados. A Fomento Mais Bank chegava a ofertar falsas linhas de crédito que ultrapassam R$ 300 milhões.
Até o momento, foram identificadas mais de 30 vítimas do esquema criminoso espalhadas nos estados do Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pará, Roraima, Amazonas e no Distrito Federal. A suspeita é que o grupo criminoso tenha provocado um prejuízo superior a R$ 10 milhões. Ao invés de procurar a polícia, os empresários que caiam no golpe buscavam a Justiça para reaver o prejuízo.
Foi justamente um destes processos judiciais que veio à tona durante o processo eleitoral em Curitiba. Um empresário cita que Jairo Ferreira Filho se passou por representante da Fomento Mais e que teria recebido duas parcelas de R$ 20 mil como “comissão” pelo negócio que era encabeçado por Alceu Tavares — que pagava pelos pelos clientes captados por Jairo.
Empresário criou imagem de bem-sucedido

De acordo com o delegado Mateus De Bona Ganzer, responsável pela investigação, o grupo criminoso direcionava suas fraudes especialmente a empresários que buscavam financiamentos a juros mais baixos, principalmente por meio de bancos públicos, como o BNDES.
Um ponto fundamental para conquistar a confiança das vítimas foi que Alceu Tavares criou uma imagem de um empresário bem-sucedido, ostentando uma estrutura empresarial de alto padrão, e postava nas redes sociais fotos até com governadores e outras figuras influentes, reforçando sua “credibilidade”.
Durante a ação, a polícia apreendeu o aparelho celular de Alceu Tavares, além de farta documentação. Só na sede da Fomento Mais Bank, os policiais recolheram dezenas de contratos já firmados. Um dos documentos apreendidos insinua que Alceu Tavares estava tentando abrir um banco, tendo inclusive já iniciado as tratativas burocráticas junto ao Banco Central.
Uma consulta ao BNDES confirmou que nenhuma das empresas envolvidas no esquema possui qualquer vínculo com a instituição federal e que não há registros de processos para obtenção dos créditos fraudulentamente oferecidos.
Com a deflagração da Operação Império, a polícia espera identificar outros integrantes da organização criminosa e novas vítimas do esquema.
Outro lado
Ao Blog Politicamente, o advogado Jairo Aparecido Ferreira Filho disse ser vítima do esquema fraudulento de Alceu Pereira Tavares e que teria sido ele quem denunciou às autoridades as suas práticas ilícitas detalhando o funcionamento “de sua orquestra criminosa”. Jairo inclusive encaminhou ao Blog cópia da denúncia (sem data) e cópia de um email, enviado dia 15 de janeiro de 2025 ao delegado da Deccor.
“Alceu se apresentou como um empresário confiável, alegando parcerias com o governador e negócios com a Fecomércio, o que me levou a confiar nele, assim como outros foram enganados. Ao descobrir que se tratava de um possível golpe, agi imediatamente, trabalhando por muitas semanas sem parar, reunindo provas e colaborando com a Justiça. Ele foi uma das piores pessoas que conheci, e reafirmo meu compromisso em auxiliar as autoridades para que os culpados sejam punidos”.
O Blog Politicamente não conseguiu falar com o empresário Alceu Tavares. O espaço segue aberto para manifestação sobre a operação policial.