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O pastor Silas Malafaia soltou o verbo, ou melhor, uma série de predicados para criticar a postura dúbia do ex-presidente Jair Bolsonaro em relação aos candidatos que representam (e representaram) a direita nas eleições municipais. As críticas surgiram após Bolsonaro ter flertado com Pablo Marçal (PRTB) – que disputava a prefeitura de São Paulo – e com Cristina Graeml (PMB) – candidata a prefeita em Curitiba. A declaração é um petardo principalmente no eleitorado evangélico que arregimenta a base de apoio do ex-presidente. E, se encontrar eco na direita, pode de certa forma interferir no humor do eleitor bolsonarista.
“Como é que um cara que foi presidente da República, que é o maior líder da direita, dá sinais dúbios e confusos?”
Silas foi duro ao dizer que Bolsonaro é uma “porcaria de líder” e “covarde” por preferir não se indispor com o público das redes sociais a manter uma postura firme sobre sua posição inicial. Silas se referia ao fato de Bolsonaro ter manifestado apoio para Ricardo Nunes (MDB), inclusive indicado o candidato a vice na chapa, o Coronel Mello Araújo (PL) e, ao mesmo tempo, ter sinalizado a possibilidade de apoiar Marçal no 2º turno.
As declarações do pastor, que é uma grande liderança da direita mais conservadora, com influência direta no público evangélico, foram publicadas na manhã desta terça-feira (08) na coluna de Mônica Bérgamo no portal do jornal Folha de S. Paulo. O pastor, que é um dos maiores defensores do ex-presidente, disse estar “decepcionado”.
Bolsonaro reagiu. Ao Portal Metrópoles, o ex-presidente preferiu fugir do conflito. “Meu Posto Ipiranga não tem gasolina, só tem água”, disse — estratégia que já havia sido adotada pelos filhos do “Capitão” evitando confronto com Malafaia. Os filhos se restringiram à dizer que “roupa suja se lava em casa, e não em público”.
Malafaia disse que o aceno de apoio a Marçal, após a comprovação de que o candidato divulgou um laudo falso, contra o candidato Guilherme Boulos (PSOL), não é admissível.
“Como é que um cara que foi presidente da República, que é o maior líder da direita, dá sinais dúbios e confusos?”, questionou o pastor.
Em relação a Curitiba, Bolsonaro também colocou os pés em duas canoas — exatamente como fez em São Paulo. Por aqui, Bolsonaro avalizou a entrada do PL como vice na chapa de Eduardo Pimentel (PSD) após uma reunião com o governador Ratinho Junior, inclusive com contornos e compromissos para 2026. Oficialmente o “Capitão” declarou apoio a Eduardo e referendou o nome do ex-deputado Paulo Martins (PL), como vice. Porém, na véspera da eleição, por meio de uma videochamada, disse à Graeml que torcia por ela. “Não posso abrir meu voto”, disse Bolsonaro e completou: “…você sabe o porquê”.
A fala do ex-presidente se referia à costura política feita pelo deputado federal Filipe Barros (PL) e por Ratinho para garantir a aliança entre os dois partidos.
Silas condenou o fato de Bolsonaro ter autorizado Graeml a usar seu nome na campanha. “Sinalizou duplamente. Gente! Isso não é papel da direita de nível maior. Eu apoio Bolsonaro. Mas eu já disse: sou aliado, e não alienado”.
Até o momento, Bolsonaro não se posicionou sobre as declarações de Malafaia. Fica a dúvida se o ex-presidente vai manter seu apoio a Eduardo e que efeito isso ainda terá na disputa do 2º turno em Curitiba — ou se Bolsonaro irá migrar de vez para a campanha de Cristina Graeml e como essa decisão poderá refletir na direita paranaense.