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Régis Rieger
Um requerimento proposto pelo vereador Dalton Borba (Solidariedade) gerou polêmica e tomou grande parte da sessão desta quarta-feira (14) da Câmara Municipal de Curitiba. O parlamentar sugeriu que o uso de carros oficiais e o fornecimento de combustível para os vereadores sejam suspensos durante o período de campanha eleitoral, que começa na próxima sexta-feira (16).
Foi mais um daqueles debates que leva nada a lugar algum, afinal, mesmo com a aprovação da proposta, por 11 votos a 10, caberá à Mesa Executiva da Casa decidir se acata ou não a sugestão. E, ao que tudo indica, nada será alterado. Na prática, o uso dos veículos é autorizado tão somente para a atividade parlamentar — sendo que qualquer outro fim é indevido e, em caso de denúncia, a Câmara abre uma investigação para apurar o caso.
Dalton justificou que busca mais transparência da Câmara durante o processo eleitoral. Para ele, por mais que os trabalhos dos vereadores continuem durante a campanha, o uso da estrutura pública, para fazer visitas às bases eleitorais, por exemplo, pode caracterizar vantagem sobre os demais candidatos que vão tentar uma vaga no Legislativo. Ao pé da letra, a própria estrutura do gabinete que cada vereador dispõe, com até sete assessores, já caracteriza um desequilíbrio na disputa eleitoral.
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A proposta foi criticada por parte dos vereadores, tanto de direita quanto de esquerda. Rodrigo Reis (PL) afirmou que a proposta é demagógica, “típica dos esquerdistas”. O vereador alegou que o uso do carro não vai influenciar o resultado da eleição. Para ele, a preparação para uma reeleição começa muito antes do período eleitoral, “dois, três anos antes.” Reis garantiu que não usa o carro oficial.
“Não estou vendo resultado disso (do uso do carro), estou vendo a atitude”, rebateu Dalton. O vereador relembrou que o foi o primeiro a declinar do uso do veículo e do combustível — não só ele, mas outros parlamentares também abriram mão do direito.
A vereadora Josete (PT), líder do bloco de oposição, votou de forma contrária ao requerimento. Ela apontou que usa o veículo e a cota de combustível e disse que não se deve “criminalizar a política”. Segundo Josete, o fato de impedir o uso dos equipamentos disponibilizados, coloca todos os vereadores de forma genérica como “corruptos”.
Já o líder do bloco PRTB/PL, Osias Moraes (PRTB) também admitiu o uso dos veículos. “Usei e vou continuar usando”, mas alegou que vai se abster do benefício no período eleitoral. Ele ainda disse que a proposta de Dalton é “eleitoreira”. Ezequias Barros (PRD) foi na mesma toada. “Em toda eleição é a mesma papagaiada”, declarou o vereador ao criticar a proposta.
A Sargento Tânia Guerreiro (Podemos) foi ainda mais contundente. Além de admitir o uso do carro, e que é uma das que mais gasta combustível, afirmou que vai continuar usufruindo da estrutura disponibilizada.
Resultado de toda a polêmica na sessão plenária da Câmara de Curitiba: nada mudou. Mas é certo que Dalton conseguiu a atenção desejada. Resta saber se ele defende também abrir mão do trabalho dos assessores parlamentares durante a campanha eleitoral.