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Karlos Kohlbach
A campanha eleitoral de 2024 começa oficialmente a partir desta sexta-feira (16), momento em que o assunto eleição começa a entrar no dia a dia do eleitorado paranaense. Mas analistas e políticos já estão de olho na eleição de 2026. É impossível desassociar os dois pleitos, já que as estratégias para 24 são montadas dentro de um cenário pensado para 26 — de olho na disputa pelo Palácio Iguaçu.
Alguns nomes já despontam para a sucessão de Ratinho Junior — embora ainda faltem mais de dois anos para o pleito. O instituto Paraná Pesquisa fez um levantamento eleitoral com alguns cenários, colocando na disputa sete eventuais concorrentes, por ordem alfabética: Alexandre Curi (PSD), futuro presidente da Assembleia Legislativa, a ex-governadora Cida Borghetti (PP), o atual vice- governador Darci Piana (PSD), o diretor geral da Itaipu Ênio Verri (PT), o prefeito de Londrina Marcelo Belinati (PP), o prefeito de Curitiba Rafael Greca (PSD) e o senador Sergio Moro (União Brasil). Dos sete, apenas o deputado Alexandre Curi nunca disputou uma eleição majoritária.
Três cenários foram pesquisados e em todos eles Sergio Moro pula na dianteira. Em um deles, o Paraná Pesquisa testa Moro, Greca, Curi, Ênio Verri e Darci Piana. O senador aparece com 44,6%, Greca com 19,8%, seguido de Alexandre Curi, com 10,9%, o petista tem 5,8% e Piana aparece com 2%. Aliás, os cinco aparecem em todos os cenários.
Quanto o nome de Cida Borghetti é colocado, Moro cai para 41,3%, o prefeito de Curitiba aparece com 17,2%, Cida tem 11,2%, Alexandre Curi (5,2%), Ênio (5,2%) e Piana com 1,8%. Ao substituir Cida por Belinati, o resultado é o seguinte: Moro (41,8%), Greca (17,9%), Curi (9,7%), Belinati (8,8%), Ênio (5,2%) e Piana (1,7%).
Se 2026 está distante, a eleição de 2024 em Curitiba antecipa, de certa forma, o enfrentamento de Moro x Greca/Curi. O ex-juiz da Lava Jato vai trabalhar para a eleger Ney Leprevost como prefeito — tendo a esposa Rosangela Moro como vice. Já a dupla Greca e Curi apostam em Eduardo Pimentel (PSD). Ou seja, os três personagens políticos vão se empenhar para eleger seus escolhidos. Portanto, quem vencer em Curitiba, sai fortalecido para a sucessão de Ratinho Junior daqui a dois anos.
Outro ingrediente importante: o apoio de Ratinho Junior, que ainda é uma incógnita. A Paraná Pesquisa indica um índice de 76,8% de aprovação da gestão do atual governador. E uma coisa é quase certa: são mínimas as chances de Ratinho apoiar Moro em 2026. Basta ver o “climão” em Londrina, há 10 dias, durante a convenção de Tiago Amaral, quando os dois dividiram o mesmo palanque. Como ainda restam dois anos para o pleito, tudo pode acontecer. Mas hoje, é melhor não convidar Moro e Ratinho para um chocolate quente nas manhãs geladas de Curitiba.
Os dados, obviamente, são favoráveis a Sergio Moro, tanto é que, coincidência ou não, ele desfilou no plenário da Assembleia Legislativa no início da tarde desta segunda-feira (12) — marcada pela eleição de Alexandre Curi para a presidência do Poder Legislativo no biênio 2025/2027. Nenhuma menção sobre este compromisso na rede social do senador — que andou com a esposa a tircaolo.
Apesar de um porcentual na casa de 40% nos três cenários pesquisados, alguns sinais de alerta têm que ser observados. Moro tem a seu favor o recall de 2022, quando foi eleito senador da República, com quase 2 milhões de votos, e o trabalho à frente da operação Lava Jato — embora implodida por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
Mas uma derrota em Curitiba, pode abalar a candidatura de 26. Principalmente porque, ao analisar o quadro eleitoral desenhado nas maiores cidades, Ratinho e o PSD de Greca e Curi têm mais chance de fazer prefeitos aliados do que Moro — embora o voto do senador seja mais de imagem e menos estrutural. Basta ver que, em 26, Moro derrotou Paulo Martins, que era o escolhido pelo amplo time do governador.
Rafael Greca conta com o trunfo de administrar o maior colégio eleitoral do Estado, embora a partir de 2025 terá de deixar o Palácio 29 de Março e se refugiar na secretaria das Cidades (Secid) do governo do Paraná — pelo menos é este o acordado. O desafio será, fora da prefeitura, manter essa popularidade em Curitiba e, principalmente, tentar ampliar para o interior do Estado através do trabalho na Secid, isso se não herdar uma pasta esvaziada.
Alexandre Curi nunca disputou uma eleição majoritária, o que impacta no resultado da pesquisa, e trabalha para debutar em 2026. Os resultados da pesquisa são positivos para o futuro presidente da Assembleia. Nos arredores do Centro Cívico, comenta-se que são grandes as chances de uma aliança entre Greca e Curi na disputa pelo Palácio Iguaçu — cenário não pesquisado na sondagem eleitoral do Paraná Pesquisa, mas que uniria duas grandes forças políticas contra Moro, uma com densidade em Curitiba e outra no interior.
Não há também medição da rejeição dos futuros concorrentes.
Números bons também para os Progressistas Cida e Belinati. A ex-governadora está fora do cenário político desde 2018, quando não conseguiu se eleger governadora, depois de exercer a vice de Beto Richa (PSDB) por dois mandatos. Em 2021, virou conselheira da Itaipu na gestão de Jair Bolsonaro. Belinati administra a cidade de Londrina, o segundo maior colégio eleitoral do Paraná, com ótimos índices de aprovação da gestão. Ambos têm a mesma dificuldade: ganhar votos além do reduto Maringá/Londrina, respectivamente.
Metodologia: O Instituto Paraná Pesquisa entrevistou 1508 eleitores em 64 municípios entre os dias 01 e 04 de agosto de 2024. A pesquisa tem um grau de confiança de 95% e uma margem estimada de erro de 2,6%.