União Brasil racha em Maringá: Moro acusa Do Carmo de corrupção. Deputado fala em racismo

Por Karlos Kohlbach

O senador Sergio Moro e o deputado estadual Do Carmo, ambos do União Brasil, parecem ter incorporado a figura de pugilistas, em pleno jogos olímpicos de Paris, e trocaram sopapos e jabs pesados pelas redes sociais. Acusações graves de parte a parte. Nem briga de bar na Avenida Morangueira, na cidade Canção, é tão constrangedora. O pano de fundo é o posicionamento político, o destino, do União Brasil na disputa pela prefeitura de Maringá. Veja os vídeos no final da matéria.

Do Carmo, há tempo, vem se colocando como pré-candidato a prefeito pelo partido. Inclusive, no último dia 20 teve homologada a pré-candidatura durante a convenção do partido. Mas nesta sexta-feira, a três dias do fim do prazo de encerramento das convenções partidárias, o deputado declarou publicamente numa rede social que não vai mais disputar as eleições de outubro. E acusou Sergio Moro de ser o responsável pela reviravolta política. E o motivo, segundo o deputado, seria racismo.

Ele diz no vídeo que foi surpreendido pela decisão do União Brasil de não mais lançar candidatura própria, cita divergência interna, mas depois, sem pronunciar o nome do senador, fala que tal resistência pode ter origem racista. “As vezes pela minha cor, pela minha formação, porque eu vim da periferia”, disse.

Já numa entrevista à imprensa, concedida nesta sexta-feira, Do Carmo foi mais incisivo e repetiu por algumas vezes o nome de Moro e repetiu a acusação. “Nosso senador Sergio Moro discorda de uma candidatura majoritária na nossa cidade”, disse. Em outro trecho foi categórico. “O que esta me aborrecendo é o preconceito, porque isso aqui é racismo estrutural o que esta acontecendo comigo dentro do meu partido”.

Moro acusa Do Carmo de corrupção

Horas depois veio o contragolpe. Moro desferiu um cruzado no queixo de Do Carmo ao acusá-lo de corrupção quando o parlamentar era policial rodoviário estadual. No pronunciamento na rede social, dirigido aos moradores de Maringá, Moro mostrou um documento que seria da Polícia Militar do Paraná narrando os supostos fatos criminosos. Do Carmo, enquanto policial, teria pedido propina de R$ 40 mil para liberar contrabandistas.

“Eu jamais deixaria que alguém que recai suspeitas sobre sua conduta ética ser candidato a prefeito da minha querida cidade. O deputado estadual do Carmo fez declarações públicas mentindo pelos motivos que me levaram a vetar a sua candidatura. A verdade é muito simples: o deputado do Carmo era um policial rodoviário militar e foi acusado de ter extorquido sacoleiros durante o exercício da sua função, receber suborno para liberá-los do contrabando”, disse, mostrando o documento.

“Houve uma comissão disciplinar da Polícia Militar do Paraná que concluiu pela procedência da acusação e opinou pela exoneração dele, a demissão, do cargo de policial, que só não foi aplicada essa sanção porque Do Carmo, à época, pediu exoneração do seu cargo antes que fosse aplicada a sanção, e o processo então perdeu o objeto”, completou.

Do Carmo para Moro: “Sem escrúpulos e sem moral, e sem histórico algum de lealdade com alguém”

Novamente, Do Carmo foi às redes sociais. Afirmou que Moro falou mentiras e inverdades, comentou que se sente orgulhoso da carreira militar e acusou o senador, novamente de racista, e de traidor. O deputado desferiu mais um golpe ao dizer que saiu da PM por causa de pessoas como Moro “sem escrúpulos e sem moral, e sem histórico algum de lealdade com alguém”, citando o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-senador Alvaro Dias, do Podemos. Por fim, afirmou que a acusação contra ele foi arquivada.

Diante do impasse e da situação insustentável, de troca de acusações, o União Brasil deve se manter neutro na eleição municipal em Maringá. Do Carmo pode ser instado a responder na Justiça à acusação de racismo.

No meio disso tudo, ficou o União Brasil — como telespectador da briga no ringue das redes sociais. Caberá ao juiz desta briga de boxe, que é o eleitor maringaense, erguer o punho do vencedor — se é que alguem se sagrou ganhador nesta luta.

Questionado pelo Blog Politicamente, o deputado Do Carmo afirmou que estava participando de uma convenção, mas pelo whatsapp reafirmou a questão do suposto racismo e quando questionado sobre a acusação de corrupção, respondeu apenas: “acusações que nunca sequer respondi”. O Blog Politicamente fica aberto à novas manifestações tanto do deputado quanto do senador Sergio Moro.

 

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