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Por Karlos Kohlbach
A ofensiva foi pesada. Os estrategistas dos palácios Iguaçu e 29 de Março tentaram de tudo, esticaram a corda ao máximo, mas não conseguiram tirar Ney Leprevost (União Brasil) da corrida eleitoral. A última tentativa foi feita nesta quarta-feira (24) pelo governador Ratinho Junior, direta e pessoalmente, com Antonio Rueda — cacique do União Brasil — durante uma reunião na cidade de São Paulo.
Na mesa de negociação foram colocadas a vice de Eduardo Pimentel (PSD) para Alexandre Leprevost, irmão de Ney, e o cargo da poderosa 1ª secretaria da Assembleia Legislativa — que administra o cofre e os muitos cargos do Poder Legislativo. Apesar do pacotão, o União Brasil gentilmente declinou.
A notícia de que a estratégia melou já chegou ao Palácio Iguaçu — e alguns analistas políticos consideram só um milagre para reverter o caso. Os estrategistas queriam evitar uma disputa com Ney porque o campo da centro direita está congestionado com cinco pré-candidatos. E Ney é a maior ameaça, é quem pode dar mais dor de cabeça porque disputa o mesmo perfil do eleitorado de Eduardo Pimentel.
Boa notícia para Sergio Moro, que, lá da França, onde acompanha o início dos Jogos Olímpicos, monitorou os reflexos da reunião de Rueda com Ratinho. Na próxima segunda (29), Moro vai anunciar a esposa, Rosangela, como vice de Ney, já pensando na disputa pelo Iguaçu em 2026.
Apesar do revés da negociação com o União Brasil, o clima no Iguaçu é de otimismo. Acreditam que quando Ratinho Junior e o prefeito Rafael Greca começarem a percorrer as ruas de Curitiba, o candidato oficial tenderá a subir nas pesquisas de intenção de voto. A grande aposta é na atuação dos padrinhos políticos. Agora, nem o mais otimista palaciano acredita, a 10 dias das convenções, numa eleição de um turno só em Curitiba — como desenharam os estrategistas dos palácios.
Com Ney e outros quatro pré-candidatos da centro direita, além da esquerda unida em torno da pré-candidatura de Luciano Ducci, o 2º turno é quase uma certeza num mundo de incertezas que rondam uma campanha eleitoral.
Com a recusa do União Brasil, Paulo Martins volta a ser o principal nome para a vice de Eduardo Pimentel — apesar dos fortes ruídos de rompimento com o PSD alimentado nos bastidores da política de Curitiba nos últimos dias, e que chegou aos ouvidos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Tudo por conta de uma declaração inflamada de Greca sobre a Covid-19, falando impropérios sobre a gestão de Bolsonaro durante a pandemia — mas sem citá-lo. A militância digital e outros pombos-correio fizeram questão de fazer chegar o vídeo do discurso do prefeito de Curitiba ao Capitão.
A relação Bolsonaro/Greca que é péssima, piorou mais ainda. Se é que é possível. Bolsonaro ligou para Paulo Martins e ameaçou tirar o PL do PSD e apoiar Cristina Graeml — do nanico PMB. Rapidamente, a jornalista rumou para Brasília para tirar uma chapa com o Capitão e propagar em todas as redes sociais.
A relação do PL com o PSD de Ratinho e Eduardo Pimentel já foi refeita após alguns telefonemas e reuniões em Brasília com o Capitão. Fica “tudo como dantes, no quartel-general…” da campanha de Eduardo Pimentel. O ex-presidente e Valdemar da Costa Neto já deram o aval para a aliança com o candidato oficial do Iguaçu e do 29 de Março.
Com todo o imbróglio, quem ficou em maus lençóis foi Paulo Martins. Ratinho, por exemplo, ficou possesso com a confusão causada em Curitiba durante sua roadtrip pela Espanha e outros países europeus. Até porque antes de embarcar, o governador já tinha deixado tudo acertado com “Paulinho” sobre a vice do PSD.
Está marcado para esta quinta-feira no Palácio Iguaçu um encontro entre Paulo Martins e o governador Ratinho Junior. O ex-deputado federal já tem ciência que os rumores lhe foram desfavoráveis. Paulo Martins até tentou se reunir com o chefe da Casa Civil, João Carlos Ortega, nesta terça-feira (23) na sede do Poder Executivo. Mas, como o impasse com o PL ainda não estava resolvido, o encontro não teve nenhuma definição política. O governador vai tentar trazer Paulo Martins para a vice novamente.
O plano A do Iguaçu para a vice de “Eduardinho” volta a ser Paulo Martins — para desespero de Rafael Greca. Se bem que, depois da declaração que causou a trepidação na relação PL/PSD, Greca foi chamado na “chincha” para baixar a fervura depois da descompostura. A tendência é que Greca esteja com Ratinho de corpo e alma na campanha de Eduardo Pimentel — até porque o dia 31 de dezembro se aproxima.
Quem só observou esta instabilidade toda foi a esquerda. Comenta-se nos bastidores que interlocutores do PT ensaiam um assédio ao prefeito Rafael Greca — que tem em comum a ojeriza a Jair Bolsonaro. Resta saber se Greca toparia ser o candidato da frente ampla da esquerda para disputar a sucessão de Ratinho em 2026. O primeiro passo seria a saída do PSD para um partido mais moderado — talvez o PP ou o PSB. Já que uma filiação ao PT de Lula poderia significar um rompimento muito brusco para o eleitor conservador de Curitiba entender.