Requião sinaliza com a vice; PDT diz que vai pensar, mas nada deve mudar

Por Karlos Kohlbach

Durou cerca de uma hora o encontro em Brasília entre o ex-governador Roberto Requião, pré-candidato do Mobiliza à prefeitura de Curitiba, e Carlos Lupi — ministro de Lula e homem forte do PDT nacional. A pauta da reunião não era segredo para ninguém: a eleição de Curitiba. O resultado também era o esperado: Requião falou, Lupi ouviu e a decisão será tomada nos próximos dias — com grandes chances de nada mudar. Até porque, PDT já tem compromissos assumidos com o PT e o PSB em cidades consideradas importantes eleitoralmente para os pedetistas.

 

Foto: Reprodução Redes Sociais

 

De um lado da mesa, o ex-governador e o deputado Requião Filho tentavam convencer o PDT a formar uma aliança. Chegaram a ofertar a vice de Requião para Goura. Do outro lado, os pedetistas, já atuando quase como num consórcio com o PT e PSB em várias cidades do país, ouviam com atenção e, em certo momento, acenavam com o caminho inverso: ou seja, que Requião deixasse de lado as diferenças com o partido de Lula e se juntasse à frente ampla da esquerda montada na capital paranaense em torno da pré-candidatura do PSB — liderada por Luciano Ducci.

Goura pontuou ao presidente nacional do PDT as executivas de Curitiba e do Paraná já aprovaram uma sinalização para avançar na aliança com o PSB e PT num compromisso programático representado no documento Curitiba que Queremos, entregue à Lupi, que foi desenvolvido nos últimos meses num trabalho de diálogo com entidades e a sociedade.

O Blog Politicamente ouviu alguns dos presentes na reunião e destinatários das ligações com informes sobre a conclusão da reunião. A conversa foi avaliada como proveitosa por ambos os lados, mas não houve uma definição. Caberá à executiva nacional do PDT decidir o rumo do partido na capital paranaense no pleito de 2024. E o anúncio será feito nos próximos dias — antes do dia 28 de julho, data da convenção tanto do PDT quanto do PSB. A tendência, conta uma fonte do Blog Politicamente, é que Goura figure como vice na chapa de Ducci na eleição de outubro.

Requião desembarcou em Brasília já sabendo da negociação para Goura ser vice de Ducci. E já decidido que não quer andar com o PT em 2024 — fruto da passagem relâmpago e frustrante pela agremiação do presidente Lula. Nada parece demover o ex-governador de se manter distante do PT — mesmo que isso signifique a divisão da esquerda entre duas pré-candidaturas, o que é observado e comemorado pela centro direita.

Requião não esquece de comportamento de Ducci em 2022

Além do PT, Requião tem suas resistências quanto a Luciano Ducci — nada pessoal, apenas política. Ele não esquece que na eleição de 2022, quando disputou o Palácio Iguacu, Ducci não apareceu na campanha. Com dificuldade de montar uma chapa competitiva, que lhe garantisse pelo menos a reeleição, o socialista bateu à porta do Palácio Iguaçu. Com o aval do governador Ratinho Junior, João Carlos Ortega, chefe da Casa Civil, ajudou Ducci a montar a chapa em 2022 que garantiu a sua reeleição e um representante na Assembleia Legislativa.

Apesar do PSB hoje ser governo, com Geraldo Alckmin na vice de Lula, a família Requião não tem em Ducci um companheiro para os planos políticos em 2026.

O ex-governador pretende disputar a prefeitura de Curitiba independentemente da decisão do PDT e das diversidades que se apresentam: o Mobiliza não tempo de rádio e televisão, nem conta com fundo partidário. E tem mantido tratativas com a Rede e o Psol, mas que pouco devem agregar para amenizar as desigualdades.

Requião tem nas redes sociais sua grande aposta para falar com o eleitorado curitibano.

 

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