Saiu o resultado da primeira pesquisa registrada na Justiça Eleitoral com os números da corrida pela Prefeitura de Curitiba. A sondagem foi feita pelo Instituto Radar Inteligência e divulgado neste domingo. E, como toda a pesquisa, agradou um, outros nem tanto, e teve gente cuspindo maribondo. Na próxima quinta-feira deve sair o resultado de mais uma pesquisa para a capital paranaense.
Os dados da pesquisa estimulada, friamente, trazem um empate técnico, dentro da margem de erro de 3,5%, entre nada menos que cinco pré-candidatos: Eduardo Pimentel (PSD) 15,8%, Beto Richa (PSDB) 13,1%, Luciano Ducci (PSB) 12,3%, Deltan Dallagnol (Novo) 11,5% e Ney Leprevost (União Brasil) 10,9%.
A partir daí existe um descolamento entre os demais cinco pré-candidatos, que também, segundo a sondagem eleitoral, estão empatados tecnicamente dentro da margem de erro: Paulo Martins (PL) 4,7%, Maria Victória (PP) 3,3%, Luizão Goulart (SD) 3,2%, Carol Dartora (PT) 2,6% e Goura (PDT) 2,5%.
Análise — Neste bloco da frente algumas percepções. Dos cinco, três já tiveram os nomes testados na disputa pelo Palácio 29 de Março: Beto, Ducci e Ney — portanto já são “conhecidos” do eleitor curitibano. Deltan tem na atuação na Lava Jato a explicação para a projeção nacional. Eduardo Pimentel, portanto, é o mais “desconhecido” — fato que pode parecer negativo, mas não é.
Analistas políticos ouvidos pelo Blog Politicamente explicam que por não ter esta “popularidade” dos demais rivais, o candidato de Ratinho e Greca pode crescer junto ao eleitorado na medida em que se tornar mais conhecido — principalmente com as propagandas eleitorais e o apoio explícito dos dois padrinhos. Um exemplo disso, foi a estratégia desenhada ainda em dezembro de 2023, quando o PSD, nas inserções partidárias, mostrou Eduardo Pimentel se apresentando ao eleitor de Curitiba ao lado de Ratinho e Greca. Este desempenho nesta primeira pesquisa registrada em Curitiba pode ser explicado por esta estratégia.
Sinal amarelo — Também chama a atenção neste bloco da frente que neste cenário pesquisado, o campo da esquerda saiu “fatiado” com Ducci, Carol Dartora e Goura, ao tempo em que é sabido que a “canhota” articula fortemente nos bastidores para lançar uma frente ampla que reúna todos estes pré-candidatos numa única chapa. Portanto, a partir da definição de uma candidatura única pode melhorar o desempenho do representante do arco da esquerda.
No segundo bloco de pré-candidatos, salta os olhos a performance do deputado estadual Goura que na eleição de 2020 teve 13,6%, terminando em segundo lugar com quase 111 mil votos para a prefeitura de Curitiba, e agora aparece com 2,5%. Sinal amarelo também para o pré-candidato do PL, Paulo Martins. Há um ano, ele disputava a eleição para o Senado, com projeção da imagem para todo o estado, e terminou a votação em Curitiba com 25% ou 256 mil votos. Um ano e pouco depois, ele aparece nesta pesquisa da Radar com 4,7%.
Cenários mais apertados — O Instituto Radar simulou três cenários mais restritos, com menos pré-candidatos, mas também com empate técnico: no primeiro deles, Eduardo Pimentel tem 24%, Ney aparece com 19,2%, Ducci com 17%, Dartora com 3,9% e Goura com 3,3%. Na segunda simulação, Eduardo aparece com 21,5%, seguido de Ducci (17,4%), Ney (16,4%), Deltan (12%) e Paulo Martins (4,4%). E no último, Eduardo aparece com 28,3%, Ducci com 23%, Dartora com 4,4% e Goura com 3,4%.
2° turno e rejeição — O Instituto Radar ainda simulou três cenários numa eventual disputa de 2° turno: em dois deles o resultado é um empate técnico. Contra Ducci, Eduardo tem 30,6% contra 28,8% do pré-candidato do PSB. No segundo cenário, o atual vice-prefeito aparece com 31,6% e o deputado Ney Leprevost registra 29,4% das intenções de voto. No último, Eduardo Pimentel lidera a disputa com 35,1% contra 20,5% de Deltan Dallagnol.
A rejeição dos pré-candidatos também foi questionada aos entrevistados. Em primeiro lugar ficou Beto Richa com 36,7%, seguido de Goura 4,9%, Deltan 4,5%, Maria Victoria 4%, Ney Leprevost 4,5%, Ducci 3,3%, Carol Dartora 3,1%, Eduardo Pimentel 2,2%, Paulo Martins 1,8% e Luizão Goulart 1,3%. Apesar de ainda muito alta, a rejeição de Beto Richa parece ter derretido alguns pontos percentuais em relação à sondagens feitas, e não registradas na Justiça eleitoral, ainda em 2023.
Este resultado mostra que Beto Richa, como pré-candidato do PSDB, ainda terá que afinar muito o discurso ao eleitorado de Curitiba e explicar os processos criminais e até a prisão em escândalos de corrupção do seu governo — hoje anuladas por ordem do ministro Dias Toffoli do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ficou para amanha — A avaliação dos governos de Greca, Ratinho e Lula será divulgada nesta segunda-feira (18) — assim como a influência do voto dos três e também de Jair Bolsonaro no voto do eleitor. Ficou para o início da semana também a divulgação da pesquisa espontânea.
Estes dados são de extrema importância numa eleição em que haverá, declaradamente, pré-candidatos de Ratinho, Greca, Lula e Bolsonaro. Portanto, aferir a força do apoio destes líderes políticos é importante para explicar o desempenho dos postulantes ao Palácio 29 de Março.
Metodologia: A pesquisa ouviu 816 eleitores curitibanos nos dias 11, 12 e 13 de março e tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95% e o registro no TRE é PR-07339/2024.