Três pesquisas em Curitiba “bagunçam” cabeça de eleitores, candidatos e analistas políticos

Por Regis Rieger e Karlos Kohlbach

Candidatos, analistas políticos e, principalmente, os eleitores de Curitiba dormiram na terça-feira (27) com um cenário da disputa pela prefeitura de Curitiba e acordaram nesta quarta (28) com um quadro completamente diferente. Em menos de 24 horas houve um “bombardeio” de dados divulgados em três pesquisas com a corrida pelo Palácio 29 de Março — eram para ser quatro, mas a do Instituto Vérita foi impugnada. E os dados das três sondagens eleitorais são distintos. A única convergência é que são grandes as chances de Curitiba ter uma eleição em dois turnos. É bom frisar que pesquisa eleitoral não tem como função adivinhar o resultado das urnas — ela capta o cenário nos dias de coleta e funciona muito para balizar as estratégias durante a campanha eleitoral.

Os três institutos fizeram as entrevistas com os eleitores curitibanos num intervalo de cinco dias — de 22 e 27 de agosto. Portanto, o cenário, em tese, não deveria apresentar tantas divergências. Em tese. Porque na prática, Eduardo Pimentel (PSD), por exemplo, apareceu com 19%, 28% e 38% das intenções de voto. Roberto Requião (Mobiliza) variou entre 10% e 18%. Numa pesquisa o ex-governador em segundo colocado e em outra na quarta posição. Cristina Graeml (PMB) apareceu com 5%, 6% e chegou a 11,6% numa das pesquisas. Ney Leprevost (União) e Luciano Ducci (PSB) variaram menos.

Este desencontro entre os índices pode ir além da margem de erro de cada levantamento eleitoral. A explicação para tamanha discrepância no desempenho de cada concorrente em Curitiba pode estar na seleção dos respondentes e/ou nos métodos de como estas pesquisas são realizadas: de forma presencial, por telefone ou ainda pela internet. A amostra de eleitores entrevistados precisa reproduzir a composição e a distribuição do eleitorado.

Fato é que cada candidato vai “adotar a pesquisa” que mais lhe convir, a que ele teve o melhor desempenho na intenção de voto. As outras, são as outras. As três pesquisas, que deveriam trazer “luz” na disputa, acabaram embaçando a visão dos eleitores, analistas e dos coordenadores das campanhas. As comemorações, críticas e questionamentos gerados após a divulgação dos dados da Quaest, hoje dão lugar hoje a uma dúvida generalizada: afinal, quais os números estão realmente mais próximos da realidade?

O desempenho dos 10 candidatos de Curitiba nas três pesquisas

Nas três sondagens eleitorais (da Quaest, IRG e AtlasINtel), Eduardo Pimentel, o candidato do prefeito Rafael Greca e do governador Ratinho Junior, aparece numericamente na frente, mas empatado tecnicamente dentro da margem de erro na pesquisa da Quaest e da IRG — encomendada pela TV Band de Curitiba e divulgada na manhã desta quarta-feira (28). Eduardo aparece com 19% e com 28%, respectivamente. Na AtlasInstel ele salta para 38,2%.

Luciano Ducci, o candidato do presidente Lula, figura em 2º colocado nas três pesquisas: a Quaest mostra ele com 18%, na IRG ele tem 16% e na AtlasIntel aparece com 12,3%. Requião aparece em segundo, terceiro e quarto. Na sondagem encomendada pela RPC, o ex-governador tem 18%, na segunda colocação, na Atlas ele é o terceiro, com 10,5% e na IRG em quarto com 10%. Já Ney Leprevost teve 14% na Quaest, 14,6% na IRG e 9,8% na AtlasIntel.

Assim como Eduardo, Cristina Graeml variou bastante nas três pesquisas. Ela apareceu com 5% na Quaest, 6% na IRG e na AtlasIntel teve 11,6%. O desempenho de Maria Victoria, do PP, também chama a atenção. Na Atlas ela teve 1% das intenções de voto, na IRG apareceu com 2,7% e na Quaest com 4%.

Ainda são muitos os indecisos em Curitiba

Como os dados do instituto AtlasIntel foram coletados pela Internet, por meio de seleção de 1209 pessoas que navegam em celulares, tablets, laptops e computadores, a empresa não faz a pesquisa espontânea — quando não é apresentado o nome dos concorrentes.

O número de indecisos, de eleitores que ainda não sabem em quem votar na disputa pela prefeitura de Curitiba, é grande. A Quaest apontou para um porcentual de 81%. Ou seja, a cada 10 eleitores, 8 ainda não sabem em quem vão votar em 6 de outubro. O IRG indica que 59,4% estão indecisos.

Ao contrário das intenções de voto, é bem menos complexo entender estes altos índices. A campanha eleitoral começou há menos de duas semanas e está mais quente nas redes sociais do que nas ruas. Os eleitores ainda estão, de certa forma, distantes do processo eleitoral. A partir desta sexta-feira (30) se inicia uma nova aproximação com o start na propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

Pesquisas divulgadas, apesar dos pedidos de impugnação

O departamento jurídico da coligação Curitiba Pode Mais (União/ Agir/DC), que tem Ney Leprevost como candidato a prefeito de Curitiba, entrou com ações na Justiça Eleitoral de Curitiba com pedido para suspender a divulgação de quatro das três pesquisas divulgadas. A coligação apontou supostos erros nas pesquisas dos institutos Vérita, IRG e AtlasIntel.

A Justiça barrou a pesquisa da Vérita, nos outros dois casos, as sondagens foram divulgadas antes da análise por parte da Justiça Eleitoral.

Metodologias:

A Quaest ouviu 900 eleitores entre os dias 24 e 26 de agosto. O nível de confiança da pesquisa, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número PR-06447/2024, tem uma margem de erro de 3% para mais ou para menos e um nível de confiança de 95%.

Os eleitores que não sabem em quem votar, ou não responderam às perguntas, somam 11,5%. Nenhuma das opções, branco e nulo, são 7,2%. A IRG fez 1000 entrevistas entre os dias 22 e 26 de agosto. A margem de erro é 3,1% e a confiabilidade dos dados é 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob o número PR-06950/2024.

A AtlasIntel consultou 1209 eleitores pela internet, através do Recrutamento digital aleatório, entre os dias 22 e 27 de agosto. A margem de erro é 3% e a confiabilidade dos dados é 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob o número PR-02278/2024.

 

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