Estava indo bem a estratégia da família Mattos Leão para manter uma das mais cobiçadas cadeiras do Paraná: a de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná.
O plano – como o Blog Politicamente publicou com exclusividade há uma semana – consistia numa manobra ousada: Artagão Pai anteciparia em 3 meses sua aposentadoria compulsória no TCE para forçar uma discussão imediata na Assembleia Legislativa com a abertura da sua vaga.
Esta vaga de Artagão Pai é de indicação dos 54 deputados estaduais e está “prometida”, desde 2018, ao fiel escudeiro de Osmar Dias – o ex-deputado estadual, o ex-prefeito de Pato Branco e atual secretário de Desenvolvimento Urbano de Ratinho Junior, – Augustinho Zucchi.
Tão logo a movimentação de Artagão Pai foi sentida pelo Palácio Iguaçu, a reação imediata foi escalar o todo-poderoso João Carlos Ortega (que também tem a promessa de ir até os 75 anos como conselheiro do TCE) para o bate-chapa com Artagão Jr. na Assembleia.
Bela tacada –Entretanto, um dia depois que o Blog Politicamente divulgou o plano traçado pelo Palácio Iguaçu, que poderia resultar na saída de Ortega da Casa Civil — pasta mais importante do governo — o Presidente da Casa, deputado Ademar Traiano (um dos melhores amigos de Zucchi e um dos mais ativos aliados de Ratinho Junior) achou a solução. Foram publicadas no Diário Oficial da Assembleia número 2.459 do dia 8 de junho a revogação de dois antigos, longínquos e esquecidos atos da Comissão Executiva: o de número 76 de fevereiro de 2006 e o de número 675 de 25 de junho de 2008. Ambos, praticamente, têm a mesma redação e preconizavam sobre o rito para a escolha de Conselheiros do TCE.
Havia – até a saída agora encontrada por Traiano – um prazo regimental de 5 dias para a Assembleia instaurar o processo sucessório quando “constatada a vacância” do cargo. Agora, com a bela tacada, não existe mais prazo — conforme Regimento Interno. A escolha será quando a Mesa Executiva da Casa quiser. Portanto, se Artagão Pai insistir na ideia de antecipar a aposentadoria, caberá a Mesa comandada por Traiano definir a data da eleição. Neste caso, esperaria-se até o fim do processo eleitoral para evitar os pedidos e as traições inerentes de uma votação secreta.
Resultado — A família Mattos Leão ainda não jogou a toalha. Prepara ainda um grito de “truco” mesmo sabendo que não tem o “gato”. Ortega não terá que se indispor com ninguém enquanto aguarda a aposentadoria compulsória de outro conselheiro, o decano Nestor Baptista, que em 2023 deixa o TCE. Como essa vaga é de livre escolha do governador, Ortega está mais que garantido.
E Zucchi? — Enquanto aguarda as eleições de Outubro, ele continua trabalhando por Ratinho Junior. Só não se sabe, ainda ao certo, quantos dos 54 votos da Assembleia ele terá para cumprir a mais confortável jornada de sua brilhante carreira política: vestir a Toga de Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná.