A Sanepar divulgou ontem (7) um comunicado ao mercado informando a renúncia do diretor jurídico Raul Siqueira do cargo. Uma função importante dentro da estrutura do governo de Ratinho Junior. A saída dele pegou muita gente de surpresa no Centro Cívico.
Um dia antes, o deputado Requião Filho falou na tribuna da Assembleia Legislativa sobre a conclusão de uma sindicância feita pela Controladoria Geral do Estado (CGE) em que levantou indícios de irregularidade cometidas por Raul Siqueira na época em que ele era o Controlador Geral do Estado.
Os indícios são graves, de crime de rachadinha, viagens irregulares e apropriação de patrimônio público. Ao final do trabalho da comissão, foi elaborado um relatório em que sugere encaminhamento para o Ministério Público e Polícia Civil para que aprofundem a investigação. Este documento, foi parar nas mãos do deputado Requião Filho que é líder da oposição ao governo Ratinho Junior na Assembleia Legislativa.
Requião Filho fez o trabalho dele como oposição. Partiu para cima, denunciou o caso, colocando em xeque o trabalho da Controladoria Geral do Estado — que foi muito exaltada pelo Palácio Iguaçu na questão do controle interno, compliance e do trabalho de combate a corrupção. Inclusive, o fato do governo ter alcançado o Selo Diamante no Programa Nacional de Transparência Pública sempre foi atribuído, em grande parte, ao trabalho da CGE — capitaneado por Raul Siqueira.
Sindicância — O Blog Politicamente teve acesso à toda a sindicância feita na Controladoria — são 205 páginas. A primeira coisa que chama a atenção é a celeridade: no dia 3 de janeiro é instalada e 20 dias depois, já concluída. Trabalho digno de uma equipe Selo Diamante que conta com um time de inteligência perspicaz. Em quatro dias, foram ouvidas 30 pessoas. Bom se todas as denúncias fossem apuradas com esta prioridade e gana em busca da verdade. Há relatos da prática de rachadinha, há quem nunca tenha ouvido falar sobre isso dentro da CGE. E muitos outros só no famoso rádio peão.
Os indícios são graves e carecem de uma investigação aprofundada. Mas até aqui, indícios. Se comprovados, a necessária aplicação da letra fria da lei. Chamou a atenção a renúncia de Raul Siqueira, assim como o silêncio no Palácio Iguaçu sobre a saída de um aliado, até então, de primeira hora. Sempre transitou bem no alto escalão, assim como manteve excelente relação com machuchos e habib’s.
A menos que haja fatos que ainda não são de conhecimento público, que não constam na sindicância, a renúncia foi considerada por alguns palacianos uma medida enérgica e desproporcional. Há quem diga que um grupo de três ou quatro pessoas que tudo sabem e tudo ouvem teriam conhecimento de mais caroço neste angu.
Portanto, a saída pode ter sido uma antecipação do que pode vir. Mais do que analisar a chuva, é preciso entender como ela se formou. E dentro do Palácio Iguaçu poucos ainda sabem. É quase público que Raul Siqueira enfrenta um divórcio litigioso para lá de desgastante. É uma questão pessoal. Mas alguns dos depoimentos tomados na sindicância são de pessoas com laços de sangue com a ex-mulher. Não é motivo para descrédito, mas é preciso sobrepesar. Mais que isso, é necessário que as autoridades competentes agora apurem os indícios encontrados pela CGE.
Enfim, uma sindicância que durou 20 dias, baseada em depoimentos, derrubar o diretor jurídico da Sanepar, de fato chama a atenção. Há casos de pessoas com BO`s mais pesados, desfilando pelo Centro Cívico que tiveram a sorte de não pegar a turma do Selo Diamante pela frente.
Tem caroço neste angu. O bode desta vez foi Raul Siqueira. Já foram outros e existem alvos futuros.