Menos de 10 dias. Sete dias úteis. Este foi o tempo recorde que a Corregedoria da Câmara Municipal de Curitiba levou para concluir uma sindicância que, parecia complexa, apurava o envio de um email com ofensas ao vereador Renato Freitas (PT).
Parecia complexa por envolver o campo cibernético, possível invasão de conta de email. Mas, pelo tempo que levou, parece que qualquer estagiário de TI (Tecnologia da Informação) conseguiria identificar o problema e solucioná-lo.
Coincidência ou não, a referida sindicância tornou-se o entrave para o andamento do processo de cassação do vereador Renato Freitas (PT). Ontem, horas antes da sessão plenária extraordinária, a juíza Patrícia de Almeida Gomes Bergonse, da 5 Vara da Fazenda Pública de Curitiba, suspendeu a referida sessão “pelo prazo da Sindicância instaurada para apurar a autoria e veracidade do email retro mencionado”, dizia a juíza na sentença.
A sindicância, aberta em 11 de maio, tinha prazo regimental de 30 dias úteis, portanto, podendo se estender, caso necessário, até 23 de junho, para apurar quem escreveu e de onde veio o tal email contra o vereador Renato Freitas. Mas não foi necessário. E em menos de 24 horas, depois da decisão judicial, despachou concluindo a sindicância.
“Os indícios claramente apontam para o fato de que o email objeto da presente sindicância não partiu da caixa de correio eletrônico do vereador Sidnei Toaldo, uma vez que já se apurou a origem em site estrangeiro, utilizado por pessoa desconhecida com o objeto claro de forjar o remetente da mensagem recebida pelo vereador Renato Freitas”, escreveu a corregedora em ofício encaminhado ao presidente da Câmara Tico Kusma – pondo fim a sindicância.
A vereadora se apoiou nas informações prestadas pelo Departamento de TI da Câmara, que após checar a caixa de email de Sidnei Toaldo, de Renato Freitas, concluiu que para “o envio (do email) foi utilizado um serviço de envio de e-mails anônimo, hospedado na República Tcheca, que não armazena logs, ou seja, não guarda registros para auditoria/mapeamento de informações tais como data, hora, IP, etc”. E por fim tornou a coisa mais clara e simples possível. “Qualquer pessoa com acesso à internet e conhecedora deste serviço poderia, no caso, tê-lo feito”.
Foram realizados testes com uma equipe da Serpro, que fornece o serviço de email da Câmara, e foi disparado um email que chegou à caixa de correio de outro endereço. Diante disso, foi solicitada a Serpro explicações sobre as razões da falha no sistema.
Para a Câmara, parece estar superado o feito. Cópia da sindicância, que tem mais juntada de procuração do que diligências, será encaminhada para a Justiça para que possa dar andamento ao processo de cassação do vereador Renato Freitas.
O advogado Guilherme Gonçalves, que defende o petista, já adiantou ao Blog Politicamente que vai questionar a conclusão da sindicância. “Eles só reproduziram uma simulação de envio de email. Não explicaram anda. Não é conclusivo até porque dizem que precisam solicitar informações ao Serpro”.
Estamos diante de uma corrida contra o tempo para que Renato Freitas seja julgado pelos seus pares. E neste percurso presenciamos, talvez, uma das sindicâncias mais bem feitas e em tempo recorde. Os eleitores curitibanos que se sintam tranquilos por contar com uma corregedoria tão ágil e eficiente. Agora, o que diabos os tchecos estão de olho na nossa Câmara de Curitiba? Será que está na pauta algum projeto que dá nome de rua a um cidadão tcheco? Quem sabe um título de cidadão honorário.
Em tempo. Renato Freitas é acusado de quebra de decoro parlamentar porque participou de um ato antirracista na Igreja do Rosário, no Centro de Curitiba, que terminou com a invasão dos manifestantes.