Sem recursos, Requião confirma candidatura apostando no legado

Sem esconder mágoas recentes, principalmente em relação ao presidente Lula, e relembrando conquistas do passado, Roberto Requião foi aclamado candidato a prefeito de Curitiba na convenção do Mobiliza na manhã deste sábado (3). “Entrei nessa parada para elevar o nível dessa campanha”, afirmou.

Aliás, o passado, na opinião do próprio veterano, é o seu principal trunfo na disputa diante da falta de tempo no horário eleitoral e de recursos financeiros para bancar a campanha. “Eu tenho uma imagem! Fui prefeito de Curitiba e fui o melhor do Brasil, segundo o Datafolha.”

Requião confirma candidatura

Em entrevista ao Blog Politicamente, Requião também lembrou que foi governador do estado por três vezes e que “tem um acervo bem sucedido”. A fala foi repetida em seu discurso para a plateia que lotou o auditório da Fetraconspar.

Requião chegou a citar o ex-governador e ex-prefeito Jaime Lerner, que chamou de “amigo pessoal”, apesar de serem adversários políticos. Disse que Lerner foi um prefeito “porreta” que transformou a capital, mas que não tinha “sensibilidade social”, diferentemente dele.

Disparou críticas aos concorrentes do pleito. Disse que não fez programa para as mães da cidade, mas que enquanto governador reformou e construiu dezenas de hospitais. A cutucada é dirigida para Luciano Ducci, candidato ligado ao presidente Lula. É também uma forma de chamar a atenção dos eleitores de esquerda. Seguiu com as alfinetadas ponderando que no período em que comandou a capital paranaense, não construiu o metrô, pois escavar o “banhado que é Curitiba”, tornaria o sistema inviável e a tarifa extremamente cara.

Ainda sobre o transporte público, alfinetou as propostas sobre tarifa zero. “Antes, há de se discutir a próxima licitação.” Reforçou que a frota precisa ser ampliada, pois os ônibus estão sempre lotados.

E o vice?

Questionado sobre quem ocupará a posição de vice na chapa, Requião se esquivou dizendo que isso será definido nos próximos dias. Porém, uma pessoa ligada à coordenação da campanha disse que a vaga deve ser ocupada por alguém do próprio Mobiliza, formando assim uma chapa puro sangue.

Desde que anunciou a pretensão de disputar a prefeitura, Requião vem buscando apoio de outros partidos. Ele foi a Brasília na tentativa de convencer o homem forte do PDT, Carlos Lupi, a indicar o deputado estadual Goura para compor aliança.

Como a conversa não avançou, Requião fez uma investida no PSOL e convidou Andrea Caldas para ser a vice. Porém, a professora preferiu disputar a eleição como candidata a prefeita.

Durante a convenção, Requião revelou que recebeu um vídeo da ex-senadora Heloísa Helena afirmando que lamenta a decisão da executiva municipal da Rede Sustentabilidade (que forma federação com o PSOL) não ter apoiado a sua candidatura.

Mágoas, muitas mágoas

Durante a semana, Requião divulgou um vídeo convidando apoiadores para a convenção frisando que não era candidato do Lula nem do Bolsonaro. “Sou candidato de Curitiba.” Diante do público que compareceu na aclamação da sua candidatura, o ex-governador desabafou.

Disse que se decepcionou com Lula, que permitiu a implantação do novo pedágio no Paraná, num modelo diferente do que havia sido prometido ao longo da campanha de 2022. Na época, Requião era filiado ao PT e estava no palanque com Lula.

No discurso de hoje, lembrou também do processo da venda das ações da Copel que poderia ter sido evitado, segundo ele, pelo BNDES. O banco, que é controlado e regulado pelo governo federal, também era dono de parte das ações da estatal paranaense.

Apesar da voz rouca, por causa de um resfriado, não poupou críticas ao presidente petista ao falar da venda da UEGA, a usina de gás de Araucária para a Âmbar Energia, que é ligada ao Grupo JBS.

Sobrou também para os dirigentes do partido em que atuou por mais de 4 décadas. “O velho MDB de guerra, virou um balcão de negócios.” Na época em que saiu da legenda, Requião tinha afirmado que a sigla tinha virado um reduto de Jair Bolsonaro.

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