A saúde de Ponta Grossa foi o tema mais recorrente durante o debate deste sábado promovido pela TV Band entre os candidatos que disputam a prefeitura de Ponta Grossa. Foi o assunto mais discutido por todos os concorrentes. Mas também chamou muito a atenção a DR (discussão de relacionamento) entre a prefeita Elizabeth Schmidt (União Brasil) e o ex-prefeito Marcelo Rangel (PSD).
Os dois que foram aliados de primeira hora, desde 2015 quando ela foi Secretária Municipal de Administração, acumulando com a Secretaria de Gestão de Recursos Humanos, na gestão de Rangel, até ser eleita, no ano seguinte, como vice-prefeita. E no pleito de 2020, com o pleno apoio de Rangel, foi eleita a primeira prefeita de Ponta Grossa. Toda essa relação ficou para trás. E neste debate da Tv Band os dois fizeram uma DR.
Eu lhe convidei por quatro vezes para estar ao nosso lado, no nosso time. Por que a senhora me ataca tanto?
Você se considera o epicentro do universo. O que você chama de ingratidão eu chamo de traição. Por que o senhor me abandonou, me traiu?
Marcelo Rangel, que deixou a prefeitura há quatro anos, foi o mais procurado no debate pelos adversários políticos — e chegou a citar que era necessário paciência já que todos iriam”atacá-lo”. E foi o que de fato aconteceu. Rangel foi o principal alvo — mais do que a atual prefeita. Aliás, com cinco candidatos todos dispararam perguntas para todos — sem aquelas tradicionais tabelinhas entre aliados. Sobrou estocada para todo mundo.
O debate foi acalorado e de longe o mais “animado” dos promovidos pela Bandeirantes. Aliás, a eleição na Princesa dos Campos tem todos os ingredientes para ser uma das disputas mais acirradas do Paraná. Já no primeiro bloco, quando normalmente os participantes estão mais nervosos, os candidatos já começaram as alfinetadas e deu um spoiler de como seria o debate.
A prefeita disse ter sido abandonada por aliados — sem mencionar o nome de Rangel. Mabel Canto (PSDB) afirmou que Ponta Grossa vem sendo administrada pelo mesmo grupo político há 12 anos. O ex-prefeito citou ter o apoio do governador Ratinho e do casal Jair e Michele Bolsonaro, e se contrapôs a Aliel Machado ao rotular o deputado federal do PV como o candidato do presidente Lula na cidade.
A resposta do federal foi imediata. Aliel disse que não abandonou a cidade e, tomando as “dores” de Elizabeth, afirmou que não é traidor, para depois apontar casos de corrupção na gestão de Rangel como prefeito. Num determinado momento, após alfinetadas dos adversários, o candidato do PSD disse que não foi ao debate para atacar.
A polêmica sobre o fechamento do hospital
Quem perdeu uma baita oportunidade para deslanchar no debate foi o ex-vereador Magno Zanellato, do Novo. Com a saúde no epicentro do debate, Zanellato, que tem formação médica, pouco contribuiu com soluções para um dos problemas mais recorrentes em Ponta Grossa — principalmente após o fechamento do Hospital Municipal. Aliás, Rangel e Elizabeth empurraram um para o outro a responsabilidade pelo encerramento das atividades.
Zanellato falou em parceria com entidades filantrópicas, Aliel destacou o investimento de pouco mais de R$ 100 milhões do governo Lula para a construção de uma nova torre em anexo ao Hospital Universitário Regional. Rangel complementou dizendo da contrapartida de R$ 90 milhões por parte do “padrinho” Ratinho Junior.
A prefeita Elizabeth disse ter herdado uma gestão da Saúde sucateada — administração que ela fazia parte como vice de Marcelo Rangel. Voltou a acusar o ex-aliado de fechar o hospital municipal que depois ganhou um direito de resposta utilizado para esclarecer que o hospital foi fechado em maio de 2022 pela prefeita.
Elizabeth citou como proposta de governo a implementação de uma gestão plena — “assim como acontece em Maringá”, disse a candidata do União Brasil. A prefeita disse que Ponta Grossa sofre com a lotação de leitos e comparou com a realidade da Cidade Canção, município que reserva 50% dos leitos para os maringaenses e o restante fica disponível para pacientes da região.
A prefeita aproveitou para questionar Marcelo Rangel sobre a telemedicina, que segundo a candidata é propagada pelo adversário como uma inovação, mas que já é uma realidade na cidade. Foi o momento de um pequeno deslize do ex-prefeito, ao errar o nome da colega de PSD e bancada na Assembleia Legislativa Márcia Huçulak.
Rangel dizia que a telemedicina há é uma realidade em Curitiba e que como secretário de Inovação do governo Ratinho acompanhou a implementação na capital que foi conduzida pelo prefeito Rafael Greca e pela secretária de Saúde “Úrsula Huçulak”.
Transporte público, segurança e combate à corrupção, foram temas citados en passant — bem superficialmente.
Morte de Sílvio Santos foi tema de convergência
Os cinco candidatos convergiram no último e derradeiro debate durante as considerações finais. Todos eles lamentaram a perda do apresentador e comunicador Sílvio Santos — informação que foi repassada ao vivo durante o debate pelo jornalista Rodrigo Leite, que conduziu os trabalhos de mediação.
Chamou a atenção também que foi só no último minuto do debate que a prefeita Elizabeth mencionou que conta com o apoio do ex-juiz federal, que conduziu a Lava Jato, e do atual senador Sergio Moro –” que vai nos ajudar a combater a corrupção e mentira. Nós temos a força da verdade”.