Ricardo Arruda baixa o tom e mantém versão de vítima

O deputado estadual Ricardo Arruda (PL) usou a tribuna da Assembleia Legislativa, durante a sessão desta segunda-feira (30), para se defender, novamente, da suspeita de ter cometido crime de rachadinha — motivo que motivou a Operação Fração, deflagrada semana passada pelo Gaeco (Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado), ligado ao Ministério Público do Paraná.

Ainda com “sangue quente”, Arruda divulgou um vídeo nas redes sociais horas depois da ação do Gaeco em que partia para cima do MP Estadual — em especial à subprocuradoria geral que tem a atribuição de investigar e processar pessoas com prerrogativa de foro, com delegação do Procurador Geral do Estado.

Nesta segunda, bem mais calmo e ponderado, Arruda baixou bem o tom — sequer elevou a voz. Chegou até a elogiar a educação dos policiais e promotores que cumpriram os mandados de busca. Ele só não conseguiu deixar de citar o presidente Lula, apesar da investigação do Gaeco nada ter a ver com o petista. “Sistema não vai me calar. O Brasil mudou o foco, agora é presidido por um ex-condenado”, disse o parlamentar identificado com o Bolsonarismo.

Sobre as acusações em si, poucas palavras. Disse que é inocente, julgou a operação do Gaeco como desproporcional e que a busca e apreensão feita “é uma ação mais política do que jurídica”. Arruda reafirmou que durante a ação policial nada de ilegal foi encontrado nos endereços ligados a ele.

Uma fonte ouvida pelo Blog Politicamente, conta o motivo de tanta calmaria. “Desde que partiu para cima do MP, o advogado dele, Jeffrey Chiquini, ameaçou deixar a defesa do Arruda, justamente, por discordar dos ataques a parlamentares e integrantes do Ministério Público”, contou uma pessoa próxima ao deputado.

Grife — Falando em advogado, Ricardo Arruda ainda anunciou que deve contratar o renomado advogado criminalista José Roberto Batochio para se juntar a Chiquini para defende-lo neste caso. Batochio ficaria com a missão de representar o parlamentar nos tribunais superiores. O pagamento de honorários parece não ser problema.

Arruda começou o discurso dizendo que antes de ser deputado tinha empresas voltadas ao setor financeiro e que foi diretor de banco por seis anos — cujo salários giram em torno de U$ 100 mil — hoje, algo em torno de R$ 500 mil.  “Fiz meu patrimônio nesta época. Entrei na Assembleia em 2014 e meu patrimônio diminuiu em oito anos de política”, disse.

De fato, a listagem de bens recuou. Segundo dados disponibilizados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo próprio parlamentar, o patrimônio caiu. Em 2014, ele declarou R$ 2.860.634,78, em 2018 eram R$2.694.047,09 e na eleição de 2022 ele declarou patrimônio no valor de R$ 1.405.433,78.

Logo depois do discurso, algumas deputados governistas soltaram: “tem que ser muito vocacionado mesmo, um verdadeiro missionário, para entrar na política e eleição após eleição perceber que os bens estão desidratando”, comentou um parlamentar. Sem falar na queda vertiginosa dos vencimentos, de cerca de R$ 500 mil mensais, para cerca de R$ 40 mil — nem 10% do valor.

 

Foto: Dálie Felberg/Alep

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