Até as pedras do Centro Cívico sabem que o cacique do PP, deputado federal Ricardo Barros, vem tentando emplacar algum progressista na vice de Eduardo Pimentel na eleição para prefeitura de Curitiba em 2024. Mas o martelo esta longe de ser batido. A vice deve ser definida aos 45 minutos do segundo tempo, muito provavelmente, numa jogada para atrair algum parceiro estratégico.
E não é só o PP que vive esta ansiedade. Por via das dúvidas, Ricardo Barros parece adotar a máxima do investidores do mercado financeiro que pregam a ideia de não colocar todos os ovos numa única cesta. No mundo econômico, não investir todo o dinheiro num único investimento. No cenário político, não apostar numa só candidatura.
Ontem (30), circulou no Centro Cívico uma foto de Ricardo Barros com o deputado federal e pré-candidato à prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, que a um ano da eleição desponta na liderança das pesquisas de intenção de voto. Teve muita gente que entendeu o registro fotográfico como um recado ao Palácio Iguaçu: se o PP não vai indicar a vice para o Eduardo Pimentel, o partido pode indicar para Luciano Ducci.
O fato de Ducci, provavelmente, vir a liderar a frente ampla de esquerda em 2024, tendo o PT de Lula como o maior aliado, não preocupa Ricardo Barros. Estrategista e pragmático, o cacique progressista transita muito bem no Palácio do Planalto — independentemente da cor partidária do presidente da República, ele conversa bem tanto com Lula quanto com Bolsonaro.
Este prestígio político foi testado recentemente durante as festividades pelo aniversário — comemorado em 15 de novembro. Assim como os polacos, Ricardo Barros fez pelo menos três aniversários públicos. Primeiro foi em Curitiba, na sociedade Garibaldi, onde reuniu vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federias, e até o governador Ratinho Junior passou por lá para parabenizar seu secretário.
Na semana seguinte, a festança foi em Maringá — reduto político dos Barros. Mais uma centena de amigos e políticos da região. E ontem, em Brasília, Ricardo Barros reuniu cerca de 150 pessoas numa casa na Península dos Ministros. Serviu na capital federal, o prato típico do Paraná: o barreado. Por lá, passaram senadores, deputados, e até ministros dos mais diferentes espectros políticos — de PT a PL.
Os ex-presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro telefonaram para Ricardo Barros para parabenizá-lo. Entre os presentes no almoço, justamente Luciano Ducci que não resistiu nem um pouco ao convite para a foto.
O progressista aproveitou as comemorações para, entre um parabéns e outro, deixar bastante claro para os demais caciques partidários que pretende disputar uma eventual eleição suplementar ao senado pelo Paraná, caso a Justiça Eleitoral casse o mandato do atual senador Sergio Moro (União Brasil) — cujo processo caminha para a reta final no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) paranaense.