Em programa de TV, Ratinho cutuca Requião e Richa

A propaganda política do PSD do Paraná, veiculada ontem no horário nobre da TV Globo, traz o governador Ratinho Junior como o grande garoto propaganda. Não poderia ser diferente. Apesar do reforço nas fileiras do PSD é ele quem continua dando as cartas.

O comercial, muito bem produzido, traz uma cutucada sutil em seus antecessores – os ex-governadores Roberto Requião (PT) e Beto Richa (PSDB). O primeiro deve ser o grande adversário na eleição de outubro, já o tucano vai tentar turbinar a candidatura de Cesar Silvestri Filho ao Palácio Iguaçu.

Análise — Marqueteiros ouvidos pelo Blog Politicamente viram e reviram o comercial – disponível no perfil do PSD na rede social. Logo no início da propaganda partidária, dizem os marqueteiros, o primeiro cutucão. “No passado diziam que não dava para fazer, o poder passava de pai para filho”.

“As primeiras duas frases já são críticas veladas aos dois ex-governadores. Quando ele diz que no ‘passado diziam que não dava para fazer’ pode ser uma referência à luta travada sem sucesso por Requião para acabar com o pedágio”, diz um dos marqueteiros.

Quando governava o Estado, Requião chegou a esbravejar: “ou baixa ou acaba”. Nem uma coisa nem outra. O petista judicializou o caso e as tarifas nas cancelas do pedágio aumentavam conforme o contrato assinado em 1997.

O processo de concessão das rodovias paranaenses acabou sendo alvo de uma das muitas fases da Operação Lava Jato que atingiu em cheio o núcleo duro do governador Beto Richa e o DER (Departamento de Estradas e Rodagem) – subordinado à Secretaria de Infraesrutura e Logística. Pepe Richa, irmão de Beto, chegou a ser preso na segunda fase da operação Integração.

Depois de eleito e quando a Lava Jato ainda vivia seu auge, Ratinho agiu rápido e viu ali a possibilidade de realizar o sonho de Requião: baixar ou acabar. Conseguiu as duas coisas. Com provas fartas levantadas pela Lava Jato e já sentado na cadeira de governador, Ratinho e a equipe de governo promoveram ações contra as empresas pedageiras. O desfecho foi à redução da tarifa para compensar os valores desviados durante a execução do contrato.

E em novembro do ano passado, enfim, venceu o longo e danoso contrato de concessão das rodovias. O Estado tentou promover o leilão da nova concessão, mas a pandemia da Covid-19 atrapalhou os planos. Restou a decisão de abrir as cancelas até a realização do leilão.

Já a alfinetada em Richa, complementam os marqueteiros, acontece quando Ratinho diz que o poder passava de pai para filho – nua referência ao ex-governador José Richa, pai do tucano. Um dos motes da campanha de 2018 de Ratinho era justamente acabar com a “velha política”. “O Paraná foi governado por duas ou três famílias nos últimos 20 anos”, dizia na campanha.

Ódio e vergonha — Por fim, já no fim do comercial, Ratinho diz que “não podemos voltar para o passado do ódio e da vergonha”. O ódio, dizem os marqueteiros, embora seja um adjetivo forte, seria uma analogia ao governo de Requião que por muitas vezes não se furtava de partir para o ataque – principalmente contra a imprensa.

E a vergonha, complementam, diz respeito à forma como acabou o governo Beto Richa — alvo de investigações e operações policiais, com secretários presos tendo o Palácio Iguaçu como alvo de mandados de busca dos federais.

 

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