Não é de hoje que os estrategistas que atendem o Palácio Iguaçu e dão expediente no QG do governador e pré-candidato a reeleição Ratinho Junior (PSD) desejam contar com o União Brasil na ampla aliança que estão formando.
O tempo de televisão é o grande atrativo e ao mesmo tempo a moeda de troca do União Brasil. As conversas estavam bem encaminhadas e sofreram uma interrupção com o retorno do ex-juiz federal Sergio Moro ao Paraná — após decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo que lhe negou o domicílio eleitoral. Nesta terça, Moro bateu o martelo sobre seu destino político na eleição de outubro e anunciou que vai disputar a única vaga em jogo do Senado Federal.
Os palacianos aguardaram até a confirmação da pré-candidatura de Moro ao Senado, já que havia uma corrente dentro do União Brasil que pensava numa pré-candidatura do ex-juiz federal ao Palácio Iguaçu. Moro disputando o Governo do Paraná provocou, por alguns momentos, dor de barriga no staff do governador.
Vencida esta etapa é hora de voltar à mesa de negociações. Ratinho convidou ontem o deputado federal e presidente do União de Curitiba, Ney Leprevost, para uma conversa no Palácio Iguaçu. Ney foi por mais de três anos secretário de Família, Justiça e Trabalho do governo Ratinho e ainda mantém boa relação com o governador. Tratou de sair pela porta da frente do PSD quando optou por migrar para o União Brasil.
Ao que consta, Leprevost terá como missão construir uma sólida ponte entre o PSD e o União Brasil — atendendo aos anseios tanto do governador quanto da executiva nacional, comandada por Luciano Bivar que busca palanque presidencial nos Estados, e da estadual que é dirigida por Felipe Francischini — e agora também de Sergio Moro. Felipe Francischini, que teve um mal súbito e teve de ser atendido no hospital, já deve entrar no circuito e finalizar as costuras políticas.
Já se sabe, por exemplo, que o PSD não poderá ofertar a vaga ao Senado ao ex-juiz federal. O presidente Jair Bolsonaro (PL) teria uma síncope e melaria todo o bom relacionamento do Capitão com Ratinho. A vice, por ora, parece bem consolidada com Darci Piana, atual titular do posto, embora venha sofrendo tentativa da família para largar o osso e desfrutar da vida.
A hipótese mais concreta seria abrir espaço para o União Brasil num eventual segundo governo. Nada de concreto por ora. Mas dentro do União há quem fale em estatais e secretarias. As negociações foram retomadas e a costura política deve se intensificar nos próximos dias — tarefa delegada por Ratinho ao seu fiel escudeiro, João Carlos Ortega, atual chefe da Casa Civil.