O governador Ratinho Junior não vai ao ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, no próximo domingo (16) em Copacabana, no Rio de Janeiro, em defesa da anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro.
No entanto, ele entende ser necessária uma revisão das penas aplicadas aos presos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) — num aceno favorável ao projeto de anistia. A declaração foi dada ao jornal Valor Econômico.
“Não vou [ao ato no Rio]. Nunca fui a estes eventos. Acho que a anistia tem que ser revista, tem gente injustiçada. Mas não vou”.
A ausência já era esperada — o governador paranaense, de fato, não foi às manifestações anteriormente convocadas pelo ex-presidente e assume o ônus de eventuais críticas de bolsonaristas mais extremistas. Ratinho, de forma bastante clara, tem se postado como um político moderado diante da polarização evidenciada desde 2018.

Na mesma entrevista ao Valor, o governador do Paraná avalia que há um cansaço desta polarização o que abre brecha para candidatos moderados — via que ele espera trilhar na disputa presidencial em 2026. Recentes pesquisas eleitorais tem apontado esta tendência ao registrar que a maioria dos brasileiros ouvidos não querem candidatos indicados por Lula nem Bolsonaro.
Um dos mantras que ele tem repetido em entrevistas a veículos nacionais é que ele não discute ideologia e sim metodologia de trabalho. É uma aposta política de Ratinho que pode dar certo em 26 interrompendo o ciclo das últimas eleições. Nesta quinta-feira (13), durante um evento em São Paulo, deu mais um exemplo deste tom moderador.
Ao ser questionado pela Folha de S. Paulo sobre sobre a declaração do presidente Lula de que colocou uma “mulher bonita” na articulação política para melhorar a relação com o Congresso, em referência à ministra Gleisi Hoffmann, Ratinho disse que talvez tenha sido uma tentativa de elogio. “Não vejo maldade nisso”.
Ratinho vem se preparando para a disputa presidencial com agendas cada vez mais frequentes em outros estados da federação — com especial destaque para São Paulo. Mas ainda busca internamente no PSD viabilizar sua candidatura num cenário nebuloso: “Dentro do partido tem várias correntes: uma parte tem apreço ao governo Lula, outra é totalmente refratária a isso e tem aqueles que defendem candidatura própria”.
No entanto, diz que no pleito de 26 o PSD tem que ser protagonista, não uma sublegenda”, num cenário de crescimento da legenda após as eleições municipais de 2024.
Com três ministérios no governo petista, Gilberto Kassab deve adiar a decisão para 26, mas sabe que o tempo joga contra em caso de lançar uma candidatura. Lula, por sua vez, tenta atrair cada vez mais o PSD sinalizando com o apoio a candidatos do partido de Kassab na disputa ao governo de alguns estados e oferecendo mais espaço na Esplanada dos Ministérios.
Enquanto isso, Ratinho Junior faz o dever de casa: percorrendo outros estados e concedendo cada vez mais entrevistas para driblar o obstáculo de nacionalizar o nome.
O governador do Paraná, estrategicamente ou não, é o único presidenciável com uma bandeira inovadora: a da paz política, num cenário cada vez mais aguerrido.