Ainda tem muita gente no Centro Cívico tentando entender quem desenhou, e com quais interesses, o cenário da disputa pelo governo do Paraná em 2026 para a Quaest — que nesta semana soltou um levantamento pela corrida pelo Palácio Iguaçu. Embora ainda estejamos a quase dois anos da eleição de 2026, e muita coisa pode acontecer na política, as chances deste cenário se confirmar são praticamente nulas.
Os nomes apresentados aos eleitores paranaenses foram dos ex-governadores Beto Richa (PSDB), Cida Borghetti (PP), Roberto Requião (sem partido), além do prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD) e do senador Sergio Moro (União Brasil).
Não há neste cenário, por exemplo, nenhum nome ligado ao governador Ratinho Junior — que não vai medir esforços para eleger o sucessor, que só será conhecido em 2025. Dois nomes ganham força na bolsa de apostas: do secretário Guto Silva e do deputado Alexandre Curi, que a partir do ano que vem assume a presidência da Assembleia Legislativa. A Quaest não testou o nome de nenhum dos dois — assim como nenhum candidato da esquerda, cujo nome de Ênio Verri, diretor-geral da Itaipu, tem ganhado força.
Muito dificilmente o trio de ex-governadores elencados pela Quaest enfrente as urnas em 26 na disputa pelo Iguaçu. Greca ainda é uma incógnita. O prefeito de Curitiba ainda se apega ao compromisso de que vai atravessar a rua e compor o secretariado do governador Ratinho Junior a partir de 2025. Alguns palacianos não estão tão crentes quanto Rafael Greca.
A péssima estratégia traçada e encabeçada pelo time de Greca no 1º turno da campanha de Eduardo Pimentel, que quase colocou em risco os planos do PSD, provocou um desgaste na relação com o atual prefeito da capital, que desfruta dos últimos dias da gestão. Se o rompimento se confirmar, como alguns apostam, ninguém duvida que Greca pode sim pular para outra canoa e disputar o Iguaçu.
Sergio Moro, este sim, deve seguir firme e forte para disputar o governo — vontade que ele já expressou publicamente.
Apesar do ineditismo deste panorama político, Moro apareceu com 23% das intenções de voto, seguido de Requião (16%), Greca (12%), Beto Richa (10%) e Cida com 5%. Indecisos somam 7% e 28% dos entrevistados disseram que não votariam ou optaria pelo branco e nulo.
É para comemorar ou refletir?
A turma pró-Moro comemorou e soltou fogos após os dados da Quaest. Mas esqueceram, talvez, do levantamento eleitoral do Paraná Pesquisa divulgada em agosto deste ano, no período das eleições municipais, que colocava o ex-juiz da Lava Jato com 41,3%.
Os “moristas” têm mais motivos para se preocupar do que para comemorar. As duas pesquisas mostram um derretimento do senador do União Brasil junto ao eleitorado — principalmente em Curitiba após o fraco desempenho de Ney Leprevost na disputa pelo Palácio 29 de Março, que tinha Moro como principal cabo eleitoral e Rosângela Moro como vice.
No frigir dos ovos, o resultado da pesquisa Quaest não acrescenta em nada a discussão e as elucubrações da disputa pelo Palácio Iguaçu. Deixa de fora pré-candidatos que já começaram a trabalhar nos bastidores para 2026 e traz para o cenário de disputa quem já não pensa e/ou não detém mais capital político para voltar a comandar o governo do Estado.
Avaliação de Ratinho
A pesquisa só foi boa para Ratinho, já que além do quase irreal cenário para o Iguaçu, a Quaest também mediu a aprovação do governo. Os dados foram favoráveis: o governo Ratinho é aprovado por 81% dos eleitores paranaenses, enquanto 15% desaprovam a gestão. Ao comparar com a pesquisa de abril deste ano, numericamente o índice subiu (de 79% para 81%), mas variou dentro da margem de erro — o que traz um cenário de estabilidade sobre aprovação do governador.
Avaliação do governo Ratinho também segue estável — mas com destaque positivo junto à faixa do eleitorado que votou em Bolsonaro no 2º turno das eleições de 2022. Neste recorte, o índice subiu de 64% para 71%. A reação daqueles que votaram em Lula, por sua vez, é diametralmente oposta. Em abril, 60% avaliava a gestão Ratinho como positiva, agora são 53%.
Metodologia: A margem de erro da Quaest é de 3 pontos para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. A pesquisa ouviu 1.100 eleitores com 16 anos ou mais entre os dias 4 e 9 dezembro.