O discurso do ex-deputado estadual do PSDB, Michele Caputo, durante o 1º Encontro da Coalizão em Defesa do Paraná, escancarou o namoro firme dos tucanos com o PT do Paraná. Quem diria. E o relacionamento pode ser duradouro, chegando até a eleição de 2026.
Durante a fala, Caputo fez questão de dizer que falaria em nome do PSDB do Paraná, pois tinha autorização do presidente estadual, o deputado federal e ex-governador Beto Richa, que não foi ao evento porque já tinha agendado outros compromissos.
Caputo agradeceu ao convite e começou dizendo que o PSDB tem diferenças com os partidos de esquerda, “traduzidos, principalmente nos momentos eleitorais”, mas que hoje “temos algo que nos une que é o respeito ao estado democrático de direito, e recentemente, traduzidos pela eleição do presidente Lula”.
Depois, o tucano falou em unidade e compromisso com os partidos de esquerda para mudar os rumos da Prefeitura de Curitiba, nas eleições de 2024, e também no Estado, em 2026. “A gente começa a se fortalecer, se juntar, acho que é importantíssimo a discussão das eleições municipais, principalmente de Curitiba”, disse.
PSDB e PT juntos em 2024 e 2026 — “Temos grau de consenso muito grande, vai ter um momento em que nos no 1° ou no 2° turno vamos ter que manter unidade, compromisso, porque é fundamental para mudar o rumo na prefeitura de Curitiba para depois ter condição de também alterar esta questão no Estado”, disse, abertamente, o tucano Michele Caputo. “PSDB pode ter candidato à prefeito, mas deixar claro que não apoiamos a administração do prefeito Rafael Greca e não participamos da administração estadual”, completou, deixando claro que falava em nome do PSDB e não da Federação formada com o Cidadania.
Sobrou até para o governo — Em um momento do discurso, o tucano manifestou contrariedade do PSDB ao pacote de projetos encaminhados no fim do ano passado pelo Palácio Iguaçu para a Assembleia Legislativa.
“Sobre esse pacotão do governo, saibam que a postura do PSDB foi contra. Votamos contra essa privatização da Copel, que nós sabemos quais são os interesses. Votamos contra o perdão de dividas de grandes grupos econômicos. A criação de cargos para recompor e fortalecer um projeto que vai contra nossos interesses”, comentou Michele Caputo.
Lavajatismo — O presidente estadual do PSOL, Laércio Matias, durante o discurso deu pistas sobre um novo motivo que pode ter unido o PSDB com os partidos de esquerda. Abertamente, Laércio Matias disse que as legendas devem manter a unidade contra o lavajatismo e o governador Ratinho Junior.
É sabido que Beto Richa está numa cruzada contra o deputado federal Deltan Dallagnol — ex-procurador do Ministério Público Federal e chefe da Lava Jato –, e o ex-juiz e atual Senador Sergio Moro.
Aproveitando o gancho, Caputo falou sobre a questão da Lava Jato. “Tem uma contaminação muito grande aqui no Paraná, em especial em Curitiba, por conta desta operação da Lava Jato que atingiu o PT e o PSDB. Quem tiver dúvida da posição do PSDB é só lembrar que a esposa dele, Fernanda (Richa), ficou presa quatro dias e ate hoje não foi denunciada, não é ré, não tem nem processo contra ela. É deste jeito que eles agiam. O principal candidato da direita em Curitiba é o Deltan e o Moro ao governo. Estes dois, do jeito deles, são os representantes do Bolsonaro no Paraná”, resumiu o tucano.
O encontro acabou com uma foto dos presidentes e representantes dos partidos PCdoB, PDT, PSB, PSDB, PSOL, PT, PV e Rede.