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Presença de ministros na Câmara expõe fragilidade da base de Lula

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A série de convites aprovados nas mais diferentes comissões da Câmara Federal para ouvir ministros do governo Lula escancara a inexistência de uma base de parlamentares no Congresso Nacional.

Com mais de três meses de governo, Lula ainda não conseguiu formar sua base governista. O resultado disso é o atraso do envio de pautas importantes para o país, como a reforma tributária e o arcabouço fiscal. Outra consequência é a ida de ministros nas comissões — cujos requerimentos acabam sendo aprovados pela falta de votos da base aliada.

Até 4 de maio, pelo menos cinco ministros serão ouvidos na Câmara: Flávio Dino, da Justiça, foi dia 11 de abril, ontem foi Renan Filho, ministro dos Transportes, Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, vai dia 18, dia 26 é a vez de Carlos Lupi, responsável pela pasta da Previdência Social, e Marina Silva, do Meio Ambiente, irá dia 4 de maio.

Toma lá, dá cá — A construção da base aliada exige cuidado com o famoso toma lá, dá cá, com os partidos — motivo de trauma pelos petistas, basta lembrar o escândalo do Mensalão e, mais recentemente, a Lava Jato. Alguns petistas têm feito críticas à condução de Rui Costa na Casa Civil — cuja pasta é responsável pela articulação política com o Congresso Nacional. Quem também tem tentado ajudar nesta articulação é a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann — embora ela não tenha a caneta para ratificar acordos políticos.

Enquanto o governo Lula se bate para formar uma base aliada, os deputados federais vão ocupando espaço. O “Centrão” parece que já ficou para trás, após a criação do “superbloco” — capitaneado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira.

Desde o fim do chamado “orçamento secreto”, cujo poder da distribuição das emendas parlamentares se concentrava em Lira, os caciques se aglutinam para negociar com o Palácio da Alvorada. A equação é simples: quanto mais deputados federais, mais poder de influenciar numa votação, logo, maior será a barganha com o governo.

As forças — A divisão de forças hoje na Câmara está assim: o maior bloco é formado por 173 deputados dos partidos PP, União Brasil, PDT, PSB, Solidariedade, Avante, Patriota e Cidadania-PSDB. O segundo bloco tem 152 parlamentares e é formado por MDB, PSD, Republicanos, Podemos e PSC.

O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, que fará oposição ao governo Lula, é a terceira maior bancada, com 99 deputados, mas até agora não se juntou a nenhuma legenda.

Quarta maior bancada, o PT é liderado pelo deputado federal do Paraná, Zeca Dirceu, e conta com 81 deputados advindos da federação com PCdoB e PV.

A federação PSOL-Rede, é a quinta maior bancada, tem 14 deputados e é liderada na Câmara pelo deputado Guilherme Boulos.

Fracasso — Para se ter uma ideia da fragilidade hoje da base de Lula na Câmara, para aprovar uma PEC (proposta de emenda à Constituição) são necessários 308 votos. Encaminhar um projeto importante para o governo e ele não ser aprovado é uma demonstração clara de fracasso político. Por isso, Lula tem segurado os principais projetos para, primeiro, tentar consolidar sua base no Congresso Nacional.

 

Redação:

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