O Podemos do Paraná por pouco não experimentou, recentemente, uma troca no comando do partido — daquelas que vem de cima para baixo. De Brasília para o Paraná. E a consequência disso poderia ser até a saída do deputado federal Deltan Dallagnol da legenda.
A reunião que iria selar a troca do presidente estadual do partido aconteceu em Brasília no gabinete de Renata Abreu — presidente nacional do Podemos. O Blog Politicamente apurou que estava tudo acertado e o atual presidente do Podemos do Paraná, Gustavo Castro — que é um aliado de primeira hora do ex-senador Alvaro Dias — estava ciente. Inclusive Alvaro Dias tinha dado ok na substituição.
A intenção de Renata Abreu, em mudar a direção do Podemos do Paraná, era fortalecer a legenda com olhos para 2026. A ideia era formar uma chapa forte que pudesse eleger mais deputados federais nas próximas eleições. Até porque é o número de federais é que define o fundo partidário e o tamanho do horário eleitoral do partido — tão valiosos nas eleições.
Em 2022, por exemplo, Deltan foi o campeão de votos no Paraná com mais de 350 mil votos, mas ele acabou indo sozinho para Brasília. Por causa da fragilidade da chapa, nem a enxurrada de votos de Deltan nas urnas foi suficiente para o Podemos conquistar mais cadeiras na Câmara Federal.
O plano de troca da presidência do Podemos Paraná foi descoberto por Deltan que foi cobrar explicações de Renata Abreu. Ela, por sua vez, desfez tudo que estava pré-combinado. Renata Abreu não quer perder Deltan porque vê nele uma oportunidade do partido ganhar e comandar a prefeitura de uma importante capital do país, que é Curitiba.
Com a decisão de voltar atrás, Deltan foi às redes sociais agradecer a confiança de Renata Abreu. “Meu obrigado a nossa presidente, Renata Abreu, por confiar no projeto coletivo, do qual fazemos parte, por um Brasil mais justo, mais próspero e mais fraterno. Vou trabalhar incansavelmente para formar e unir lideranças de todo o Paraná que acreditam em nossas causas e propósitos”, escreveu ele.
Julgamento — Resta saber se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não vai estragar os planos — tanto de Renata Abreu, quando do próprio Deltan Dallagnol. Os ministros da Corte Eleitoral julgam na noite desta terça-feira (16) um recurso da Federação Brasil Esperança no Paraná, formada pelos partidos PT, PCdoB e PV, que questiona a legalidade da candidatura dele em 2022.
O PT alega que Deltan não poderia concorrer à eleição porque quando deixou o Ministério Público Federal (MPF) ele respondia a processos disciplinares que poderiam levá-lo à demissão. E ainda, porque, na época, o Tribunal de Contas da União (TCU) teria condenado Deltan pelo pagamento de diárias aos procuradores na Lava Jato — condenação esta que foi anulada pela Justiça Federal.
De qualquer maneira, fato é que a classe política estará atenta ao julgamento no TSE, até porque o resultadp vai alterar o cenário de composição da eleição da prefeitura de Curitiba em 2024. Caso Deltan sofra um revés hoje em Brasília ele pode perder o mandato e ficar inelegível por 8 anos.