O resultado da pesquisa Quaest surpreendeu muitos analistas, políticos e até candidatos à prefeitura de Curitiba. E provocou reações dentro dos bunkers — umas positivas e outras nem tanto. Não são poucos os dados que chamam a atenção na mais recente sondagem eleitoral pela prefeitura de Curitiba. O levantamento eleitoral foi encomendada pela RPC, afiliada da Rede Globo no Paraná, e divulgada nesta terça-feira (27). E acende luz amarela em muita campanha — assim como nos palácios 29 de Março e Iguaçu.
Olhando para o resultado da estimulada, dois, dos 10 candidatos, têm motivos para soltar foguetes — embora os adereços pirotécnicos sejam utilizados mais perto da reta final da campanha: Roberto Requião e Cristina Graeml. Justamente a dupla que integra o time dos “sem-sem”. Sem tempo de rádio e TV e sem fundo eleitoral para custear uma disputa na capital.
O ex-governador apareceu bem ranqueado: Eduardo Pimentel (PSD) lidera numericamente na Quaest com 19%, mas empatado dentro da margem de erro com Requião que apareceu com 18%, mesmo porcentual de Luciano Ducci (PSB), e Ney Leprevost (União), com 14%, que fecha o empate quádruplo.
Quem puxa o segundo escalão é a jornalista Cristina Graeml — que alcançou 5% das intenções de voto — à frente de Maria Victoria (PP) e Luizão Goulart (SD) que apareceram com 4%, Andrea Caldas (PSOL) com 2% e Samuel de Mattos (PSTU) com 1%. Felipe Bombardelli (PCO) não pontuou. Indecisos somam 6%.
Cristina, assim como Requião, vai apostar as fichas nas redes sociais. Ele vai em busca do voto da esquerda e ela, que debuta numa disputa eleitoral, dialoga com a Direita. Requião vai rivalizar principalmente com o voto de Luciano Ducci — candidato de Lula na corrida eleitoral pelo Palácio 29 de Março. Embora os dois tenham aparecido empatados com os mesmos 18%.
Mas nem tudo são flores para Roberto Requião. Ao analisar o conhecimento, potencial de voto e rejeição de cada um dos candidatos, os dados envolvendo o ex-governador merecem reflexão. O candidato do nanico Mobiliza é o mais conhecido dentre os concorrentes — apenas 7% disseram que não conhecem Requião. Também pudera, ele já foi prefeito de Curitiba na década de 90 e, nos anos 2000, foi duas vezes governador do Estado.
Rejeição de alguns superam a intenção de voto
Outro dado ruim para Requião: rejeição dele bateu em 51%. Ou seja, segundo a pesquisa Quaest, metade dos curitibanos ouvidos no levantamento responderam que não votariam nele de jeito nenhum. 39% disseram que poderia votar no ex-governador.
Aliás, a rejeição dos candidatos tidos como “fortes” surpreendeu. Eduardo tem rejeição de 31%, Ducci 37% e Ney 35%. Ou seja, os porcentuais de rejeição são maiores dos que os de intenção de voto deles. A Quaest também mostrou os concorrentes que são desconhecidos pelos eleitores curitibanos. 90% dizem não conhecer Samuel de Mattos, 89% Bombardelli, 85% Andrea Caldas, 78% Cristina Graeml, 71% Luizão e 52% responderam que não sabem quem é a candidata do PP, Maria Victoria.
Dos quatro líderes, quem é o mais desconhecido é o vice-prefeito Eduardo Pimentel (24%) — seguido de Ney (17%) e Ducci (13%). Bom sinal para Juca Pacheco e João Debiasi trabalharem a imagem do candidato. Outro dado bom para o candidato do Palácio foi a pesquisa espontânea — já que na estimulada o resultado não agradou: 9% para ele, contra 3% de Ducci, 2% de Cristina Graeml e 1% para Requião, Ney, Luizão e Maria Victoria. Os demais não pontuaram.
O voto mais “consolidado”, dos que disseram que conhece e vota, é de Luciano Ducci. 48% dos entrevistados citaram o candidato de Lula. Ney vem em segundo com 45%, Eduardo apareceu com 43%, Requião 39%, Maria Victoria 18% — seguido de Luizão (12%), Cristina (11%), Andrea com 6%, Bombardelli teve 3% e Samuel 2%.
Curitibano não quer Lula nem Bolsonaro
Mas a Quaest acende um baita sinal amarelo no bunker de Ducci: 82% não votariam em candidato apoiado pelo presidente Lula e 69% em apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Talvez isso explique o motivo pelo qual o “Capitão” ainda não apareceu na campanha de Eduardo Pimentel — sequer foi citado pelo candidato dos palácios no primeiro e único debate promovido até agora.
Os dados do levantamento eleitoral também mostram que apenas 16% dos entrevistados votariam em candidato apoiado por Lula, enquanto que 28% disseram que votariam em candidato apoiado por Bolsonaro. Os índices também chamam muito atenção — mais pela rejeição ao ex-presidente que, até então, era considerado um importante cabo eleitoral.
Falando em padrinho político, Eduardo também tem motivos para comemorar: seus dois principais cabos eleitorais, Ratinho Junior e Rafael Greca, apareceram “bem na fita” junto aos curitibanos na pesquisa Quaest. 64% dos entrevistados avaliam o trabalho do governador como positivo — apenas 11 % como negativo. Desempenho muito próximo ao de Greca: 65% positivo e 10% negativo.
Ratinho e Greca são os dois principais trunfos de Eduardo para a campanha eleitoral. Já a gestão de Lula foi considerada positiva por 23% dos curitibanos e 48% negativa — 27% avaliaram como regular. Um acalanto, de certa forma, para Luciano Ducci.
Metodologia: A Quaest ouviu 900 eleitores entre os dias 24 e 26 de agosto. O nível de confiança da pesquisa, registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número PR-06447/2024, tem uma margem de erro de 3% para mais ou para menos e um nível de confiança de 95%.