Pesquisa presidencial é mais um passo na estratégia de Ratinho

O governador Ratinho Junior segue, aos poucos, a estratégia de se colocar como uma opção do campo da Direita para a disputa presidencial em 2026. Com Jair Bolsonaro fora do jogo, barrado pela Justiça Eleitoral, Ratinho nutre o sonho de chegar ao Palácio do Planalto — vontade esta compartilhada por outros governadores, como o de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de Minas Gerais, Romeu Zema, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

O primeiro passo da estratégia foi dado logo no início da segundo mandato. Ao importar o jornalista Cleber Mata, com experiência em gestões tucanas na capital paulista, para comandar a secretaria da Comunicação, Ratinho buscou romper as fronteiras do Paraná. Desde então, concede entrevistas para veículos nacionais e os eventos na região Sudeste ficaram cada vez mais frequentes. A intenção é reverberar no principal centro financeiro do país as conquistas da gestão Ratinho no Paraná.

Agora, foi dado um passo adiante: a divulgação de uma sondagem eleitoral feita pelo Paraná Pesquisa, do diretor Murilo Hidalgo, para a presidência da República — apesar de uma realidade bastante longínqua. Trata-se de uma estratégia clássica de colocar o nome no jogo político nacional sem se importar com o resultado, mas valorizando a divulgação e alcance da pesquisa com objetivo de consolidar o nome Ratinho Junior como presidenciável.

Copo está meio cheio, ou meio vazio? — O resultado da pesquisa permite leituras distintas, como naquela metáfora sobre a forma que as pessoas têm de enxergar a vida: o copo está meio cheio, ou meio vazio?

Na pesquisa espontânea, quando o nome dos candidatos não é apresentado ao eleitor, segue ainda os resquícios da polarização entre Lula e Bolsonaro. O petista aparece com 22,1% e o “Capitão” com 14,3% — mesmo com a inelegibilidade asseverada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Neste recorte, chama a atenção o número de eleitores que disseram que não sabem/ou não opinaram — 51,2%, mais da metade.

Quatro cenários foram propostos na pesquisa: o primeiro, sem Bolsonaro, Lula lidera com 36,6%, seguido de Tarcísio (12,7%), Simone Tebet (7,4%), Sergio Moro (6,7%), Ciro Gomes (6,3%), Zema (5,7%), Ratinho (4,6%), Leite (2,1%), Tereza Cristina (1,9%) e Ronaldo Caiado (1,2%). Neste primeiro recorte, Lula vence na região Sul, com 27% à frente somente do governador do Paraná, que aparece com 16%.

O resultado se inverte quando o cenário tem apenas Lula, Ratinho, Ciro Gomes, Simone Tebet e Eduardo Leite. É o melhor quadro na pesquisa para o governador paranaense. O resultado mostra Lula com 37,7% e Ratinho em segundo lugar com 12,8%, seguidos de Ciro (9,2%), Tebet (8,7%) e Leite (4,1%). Neste cenário, Ratinho vence Lula na região Sul: 28,3% contra 27,6% do presidente petista.

Lula x Ratinho — Nas demais regiões do Brasil, Lula venceria Ratinho com ampla vantagem: Norte + Centro-Oeste (31,3% x 8,6%), no Nordeste, a maior diferença entre o presidente e Ratinho (54,9% x 5,8%) e no Sudeste (32,5% x 13,5%). Nenhuma novidade nestes resultados e, apesar da diferença, o Palácio Iguaçu e os principais estrategistas e analistas hermanos dão de ombros para esses números.

Até as pedras do Centro Cívico e da Casa Rosada sabem que o governador do Paraná, assim como qualquer outro candidato da Direita, terá mais dificuldade no Norte e Nordeste — reduto de Lula. Para tentar amenizar essa diferença, a estratégia deve ser lançar mão do homônimo do governador: o apresentador e comunicador Ratinho. O programa popularesco no SBT de Silvio Santos tem boa penetração na região e, no bunker comandado pelo marqueteiro argentino, uma das ideias é promover carreatas nas principais cidades do Norte e Nordeste.

O sentimento no QG é que dá para chegar em 2026 com chances de disputar a presidência da República. Já existem conversas com o governador Tarcísio para que renove o mandato em São Paulo em 2026 — tudo muito bem articulado por Gilberto Kassab, secretário de São Paulo, que já anunciou que Ratinho é hoje o nome favorito do PSD para a eleição presidencial.

Economia — A questão econômica é ponto crucial e a pesquisa traz o panorama atual. A maioria, 41%, disse que nada mudou desde que Lula assumiu o terceiro mandato. Para 30,% melhorou, mas 27% dos entrevistados responderam que piorou. A aprovação da gestão petista, outro importante indicador, segue parelho: 51,6% aprovam enquanto 43,7% desaprovam. Por aqui, Ratinho divulga aos quatro ventos que o PIB do Paraná fechou com crescimento de 8,9% — acima até das potencias mundiais como da China.

O cenário hoje parece positivo, mas ainda há muita água para passar por debaixo da ponte até 2026. Se a perspectiva piorar para Lula, consequentemente aumentam as chances de Ratinho na eleição de 2026 — o contrário, porém, é verdadeiro. Se o projeto presidencial não for para frente, Ratinho tem ao menos uma cadeira assegurada até 2034 no Senado Federal.

Metodologia — Foram ouvidos 2020 eleitores, em entrevistas pessoais, com pessoas de 16 anos ou mais, em 26 Estados e Distrito Federal e em 162 municípios brasileiros entre os dias 29 de setembro e 03 de outubro de 2023. O grau de confiança de 95,0% para uma margem estimada de erro de 2,2 pontos percentuais para os resultados gerais.

 

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