Um recorte da pesquisa Quaest, contratada e divulgada pela RPC na véspera da eleição, indicava que a esquerda, mesmo não representada na disputa de 2º turno em Curitiba, ia descarregar os votos em Eduardo Pimentel (PSD) — aumentando consideravelmente as chances de vitória, como acabou acontecendo no domingo (27). Tanto Eduardo quanto Cristina Graeml (PMB) entraram no 2º turno cientes de que não podiam casar com a esquerda, para não perder os eleitores da direita, mas era necessário um flerte para receber os muitos votos depositados, principalmente, em Luciano Ducci (PSB) no 1º turno. E Eduardo fez isso, de forma inteligente, estratégica e sutil ao citar na propaganda eleitoral gratuita que o amor precisaria vencer o ódio — mensagem muito semelhante à campanha de Lula em 2022.
Já era esperado o movimento favorável a Eduardo uma vez que Cristina Graeml (PMB) era rotulada como extrema direita — e por alguns até como mais radial que o bolsonarismo, carimbo que ela sempre rejeitou durante a eleição. Diante das opções, muitos diziam que iam para as urnas votar no “menos pior”. A dúvida era só sobre um possível aumento considerável de abstenção encabeçado pela esquerda que poderia deturpar o resultado das pesquisas eleitorais.
A pesquisa Quaest indicava que 76% dos curitibanos que votaram no presidente Lula em 2022 iria digitar 55 nas urnas no domingo (27). Ou seja, sete em cada 10 eleitores de Lula davam preferência por Eduardo Pimentel. Este número cresceu na última semana — já que no levantamento anterior, do mesmo instituto divulgado no dia 19, eram 63%. Na reta final da campanha, o voto da esquerda se consolidou no candidato do PSD — uma das explicações pode ser o desempenho de Cristina Graeml no debate da RPC — na antevéspera do pleito.
Aliás, o instituto de pesquisa também mediu a performace dos dois candidatos no debate: 32% dos curitibanos ouvidos no levantamento consideraram que Eduardo se saiu melhor do que a adversária. Apenas 16% disseram que ela foi melhor que ele e quase a metade, 47%, não souberam apontar o vencedor do debate da RPC, que aliás foi mais assistido do que o do 1º turno. 34% dos entrevistados responderam que viram o último debate da emissora enquanto que no 1º turno foram 26%. O porcentual dos que não assistiram caiu de 74% para 66% neste 2º turno.
Outra evidência desta herança do voto da esquerda por parte de Eduardo está evidenciado no gráfico que indica a opção do eleitor de Luciano Ducci (PSB) no 2º turno. 81% dos que votaram em Ducci no 1º turno declararam voto no candidato do PSD. A Quaest captou ainda um pequeno movimento de eleitores que votaram branco/nulo no 1º turno e que pretendiam votar em Eduardo: de 35% para 41%.
Eduardo abocanhou também eleitores de Jair Bolsonaro, mas numa proporção muito menor. Em uma semana, cresceu 15% esta faixa do eleitorado que votou no “Capitão” em 2022 que despejaria votos no candidato do PSD, enquanto Cristina Graeml pedeu 1% — indo de 56% para 55%.
Aliás, a pesquisa Quaest cristalizou o apoio dos seguidores de Bolsonaro na candidata do PMB. Na véspera do 2º turno, 69% dos curitibanos que se autodeclaravam bolsonaristas disseram que votariam em Cristina, enquanto que só 22% iam com Eduardo Pimentel. Se comparar com a pesquisa do dia 19 de outubro, este arco aumentou: Cristina subiu de 57% para 69% e Eduardo caiu de 33% para 22% entre os bolsonaristas.
Mas nem mesmo toda esta vantagem junto aos seguidores do ex-presidente fez com que Cristina Graeml ameaçasse Eduardo Pimentel nas urnas — já que ele liderou as intenções de voto dos curitibanos que se autodeclaravam lulistas/petista (71%), daqueles que não são lulistas/petistas mas são mais a esquerda (79%) e dos que não tem posicionamento político (53%). A menor diferença de intenção de votos entre Eduardo e Cristina eram dos eleitores que não se consideram bolsonaristas, mas eram mais à direita: Cristina tinha 54% e Eduardo 38%.
Metodologia: A pesquisa Quaest, contratada pela RPC, realizou 1.002 entrevistas com eleitores de 16 anos ou mais entre os dias 25 e 26 de outubro. A margem de erro é de 3% para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número PR-00452/2024.