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PEC Orçamento: Palácio Iguaçu truca e deputados vão pedir 6

Foto: Arnaldo Alves/AEN.

Está marcada para 12h desta terça-feira (23) uma reunião no 2° andar do Palácio Iguaçu entre o governador Ratinho Junior e um grupo de pouco mais de 30 deputados estaduais — das mais diferentes cores partidárias, inclusive do próprio PSD. O assunto será a PEC do Orçamento Impositivo.

Governo e este grupo de parlamentares estão numa queda de braço sobre a proposta que garante cerca de R$ 16 milhões em emendas para cada um dos 54 deputados — inclusive os da oposição.  É o mais recente round nesta batalha que só um lado vencerá.

Assim que acabou a sessão da Assembleia Legislativa desta segunda-feira (22), o grupo de parlamentares pró-PEC se reuniu na sala contígua ao plenário para debater a forte investida promovida desde as primeiras horas do dia pelo Palácio Iguaçu.

Truco — O Blog Politicamente apurou que as 8h da manhã, Ratinho já estava reunido com o secretário da Casa Civil, João Carlos Ortega, do Planejamento, Guto Silva, além dos deputados Ademar Traiano, Alexandre Curi e Hussein Bakri — respectivamente, presidente da Assembleia, 1° secretário e líder do governo.

Durante o café da manhã o recado foi dado e a missão paga: governo não quer saber de PEC do Orçamento Impositivo nem que para isso a base governista na Assembleia encolha — obviamente que não a ponto de comprometer as votações de interesse do Palácio Iguaçu.

Missão dada… O grupo saiu de lá e começou a colocar a estratégia em campo: líderes partidários foram acionados assim como alguns secretários de Estado para convencer os deputados da base governista a retirarem as assinaturas da PEC. Alguns deputados foram chamados para reuniões na sede do Executivo.

Diante da ofensiva, este grupo dos 30 se reuniu depois da sessão. Alguns discursaram — como o deputado Marcel Micheletto (PL) que é amigo pessoal de Ratinho e foi líder do governo na Alep. Uns mais inflamados, sugerindo que o grupo trave a pauta de votação até que seja deliberado o regime de urgência da PEC.

Outros mais tímidos, que só ouviram e refletiram como seriam mais três anos de mandato “a pão e água”. Teve quem se ausentou, numa estratégia de ficar bem, ou pelo menos tentar, com o grupo e com o governo. Assim como teve deputado que sequer assinou a PEC, mas estava lá incitando seus pares.

Seis — Da reunião, ficou decidido que os deputados pró-PEC estavam dispostos a avançar um pouco mais nesta “batalha” contra o Palácio Iguaçu — sabendo dos riscos iminentes. E por volta de 17h avisaram ao governo que queriam uma reunião com Ratinho Junior. O governador, que não estava na sede do Poder Executivo, teria “oferecido” Ortega — seu homem de confiança — o que foi refutado pelo grupo. Aliás, mais uma “exigência”: não querem a presença dos deputados que tomaram café com o governador.

O grupo pró-PEC sabe dos riscos de entrar em rota de colisão com o governo. A estratégia de abandonar a base governista a três anos da eleição em troca de R$ 16 milhões por ano em emendas, e nada mais, não soa razoável.

Mas os parlamentares pretendem ser firmes, mas vão baixar o tom e explicar ao governador que a “treta” não é com o Palácio — muito menos com Ratinho Junior. O que eles buscam, conta uma fonte do grupo dos 30, é uma paridade na distribuição de recursos. “O que não dá é para um deputado chegar num município e anunciar R$ 20 milhões de investimento enquanto a maioria visita as bases eleitorais para ouvir problemas e ir buscar soluções em reuniões intermináveis no governo”, compara um deputado.

A reivindicação até me parece justa, avaliou um palaciano ao Blog Politicamente, mas “chegar com a faca no pescoço do governador exigindo quase R$ 1 bilhão em emenda no ano, me parece equivocado. Isso me parece mais um problema da Assembleia do que do governo. Agora governo nenhum no mundo trata desiguais como iguais. Os 54 deputados não são iguais”.

Fragilidade — A crise causada pela PEC do Orçamento Impositivo expõe uma fragilidade. A articulação política falhou — basta ver o ponto que chegou esta discussão das emendas. Se fosse num jogo de truco, poderíamos dizer que o governo pediu truco e que os deputados vão pedir 6 na reunião desta terça no Palácio Iguaçu. E assim como na jogatina, um vai sair perdedor. Resta saber quem está com o gato —  a maior carta do jogo.

 

Redação:

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