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PC apura participação de Tito Barichello em “operação fake” transmitida ao vivo

Foto: Reprodução Redes Sociais

Uma verdadeira trapalhada que só visava cliques e likes em redes sociais. É assim que algumas fontes da Polícia Civil do Paraná e no Centro Cívico definiram a operação policial fake que teve a participação do delegado licenciado e deputado estadual Tito Barichello (União Brasil) e da esposa, a também delegada licenciada/assessora parlamentar/”jornalista” Tathiana Guzella.

Tathiana está filiada ao União Brasil e deve ser candidata à vereadora de Curitiba na eleição de outubro. Toda a falsa operação, que não tinha conhecimento e nem autorização da Polícia Civil do Paraná, foi transmitida por uma emissora de TV e pelas redes sociais.

A Corregedoria da Polícia Civil, no mesmo dia, já informou que vai investigar o caso. O PT do Paraná estuda a possibilidade de ingressar com uma representação no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa contra Tito Barichello por usurpação da função pública, porte ilegal de arma de fogo, no caso um fuzil, e abuso de autoridade — que pode resultar até na cassação do mandato de deputado estadual.

É bom deixar claro que, apesar de estarem licenciados, Tito e Thatiana podem e, mais, devem agir como delegados em situação de flagrante — o que não é o caso.

Tentativa de homicídio? — A midiática “operação caça clique” consistia na tentativa do casal de delegados licenciados de cumprir um mandado de busca e apreensão, sem autorização da Polícia Civil, contra um empresário suspeito de tentativa de homicídio contra o advogado Igor José Ogar. A ação policial era televisionada com o tarja de exclusividade e transmitida pelas redes sociais do advogado — que tem mais de 680 mil seguidores no Instagram.

A transmissão mostra Tito e Tathiana Guzella chegando numa caminhonete que, embora fosse de propriedade particular do delegado/deputado, estava com giroflex no painel fazendo parecer que o veículo era uma viatura descaracterizada da polícia. O casal desembarca da “viatura” com vestimentas próprias da polícia: colete à provas de balas, insígnia de delegado, fuzil e tudo mais que tinha direito.

Flagrante? — Eles comentam na rede social e num canal de TV que acompanha a batida policial que estavam atrás de um homem que queria matar o advogado Igor José Ogar — que fazia as vezes de “cinegrafista” e transmitia toda a operação fake pelo Instagram. O cumprimento do mandado, depois das 19h, acabou frustrado já que o empresário não estava em casa. Isso afasta de forma cabal a situação flagrancial — que poderia legitimar a ação de Tito Barrichello e Tathiana Guzella.

Horas depois, o caso começa a ser desvendado — embora ainda há muitas perguntas a ser respondidas pelos envolvidos na “operação caça clique”. O primeiro fato que chama a atenção é que de fato havia um mandado de prisão contra o empresário, mas expedido pelo 3° Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Curitiba — portanto, sem nenhuma relação com tentativa de homicídio do advogado.

O primeiro questionamento que surge: como o deputado estadual Tito Barichello e a assessora parlamentar do deputado federal Felipe Francischini souberam da existência de um mandado de prisão contra o empresário? A partir daí, outra pergunta: por qual motivo o casal fala em tentativa de homicídio contra um advogado se o mandado de prisão, obtido pelo Blog Politicamente, é cristalino ao constar a natureza do pedido de prisão preventiva: art. 24-A – descumprimento de medidas protetivas.

Contradição — Agora se sabe que o advogado em questão, Igor José Ogar, defendia os interesses da ex-mulher do empresário — que passa por um processo de separação. Em entrevista ao jornalista Ricardo Vilches, da RIC TV, Igor Ogar diz que não foi ele quem avisou os delegados do mandado de prisão em aberto. Mas Tito Barichello, em entrevista ao mesmo repórter, desmente o advogado: “eu fui procurado por um advogado preocupado porque a vida dele estava em risco. Ele me informou que uma pessoa tinha sido contratada para subtrair a sua vida”. O delegado Xerifão pode ter sido, então, enganado pelo advogado?

Dois dias depois da “operação caça clique”, Tito Barichello e Thatiana Guzella se manifestaram na rede social e mudaram a versão. Ele diz que foi procurado pelo bispo da sua Igreja, seu líder religioso, pedindo ajuda para um membro da Igreja. Cita ainda que o bispo teria dito que o membro da Igreja estava correndo risco da morte. E que por isso, após análise das “provas cabais” apresentadas pelo advogado foram até o local. Não há até este momento qualquer informação de que haja uma investigação em aberto para apurar o suposto “plano macabro” contra a vida do advogado.

“O protetor” — Tito e Thatiana usaram a rede social para dizer que não são covardes, que não vão se furtar de defender a sociedade do Paraná e que não vão prevaricar. “E se for necessário, o Delegado Xerifão vai no local proteger você”, diz o deputado/delegado. Se a moda pegar e todos que precisarem chamarem o “Xerifão” vai faltar tempo para ser deputado estadual — o Banco Nacional de Mandados de Prisão mostra que só em Curitiba são 3.941 mandados de prisão em aberto. Haja trabalho.

Defesa — Numa manifestação enviada à imprensa, o advogado Jeffrey Chiquini, que representa Tito Barichello, disse que não houve uma operação policial e que o cliente foi até o local para averiguar o caso. Cita ainda que “ninguém foi preso, que a busca não foi realizada e que as vestimentas e os equipamentos eram particulares”.

 

 

Redação Redação:

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