No último dia de janela partidária, como está o cenário político no Paraná?

Primeiro de abril de 2022. Na gelada Curitiba de outono, nunca antes na história da democracia foi tão quente o último dia da “janela partidária” no Paraná.

Dia da mentira na política também é marcado como dia das traições políticas.

Nenhum articulador político sobrevive a essa data inadiável do calendário eleitoral sem tomar dipirona, ter frouxos intestinais ou pronunciar impropérios.

Entre fortes e fracos, leais e chifrudos, ficou assim o raio-x dos principais partidos políticos da primeira divisão que partem agora para a pré-campanha no Paraná. Lembrando que ainda estamos vivendo as últimas horas da “janela” e pelo que o Blog Politicamente apurou, no fim da tarde haverá mais novidades.

Mas, por ora, a análise do cenário político paranaense é o que segue.

PODEMOS – Partido com três senadores (Oriovisto Guimarães, Alvaro Dias e Flávio Arns) foi o que mais desidratou. Aliás, sofreu uma operação bariátrica. Perdeu o ex-prefeito de Guarapuava César Silvestri Filho para o PSDB e na última volta do cronômetro, viu o então pré-candidato à presidência Sérgio Moro migrar para o União Brasil. Virou o cavalo paraguaio do ano 2022.

PSD – O governador Ratinho Junior deu um grande golpe de mestre quando estruturou a chapa de deputados estaduais com os bons de voto de todos os partidos. Praticamente liquidou o PSB, PSC e até mesmo o PSDB na Assembleia Legislativa. A chapa federal encabeçava por Beto Preto, Sandro Alex, Leandre Dalpinte e Luiza Canziani vai alavancar a bancada federal do partido. E ainda perdeu (ou se livrou) de Guto Silva que foi para o PP. Comenta-se que até as 23h59, tanto Ratinho quanto o secretário da Casa Civil João Ortega trabalham para assinar mais filiações e se desdobram para evitar saída de membros importantes da legenda.

PP – Dirigido na rede curta e respeitado pelo fio do bigode, o PP de Ricardo Barros (onipresente nas três esferas de poder) estruturou chapa federal forte: além da própria cadeira, Pedro Lupion, Cristiane Yared, Evandro Roman, o velho bom de voto Dilceu Sperafico, Tião Medeiros (rei do Noroeste) e o líder do prefeito de Curitiba Rafael Greca, o vereador Píer Petruziello. Carrega Guto Silva como pré-candidato ao Senado por todos os cantos e terá ainda chapa de estaduais pra manter força na Assembleia Legislativa.

PL – O partido do presidente Jair Bolsonaro no Paraná não explodiu como em outros estados. Fernando Giacobo, o general liberal paranista, não inspirou confiança. Apenas o deputado federal Filipe Barros, fiel escudeiro de Bolsonaro, aderiu à chapa federal. Portanto, se desconhece as nominatas que disputarão a Câmara Federal e a Assembleia. O fato positivo é a filiação do deputado federal Paulo Martins, preferido da família Ratinho, pra disputar o Senado. Mas isso depende da benção do capitão em Brasília e do governador em Curitiba.

PSDB – Partido foi largado à própria sorte (ou desgraça) depois de 2018. Houve renovação com a chegada de César Silvestri e detonação por tropas palacianas das chapas. Poucos nomes de peso acompanharão o ex-governador Beto Richa na disputa por uma das 30 cadeiras em Brasília. Desafeto de Ratinho, o apresentador e ex-deputado estadual Jocelito Canto diz que vai. A nova sensação da política em Londrina, Fernanda Viotto, é o fato novo. De resto, “ninguenzada”. Para a disputa da Assembleia, os atuais deputados Michele Caputo, Mabel Canto e Cristina Silvestre são os nomes conhecidos. O partido não teve tempo (ou não quis) se estruturar em Curitiba, onde já foi oligarquia e hoje não conta nem com suplente de vereador. No Senado, a possibilidade é o ex-presidente da Assembleia Valdir Rossoni. Será? Até agora ninguém nega, mas a federação com o Cidadania é vista como tábua de salvação para Richa e Rubens Bueno.

MDB – Virou puxadinho da Casa Civil do Governo Ratinho. Expurgou o requianismo e sobraram cinco ou seis nomes que já foram ouvidos pelo eleitor. Renato Adur, fiel 200% da família Ratinho vai ficar numa saia justa caso surja à federação nacional pela terceira via. Isso lá em 31 de maio. Até lá, o deputado federal Sérgio Souza tem que correr o trecho se quiser garantir sua cadeira. Para Assembleia, o partido não pode perder ninguém. Senão “Anibelinho” será deputado de sua própria bancada. O ex-governador Orlando Pessuti diz que vai disputar o Senado, mas dentro do MDB existe plano B.

NOVO – Entre entrevistas, headhunters, coaching e vários senões, não apresentaram nada de NOVO.

União Brasil – quieto como um bom mineirinho, o deputado federal Felipe Francischini montou chapa forte de deputados federais e estaduais. Esconde os nomes a sete chaves. Não quer holofotes, quer resultados. A recente chegada de Sérgio Moro ao União Brasil é o penúltimo ato da estruturação partidária no Paraná. Espera-se por Deltan Dallangnol que pode ser o grande fato novo da política estadual de 2022. Mas o ex-chefe da Lava Jato jura que permanecerá no Podemos.

Republicanos – Aliado de primeira hora de Ratinho, o Republicanos vai de chapa pra eleger dois federais (Aroldo Martins e Diego Garcia) e cinco estaduais (Homero Marchese, Alexandre Amaro, Mara Lima, Márcio Pacheco e Delegado Federnando). Qualquer outro resultado será mérito de Valdemar Bernardo Jorge. Que de ilustre desconhecido passou a jogador da política local.

PSB – Quem? PSB no Paraná? Sim aquele do deputado federal Luciano Ducci e do.. do… do… do… É não sobrou mais ninguém. O último que apague a luz.

PT – O ex-governador Roberto Requião e seu time são a aposta de Gleisi Hoffmann e do ex-presidente Lula no Paraná. Tirando mais dos mesmos, a dupla de vereadores curitibanos Renato Freitas e Carol Dartora são as estrelas em ascensão. A discussão gira em torno da candidatura ao Senado.  PT, PCdo B e PV, que atraiu o deputado Aliel Machado ao aprisco, vão de mãos dadas.

PSOL-Rede – Federação promete um discurso mais radical à esquerda. Mas sem chapas com nomes competitivos para chegar no Centro Cívico e em Brasília.

PDT – O deputado federal e ex-prefeito de Curitiba Gustavo Fruet e o deputado estadual Goura Nataraj são os possíveis candidatos com chance a retornar, para Brasília e Assembleia, respectivamente. De resto, nada de novo no front.

Aguardemos as últimas horas da janela partidária. Embora as mudanças esperadas para esta sexta-feira (01) não têm potencial de mudar o cenário político do Paraná. Só se as fontes ouvidas pelo Blog Politicamente estiverem bem enganadas.

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