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Pacientes sem vacinação completa lotam leitos de UTI no Paraná

A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) faz hoje uma justa homenagem ao jornalista Fábio Campana, que morreu em 29 de maio de 2021 por complicações da Covid. Neste bonito ato de reverenciar a memória de uma pessoa ilustre, os deputados estaduais poderiam se sentir inclinados a outras ações que ajudassem no combate à pandemia de coronavírus, que persiste entre nós.

Para quem não lembra, a Alep que presta a homenagem um ano após a morte do ilustre paranaense é a mesma que desdenha da vacina contra a Covid, tão necessária para evitar novas ondas de contaminação e mortes.

A Secretaria de Saúde do Paraná sabe que as UTIs estão lotadas agora de pessoas que não completaram o esquema vacinal contra a Covid. O governo do Paraná sabe que a vacina salva vidas.

Mas nada disso importou quando os deputados estaduais aprovaram a lei contra a exigência do passaporte vacinal ou quando o texto foi sancionado pelo governador Ratinho Junior.

A Sesa sempre adotou a linha do convencimento para sensibilizar as pessoas a tomarem a vacina. Mas ela não foi forte o suficiente para vencer resistências de todo tipo. Agora os hospitais vivem momentos de tensão, sem leitos suficientes para atender pacientes com quadros graves de Covid.

Números — O banco de dados das doenças respiratórias (Síndromes Respiratórias Agudas Graves) do Ministério da Saúde mostra o risco elevado de hospitalização para quem não tomou dose de reforço ou não tem sequer as primeiras doses de vacina contra Covid.

No mais recente levantamento, divulgado pelo Ministério da Saúde em 9 de junho, consta que o Paraná teve 9.274 internamentos em hospitais pela Covid.

Do total de internamentos, 2.693 foram para UTIs. Deste número, a absoluta maioria não tem registrado a dose de reforço da vacina: 2.041 aparecem com o esquema incompleto. Outras 496 fizeram o reforço ainda em 2021.

Esses números precisam ser analisados em conjunto com outros dados epidemiológicos, mas já são indicativos fortes da relevância da vacina: dos 2.693 pacientes com Covid nos leitos de UTI do Paraná em 2022, 2.537, ou 94,2% estavam sem o reforço ou o tomaram ainda em 2021.

O levantamento aponta para 1.381 mortes por Covid no Paraná em 2022, das quais 1.051 sem reforço (76%) e 266 com reforço em 2021 (20%). Ou seja: 96% das mortes estão relacionadas ao esquema vacinal incompleto ou defasado pela passagem do tempo. As mortes atingem principalmente pessoas acima de 50 anos (1.248 mortes do total de 1.381).

Tribunal de Justiça — Alguns deputados acham importante incentivar a vacina, e não concordam com a lei que proibiu a exigência do passaporte vacinal. Ainda no fim de maio, os deputados de oposição na Alep apresentaram uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) para tentar derrubar a lei. O argumento é que a Lei Estadual 21.015/2022, que proíbe o passaporte da vacina, “é incompatível com as normas constitucionais estaduais e com normas federais aplicáveis à organização do serviço público e de proteção à saúde pública”.

A ADI foi proposta pelos parlamentares Arilson Chiorato (PT), Goura (PDT), Luciana Rafagnin (PT), Professor Lemos (PT), Requião Filho (PT) e Tadeu Veneri (PT).

Redação Redação:

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