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A notícia do cancelamento da vinda do ministro dos Transportes Renan Filho a Curitiba para assinar a delegação das rodovias paranaenses para a União pegou o Palácio Iguaçu de surpresa. O adiamento foi confirmado por volta de 20h30 de ontem (2).
O evento, que estava marcado para esta sexta-feira, foi anunciado ontem pelo governo paranaense. E todo mundo se perguntou: o que aconteceu?
O Blog Politicamente foi atrás dos motivos e encontrou numa fonte em Brasília e aqui pelas terras das araucárias algumas das razões. Primeiramente, é preciso voltarmos para a tarde de quarta-feira (1) quando o governador Ratinho Junior se reuniu com Renan Filho em Brasília.
Renan marcou — Lá, conta a fonte, teriam sido ajustados os últimos detalhes para assinar o contrato de delegação dos dois primeiros lotes da nova concessão de rodovias no Paraná. Como Ratinho embarca neste fim de semana para a missão comercial internacional para o Japão e Coreia do Sul, o governador sugeriu que a assinatura acontecesse após o dia 17 — quando ele retorna ao estado.
Foi aí então, que o ministro Renan Filho sugeriu que fosse nesta sexta-feira — o que foi prontamente aceito pela comitiva paranaense. Com o aval do ministério, o governo anunciou o evento convocando uma coletiva de imprensa. Cerca de cinco horas depois, veio a notícia do cancelamento. Mas o que aconteceu entre as 15h30 e 20h30?
Revolta — A notícia da assinatura da delegação das estradas correu o estado e logo chegou no WhatsApp de membros do PT do Paraná — que fazem oposição ao governo Ratinho e discordam do modelo apresentado. Basicamente, o maior ponto de divergência é a questão do aporte financeiro, que terá de ser concedido pela empresa vencedora, vinculado ao desconto ofertado da tarifa do pedágio pelas empresas pedageiras.
Os oposicionistas acreditam que ao vincular aporte com desconto pode inibir a redução da tarifa. Governistas, no entanto, sustentam que o recurso é uma garantia aos paranaenses da realização de obras e de evitar quebra de contrato por incapacidade financeira. A convergência política é na questão da redução do valor da passagem, realização de obras e transparência.
Pegos de surpresa com a marcação da agenda, petistas dispararam ligações para Brasília. Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social, e Rui Costa, chefe da Casa Civil da Presidência da República, foram alguns dos acionados. Não se sabe ao certo, a partir daí, o que aconteceu, mas por volta de 20h30 a agenda do ministro estava cancelada.
Pegou mal — A forma como se deu o cancelamento da agenda não pegou nada bem no ministério dos Transportes. Afinal de contas, o ministro Renan Filho teria sido comunicado que não viria ao Paraná, já que a assinatura da delegação teria sido marcada pelo próprio ministro.
Alguns no ministério falaram em desprestígio e falta de respeito com Renan Filho, e lembraram o processo de fritura que o ministro da Fazenda Fernando Haddad passou no início da semana quando da decisão sobre a reoneração dos combustíveis. Abertamente, através das redes sociais, Gleisi criticou a decisão do “companheiro” — que acabou sendo referendada pelo presidente Lula.
O que talvez petistas locais não saibam é que o modelo apresentado pelo governo paranaense ao ex-ministro Tarcísio Freitas, ainda no governo Bolsonaro, que é tão criticado, foi alterado pelo próprio ministro Renan Filho e pelos técnicos do ministério.
O que Renan Filho apresentaria — O Blog Politicamente apurou os detalhes que Renan Filho apresentaria no evento que estava marcado para hoje. E o modelo que seria apresentado traz uma curva mais suave na proporção aporte e desconto da tarifa. Em linhas gerais, a diferença final da modelagem de Renan para a que estava sendo debatida com o ex-ministro Tarcísio pode chegar a uma economia de R$ 600 milhões. A expectativa para um desfecho positivo era tanto que o edital para o leilão poderia ser lançado ainda no mês de março.
Nova data — Embora a assinatura da delegação das rodovias paranaenses ao Governo Federal representasse só o início da concessão, a questão política falou mais alto e o evento acabou sendo cancelado. Assessores do Palácio Iguaçu e do Ministério dos Transportes agora buscarão uma nova data para que Ratinho e Renan Filho possam enfim dar prosseguimento à delegação das rodovias do Paraná.
Apoio — O G7, grupo composto pelas sete entidades do setor produtivo do Estado do Paraná, encaminhou nesta sexta-feira (2) ao presidente Lula e ao ministro Renan Filho solicitando celeridade nas tratativas que visam as concessões de rodovias e introdução de novos contratos de pedágio no Estado do Paraná.
O G7 é composto pelas seguintes entidades: Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap); Fecomércio, Faep, Fiep, ACP, Fetranspar e Fecoopar.