A eleição para a Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) está agitando os bastidores do Ministério Público do Paraná com previsão de rusgas, traições e cuspes de marimbondo ao final da disputa. Está marcada para 14 de março a eleição para o cargo de chefe do MP — hoje ocupado por Gilberto Giacoia.
Sete candidatos estão na disputa, mas nem todos devem chegar a 14 de março como tal. Por se tratar de uma eleição de três nomes, para posterior decisão do governador Ratinho Junior, é normal esta profusão de candidatos. Algumas candidaturas são postas, de um mesmo grupo político, justamente para enfraquecer os oposicionistas e evitar que cheguem na lista tríplice. Alguns nomes já são conhecidos do grande público, outros nem tanto.
Os candidatos são: Moacir Gonçalves Nogueira Neto, Leonir Batisti, que é o chefe do Gaeco, Ivonei Sfoggia, que da lista é o único que já foi procurador-geral, Aysha Sella Claro de Oliveira, única mulher a concorrer, Francisco Zanicotti, Mauro Sérgio Rocha, que hoje é o subprocurador-geral, o 02 do MP, e Fuad Chafic Abi Faraj.
Cenário nebuloso — O Blog Politicamente ouviu diversas fontes do MP sobre a eleição e a conclusão é que, diferente de outros anos, o cenário ainda está nebuloso — principalmente na divisão entre candidatos da situação e da oposição. Mas a previsão é de desanuviar.
Um ponto tem que ser destacado para entender os bastidores desta disputa — a força do atual PGJ, Gilberto Giacoia, na missão de fazer seu sucessor. Desde 1980 no MP, fala mansa e sempre muito educado, Giacoia transita muito bem entre seus “comandados”. Basta ver que ele está na quinta gestão como chefe da instituição. Não é pouca coisa. Sem falar nas vezes que o apoio dele foi determinante para decidir uma eleição.
Mas episódios recentes, principalmente envolvendo investigações sensíveis com viés politico, cujos alvos circundam a nova e bonita sede do MP, podem ter arranhado, de alguma forma, tamanho prestígio. Há rumores de insatisfações tanto da base da instituição quanto de aliados indicados para cargos estratégicos na atual gestão.
Ao mesmo tempo, até as colunas de mármore do Palácio Iguaçu, sabem que a opinião de Giacoia será levada em consideração no momento de indicar o novo chefe do MP Estadual.
Vínculos e relações — Talvez por isso e pelo longo histórico funcional de Giacoia, dos sete postulantes ao cargo, seis tem ou já tiveram ligações, em algum momento, com o atual PGJ. No entanto, hoje pairam dúvidas sobre qual candidatura é a abençoada pelo procurador-geral. Mas, como já dito, o jogo político vai começar a se abrir já na próxima semana.
Ivonei, Aysha e Leonir Batisti fazem campanha juntos, em chapa. Em princípio, são oposição. Mas ao voltar no tempo não tão longíquo, vemos um apoio mútuo entre Inovei e Giacoia. Em 2016, foi assim. Ivonei teve o apoio de Giacoia para chefiar o MP. Quatro anos depois, Giacoia recebeu o apoio de Ivonei. Mas a relação ficou estremecida em 2022, quando Giacoia foi reeleito, porque o candidato de Ivonei era Zanicotti.
A predileção de Inovei em 2022 por Francisco Zanicotti tinha explicação. Zanicotti foi chefe de gabinete na gestão de Ivonei, mas sempre foi ligado ao grupo de Giacoia. Internamente, a candidatura de Zanicotti é vista com viés mais “sindicalista”, tendo como pautas principais questões remuneratórias e de condições de trabalho dos colegas — o que é visto, por alguns, como bastante positivo.
Mauro Rocha, atual 02 do MP, historicamente, não era vinculado ao grupo de Giacoia. Pelo contrário. Esteve na eleição de 2012 na trincheira contrária. Mas acabou cooptado pela atual gestão exercendo o importante cargo de subprocurador-geral para Assuntos Jurídicos (Subjur) — cuja uma das atribuições, é, nada menos, que investigar fatos criminais imputados às autoridades com foro por prerrogativa de função. Dentro do MP é considerado por muitos colegas como um procurador de “mente brilhante”.
Moacir Gonçalves Nogueira Neto, historicamente, sempre esteve no mesmo grupo do Giacoia, embora nunca numa mesma linha de frente ideológica. A candidatura dele é considerada por alguns como a “mais equilibrada”. Não esqueçamos de Fuad Chafic Abi Faraj, com histórico de participação em eleições, mas é considerado “lobo solitário” com chances remotíssimas de virar PGJ.
Resumo da ópera — todos têm ligação com o atual chefe do MP, mas só três nomes chegarão à mesa do gabinete do governador Ratinho Junior. A votação é secreta e será realizada pela internet, das 9 da manhã ate as cinco da tarde, do dia 14 de março. Cada membro do MP poderá votar em até três nomes.
A eleição é acompanhada de perto por todo o Centro Cívico, até porque dentre as competências do Procurador Geral de Justiça, do chefe do Ministério Publico, está propor ações que envolvem, por exemplo, juízes, promotores de Justiça, deputados, prefeitos e até governador. Então é um cargo de máxima relevância e embora não tenha status, é sim considerado um chefe de poder.