Não chame o deputado estadual Ney Leprevost e o senador Sergio Moro, ambos do União Brasil, para uma mesma reunião política. O clima esquentou entre os dois após uma entrevista de Ney à jornalista Catarina Scortecci, da Folha de S. Paulo, na qual o parlamentar colocou na conta do ex-juiz Lava Jato o desempenho na disputa pelo Palácio 29 de Março.
Ney, que acabou em quarto lugar, com pouco mais de 60 mil votos, afirmou que o senador “atrapalhou bastante” a campanha a prefeito de Curitiba e que Moro “é ruim de lidar, de difícil trato, vaidoso”. Disse ainda que o senador “é visto em Curitiba como o carrasco do Lula e o traidor do Bolsonaro” e que se o senador for candidato a governador, ele irá sair do União Brasil.
Ney, que acabou em quarto lugar, com pouco mais de 60 mil votos, afirmou que o senador “atrapalhou bastante” a campanha a prefeito de Curitiba e que Moro “é ruim de lidar, de difícil trato, vaidoso”. Disse ainda que o senador “é visto em Curitiba como o carrasco do Lula e o traidor do Bolsonaro” e que se o senador for candidato a governador, ele irá sair do União Brasil.
“Acho que eu comecei a perder a campanha quando cometi o erro de aceitar o pedido do União Brasil nacional de colocar a mulher do Moro de minha vice. Eu gosto da Rosângela, ela é boa gente, uma querida. Mas o Moro atrapalhou. Ele começou a achar que o candidato era ele. E ele agregou muita rejeição à campanha. Porque ele é visto em Curitiba como o carrasco do Lula e o traidor do Bolsonaro. Não sou inimigo do Moro, não quero o mal dele, mas também não quero papo com ele”.
Moro reage a Ney: “Político velho”
Horas depois, Moro reagiu, por meio de uma reportagem no jornal O Globo. O senador classificou Ney como um “político velho” e disse que ele não soube se “conectar com o eleitorado” da cidade. Com relação a 2026, afirmou que é uma decisão que vai ser tomada mais adiante.
“Embora ele (Ney) seja uma pessoa relativamente nova, se apresentou como um político velho, sem posições definidas de maneira clara. Ao invés de assumir uma posição clara de direita, ou se fosse o caso até de esquerda, ele ficou com posições políticas indefinidas. Ele agora está buscando uma desculpa para a derrota, mas mostra apenas que ficou pequeno politicamente e também pensa pequeno como pessoa. Eu praticamente não apareci na propaganda eleitoral dele. A gente estava disposto a ajudar na campanha, mas ele optou por correr sozinho”.
Numa rede social, o ex-juiz da Lava Jato foi além: “Ney Leprevost não conseguiu nem eleger o irmão vereador e quer, com mentiras na Folha de São Paulo, transferir a responsabilidade pelo fracasso de sua candidatura a prefeito a terceiros. A verdade é uma só: convidou e insistiu para que Rosangela fosse sua vice. Após um pedido da direção nacional do partido, entramos para ajudar, o que estancou a queda do candidato nas pesquisas”.
“O problema é que a população não aguenta mais a velha política de candidatos que se apresentam sem posições claras. Ney aventurou-se na busca por eleitores de todos os lados e junto com seu irmão recebeu nas urnas o que merecia. Repudio os ataques pessoais que fez contra mim, mas o recado a ele já foi dado pelo povo de Curitiba, povo este que agradeço pelo carinho e apoio que sempre me deu, seja no contato pessoal ou nas urnas, com os quase dois milhões de votos para o Senado”, completou.
Este clima de animosidade já era sentido na reta final do 1º turno, embora tenha sido categoricamente negado por ambos — numa estratégia para não degringolar à candidatura. Agora Ney confirma que nos últimos duas de campanha ele e Moro já nem se falavam mais. O clima, que já não era bom, azedou de vez após a abertura das urnas. Ninguém arrisca um desfecho para a crise aberta dentro do União Brasil do Paraná. Uma fonte do Blog Politicamente, que estava dentro da campanha de Ney Leprevost, conta que as pesquisas qualitativas feitas junto aos eleitores respaldam as críticas do deputado — já que a reação dos curitibanos era ruim e bastante desfavorável quando Sergio Moro aparecia no programa eleitoral do candidato do União Brasil.
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Na disputa entre Ney e Moro, quem observa quieta é Rosangela Moro que disputou a vice em Curitiba, por ideia do presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda. Desde o desgaste entre o esposo e Ney, ela começou a direcionar as redes sociais para o projeto de 2026 — quando ela tentará renovar o mandato na Câmara Federal, mas agora pelo Paraná. Ela foi eleita deputada federal em 2020 pelo estado de São Paulo e no ano passado transferiu o seu domicílio eleitoral para a capital paranaense. No bate e assopra, Ney afirmou na entrevista que Rosangela “é boa gente, uma querida”.
Ney anuncia neutralidade no 2º turno
Por meio de nota divulgada nesta terça-feira (15) Ney Leprevost anunciou que se manterá neutro em relação ao 2º turno das eleições em Curitiba. O deputado disse que os mais de 60 mil eleitores que votaram nele têm o discernimento para fazer a escolha entre Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB). Ainda na nota, Ney, que é presidente da executiva de Curitiba do partido União Brasil, afirma que liberou os filiados da capital para se posicionarem no segundo turno “de acordo com suas convicções e pensando sempre no bem da cidade”.
O diretório estadual do União Brasil, no entanto, ainda não se manifestou sobre o rumo que vai tomar na disputa do 2º turno em Curitiba.