Como já era esperado nos bastidores da politica paranaense, o ex-juiz federal Sergio Moro (União Brasil) vai disputar o Senado Federal. O anúncio foi feito no fim da manhã desta terça-feira (12) em entrevista à imprensa num hotel em Curitiba.
O primeiro plano de Sergio Moro ao deixar para trás 23 anos de magistratura era chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF) com uma breve parada no Ministério da Justiça. O caminho parecia natural, já que seriam abertas duas vagas na Suprema Corte. Tudo desandou. Moro e o presidente Jair Bolsonaro (PL) se desentenderam e o ex-juiz federal deixou o ministério.
Passou então a prestar serviço de consultoria para a Alvarez & Marsal, serviço que despertou a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU) que apurou um suposto conflito de interesses do ex-juiz. A empresa, na época, alegou que Moro não atuou em processos ligados à Lava Jato. Começava, após isso, a carreira política de Sergio Moro.
Carreira política — Apesar de curta, a vida política de Moro é conturbada. Ele se filiou ao Podemos, atendendo ao convite do senador paranaense Alvaro Dias, com o ideal de ser candidato à presidência da República. Isolado, acabou perdendo espaço nas conversas de construção de uma candidatura da 3 via. Logo depois, foi seduzido pelo União Brasil — dono de um gordo fundo partidário e um bom tempo de rádio e TV — pelo canto da sereia de que teria maior viabilidade de disputar o Palácio do Planalto pelo partido. Mas acabou assistindo Luciano Bivar, presidente nacional do União, a lançar a pré-candidatura ao Palácio da Alvorada.
O União Brasil acabou saindo das articulações da 3 via, ideia que morreu na casca. Começava o projeto de disputar o Senado Federal pelo estado de São Paulo. Mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) paulista mudou parte dos planos. Ao negar o domicílio eleitoral, Moro se viu obrigado à voltar para o seu estado natal — estava mantido o sonho de concorrer ao Senado.
Balão de ensaio — Mas uma pesquisa interna, encomendada pela executiva nacional do União e entregue em mãos pelo presidente Luciano Bivar, fez Moro adiar o anúncio da pré-candidatura ao Senado. Os números sugeriam a possibilidade de disputar o Palácio Iguaçu contra o atual governador Ratinho Junior (PSD), que em todas as pesquisas feitas e divulgadas aparece soberano na liderança com chances reais de liquidar a fatura no primeiro turno.
Após algumas semanas de muitos encontros políticos e entrevistas à imprensa, Moro considerou mais viável disputar a vaga ao Senado — embora afirme que está a disposição do União Brasil. Concorrer a uma vaga na Câmara Federal foi descartada, para não ter de disputar o mesmo terreno que o amigo Deltan Dallagnol — ex-chefe da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF). Moro também descartou o cargo de vice.
Confirmada à pré-candidatura ao Senado, Moro agora intensifica as conversas com diferentes partidos políticos. Conforme o Blog Politicamente já mostrou, o ex-juiz federal já conversou com o Republicanos, de Valdemar Jorge, e ontem com o tucano Cesar Silvestri Filho, pré-candidato ao governo do Paraná. E para as próximas semanas estão agendadas novas reuniões — desta vez com partidos com menos representatividade.
Chapas — A dúvida será se Moro terá abrigo em alguma chapa — o que parece cada vez mais inviável. Vamos as opções. Nem vamos perder tempo em falar numa aliança com o pré-candidato ao governo Roberto Requião (PT). Esta possibilidade não existe. Na chapa de Ratinho o caminho parece estar fechado. O Blog Politicamente revelou detalhes de uma estratégia para colocar Alvaro Dias na chapa do governador — com o aval do Capitão Bolsonaro.
Tirando os dois, por ora, principais players da disputa, restaria o PSDB. A conversa ontem com Silvestri foi boa, proveitosa, e classificada como “preliminar” por ambos. O empecilho seria o ex-governador Beto Richa, um dos muitos alvos das decisões de Moro na Lava Jato. O Blog conversou ontem com um tucano de bico graúdo que disse que Richa foi pego de surpresa com a notícia do encontro de Silvestri com o ex-juiz e que iria avaliar. Nos bastidores, uma aliança é pouco provável.
Resta então a Sergio Moro lançar a candidatura avulsa podendo receber apoio de outras legendas. Isso explica as constantes reuniões do ex-juiz federal com os partidos.