Receba todas as notícias em tempo real no nosso grupo do whatsapp.
Basta clicar no link abaixo
Por Carol Nery e Karlos Kohlbach
A campanha da candidata Cristina Graeml (PMB) teve como maior investidor — até aqui — o empresário Otavio Oscar Fakhoury. Ele doou R$ 50 mil, dinheiro que pingou na conta da campanha do PMB no dia 30 de setembro e representa 10% do total arrecadado até agora. Até às 18h30 desta quinta-feira (10), a campanha de Cristina somava um total de R$ 479.408,31.
Fakhoury é um dos 80 investigados na CPI da Covid (2020). Ele foi indiciado por supostamente financiar a divulgação de fake news sobre a pandemia. Além disso, ele foi citado na apuração sobre um suposto pedido de propina ao Ministério da Saúde pela compra de vacinas, investigada pelos senadores na Comissão Parlamentar.
Até então, Fakhoury era vice-presidente do Instituto Força Brasil e teria sido intermediário da compra de imunizantes entre o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e a empresa Davati Medical Supply.
Conhecido pela proximidade com aliados de Bolsonaro, Fakhoury chegou a ser tesoureiro do antigo PSL — atual União Brasil — em São Paulo. Na época, o diretório paulista tinha o comando do deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Cristina Graeml foi procurada pelo Blog Politicamente, contudo, ela não quis comentar a questão. Em entrevista ao jornal O Globo, no entanto, Cristina declarou que Fakhoury é um apoiador de sua candidatura e com quem já tinha conversas desde o início da pré-campanha. “Ele foi apoiador de outras campanhas de direita pelo país em outros momentos, e obviamente que eu sabia que eu ia precisar de ajuda. O empresariado local aqui em Curitiba estava muito atrelado ao atual grupo político que comanda a prefeitura e o estado do Paraná”, disse a candidata ao veículo carioca.
O Blog também procurou por Fakhoury. Ele, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, afirmou a este veículo que as propostas dos candidatos contemplados “estão alinhadas ao conservadorismo” e que o empresário “acredita na importância do processo democrático e na liberdade de expressão”.
Afirmou ainda que Fakhoury “jamais sofreu ação penal contra si derivada de qualquer investigação em inquéritos – incluindo a CPI da Covid -, sendo que o inquérito dos atos antidemocráticos foi arquivado sem indiciamento”.
Confira a nota do empresário na íntegra:
“Otávio Fakhoury jamais sofreu ação penal contra si derivada de qualquer investigação em inquéritos – incluindo a CPI da Covid -, sendo que o inquérito dos atos antidemocráticos foi arquivado sem indiciamento. O empresário reitera seu compromisso com a verdade e a legalidade, repudiando quaisquer tentativas de associá-lo indevidamente a práticas criminosas.
Ele realizou doação para a campanha da candidata Cristina Graeml à prefeitura de Curitiba e a Pablo Marçal, em São Paulo, entre outros, cujas propostas estão alinhadas ao conservadorismo.
Fakhoury acredita na importância do processo democrático e na liberdade de expressão, valores que sempre nortearam sua atuação pública e privada”.
O empresário fez mais quatro doações a candidatos nestas eleições — que totalizaram R$ 450 mil –, porém Cristina foi a única a ter o incentivo fora de São Paulo. Os outros quatro contemplados concorreram na capital paulista. Grande parte do montante doado por Fakhoury foi destinado para a campanha do vereador eleito Rubinho Nunes (União Brasil) — ele recebeu R$ 200 mil.
A segunda maior quantia foi a doação de R$ 100 mil para a campanha do candidato a prefeito Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado nas urnas de São Paulo no domingo. O ex-coach, aliás, é apoiador declarado na campanha de Cristina Graeml, bem como o maior ator político destas eleições municipais brasileiras.
Também receberam doação de Fakhoury dois candidatos do União Brasil a vereador em São Paulo: Adrilles Jorge (eleito) e Paulo Kogos (não eleito) — R$ 50 mil para cada um.
Há alguns dias, às vésperas da votação em primeiro turno, Cristina pediu contribuições aos seguidores de suas redes sociais, para conseguir, segundo a candidata, bancar multas da Justiça Eleitoral, por conta de ações de adversários contra ela.
“Estamos em guerra para fazer a verdade sobre Curitiba chegar até você. Eduardo [Pimentel] vem me processando constantemente por expor o que ele não quer que você saiba. Além de processos, estou sendo multada por falar a verdade. Não vou me calar. Só que ninguém vai sozinho pra guerra, preciso de doações”, declarou Cristina em um vídeo.
Na semana passada, Fakhoury e Cristina compartilharam em suas redes sociais um vídeo de apoio do empresário a ela nas eleições de Curitiba. Antes de pedir voto para Cristina, o empresário afirma que, “por conta das eleições, há muitos candidatos querendo votos dos liberais conservadores da direita e, às vezes, se aliam colocando conservador de vice”, em clara cutucada a Eduardo Pimentel, que tem Paulo Martins — filiado ao Partido Liberal, do ex-presidente Jair Bolsonaro — como vice.
“Conservador de verdade, aí em Curitiba, só conheço uma: Cristina Graeml, número 35. Tem o candidato do PSD, que, inclusive, alguns estão dizendo que é da direita, mas não tem como ser da direita. O Pimentel é Greca e Greca é Lula”, declarou Fakhoury.
Entre os quatro candidatos melhor posicionados no primeiro turno em Curitiba, a maior doação de pessoa física foi para a campanha de Eduardo Pimentel (PSD), no valor de R$ 230 mil, enviados pelo avô paterno Rubens Slaviero. No total, até 18h30 desta quinta, a campanha de Eduardo soma R$ 12.426.884,19 em doações.
A segunda maior doação foi para Ney Leprevost (União), na quantia de R$ 150 mil, feita pelo empresário Fabrício Maggi Schmidt — ele é ligado à família do ex-ministro da Agricultura e Pecuária Blairo Maggi (PP), do governo Michel Temer, que também foi governador de Mato Grosso (2003-2010) e senador pelo mesmo estado (2011-2016). “Rei da soja”, Maggi é considerado o maior produtor individual de soja do mundo e membro de uma das famílias mais ricas do país.
Em terceiro lugar, o maior doador para a campanha de Luciano Ducci (PSB) foi ele mesmo: R$ 50 mil. Depois do ex-prefeito, o maior doador foi André Silva de Oliveira, que doou R$ 5.716,34, por meio de adesão temporária ao trabalho voluntário, em função administrativa – cumprido desde 19 de agosto e que terminará em 6 de outubro de 2024.