A ex-Procuradora Geral do Estado (PGE), Letícia Ferreira da Silva, não perdeu tempo. Há 10 dias fora da função estratégica no Governo do Estado, ela já trabalha nos bastidores para chegar ao Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) como desembargadora.
Letícia Ferreira já está inscrita no processo seletivo da OAB do Paraná para o preenchimento da vaga no TJ que foi aberta pela aposentadoria da agora ex-desembargadora Vilma Régia Ramos de Rezende. Como a vaga é destinada a OAB, só advogados podem disputar a cadeira.
A eleição dentro da OAB para formar a lista sêxtupla, marcada para 24 de outubro, é só o primeiro passo que vai culminar com a escolha do governador Ratinho Junior. Após o crivo da Ordem, os nomes dos seis advogados e advogadas vão para o TJ, onde os 130 desembargadores escolhem apenas três. A lista tríplice então é encaminhada ao governador para a livre escolha.
Dificuldade — O que se comenta nos bastidores, segundo fontes ouvidas pelo Blog Politicamente, é que a principal dificuldade da Letícia será justamente na primeira etapa: entrar na lista da OAB. Isso porque existe o risco dela ser rotulada como “candidata chapa branca”, a “candidata do governo”. No TJ, a situação seria mais fácil e, obviamente, que se o nome de Letícia estiver na lista tríplice ela será a escolhida por Ratinho como desembargadora do tribunal paranaense.
Ainda de acordo com algumas fontes com bom trânsito nas sedes dos três poderes, não será surpresa para ninguém se emissários do Palácio Iguaçu trabalharem pelo nome de Letícia Ferreira junto aos conselheiros votantes da OAB.
Candidatos de novo — Além da ex-procuradora, outros 14 candidatos se habilitaram para disputar a vaga de desembargador do TJ — entre eles Luciana Carneiro de Lara, Helena de Toledo Coelho e o Alexandre Correa Nasser de Melo. Os três estão na lista tríplice que, por ora, repousa na gaveta da mesa de trabalho de Ratinho. Ou seja, o trio está na disputa tanto pela vaga da ex-desembargadora Regina Portes, quanto da cadeira de Vilma Rezende.
Alguns na Praça do Centro Cívico acreditam que esta movimentação em torno do nome de Letícia Ferreira pode favorecer Alexandre Nasser — embora não haja qualquer garantia que ela chegue na futura lista tríplice. O raciocínio é o seguinte: no início de 2023, Ratinho nomeou a advogada Ana Claudia Finger como desembargadora — atendendo ao anseio de um movimento de magistradas que luta pela equidade de gênero, em consonância com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Nasser pode ser favorecido — Na vaga da Regina Portes, entraria agora Alexandre Nasser — que tem como “padrinho” ninguém menos que o presidente do TJ, desembargador Luiz Fernando Tomasi Keppen, e conta com a simpatia de deputados estaduais com ótimo trânsito nos poderes Executivo e Judiciário. De uma só vez, Ratinho “atenderia” Keppen e buscaria o compromisso dele para fazer Letícia desembargadora do TJ.
A equação parece perfeita: contemplaria o presidente do TJ, deputados e nomearia duas mulheres nas três vagas abertas para o TJ. Resta só agora combinar os votos com os conselheiros da OAB para que Letícia Ferreira, que deixou a PGE há 10 dias, possa virar desembargadora. Ao que parece, ela precisa estar só entre os seis nomes da Ordem dos Advogados. O caminho restante já pode estar todo bem asfaltado.