O julgamento do senador Sergio Moro na Justiça Eleitoral, que era tratado em Brasília com urgência, passou a deixar de ser prioridade. Esta pelo menos é a impressão e o comentário ouvido nas rodas políticas na capital federal.
É notório a pisada no freio do cronograma desenhado por muito cacique político no início de 2024. Já tem gente dizendo que uma eventual convocatória de eleição suplementar só aconteceria depois das eleições municipais de outubro. Até porque, o cenário político estaria mais claro no Paraná com o novo rearranjo de forças provocado pelo pleito nos municípios.
Em abril, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE) inicia o julgamento da ação movida pelo PL e o PT contra o ex-juiz da Lava Jato que apura abuso de poder econômico, caixa dois e utilização indevida dos meios de comunicação social na pré-campanha de 2022. Moro nega as acusações.
Futurologia — Aí começa o exercício de futurologia — feito e refeito pela classe política. Se o julgamento da ação levar as três sessões que estão previstas, 1°, 3 e 8 de abril, acredita-se que um eventual recurso — seja da defesa de Moro ou da Procuradoria Regional — só chegaria ao TSE em meados de junho.
Por causa do recesso de julho, o processo de Moro só entraria em pauta no finzinho do mês de junho ou só em agosto — dois meses antes do pleito eleitoral. Isso tudo considerando ainda um fator crucial, a mudança no comando do TSE: sai Alexandre de Moraes e entra Carmem Lúcia. Entendidos do riscado comentam que o cronograma ficaria bastante apertado para realizar duas eleições simultâneas em outubro.
Lula fala em má-ideia? — Nesta segunda-feira (11), repercutiu a notícia de que o próprio presidente Lula já considera uma má-ideia cassar o mandato de Sergio Moro — informação captada em algumas restritas rodas de conversa mantidas pelo petista. Isso porque, abriria brecha, por exemplo, para a candidatura de Michele Bolsonaro para o Senado no Paraná. Estratégia já desenhada pelo Capitão Bolsonaro e pronta para colocar em prática assim que for dado o sinal verde.
Melhor ele do que ela — A avaliação do Palácio do Planalto é que Moro perdeu a força política que o elegeu em 2022, embora reconheça a força do lavajatismo, mas muito concentrado no Paraná e em outros poucos estados. Neste ponto, seria melhor deixar Moro no Senado do que eleger Michele Bolsonaro.
Além do que, a atuação política de Moro é diferente dos bolsoaristas radicais sem grande conexão com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Além do que, a cassação provocaria uma jurisprudência ruim para o próprio PT e aliados de primeira hora. Por via das dúvidas, Brasília deixou o assunto Moro em compasso de espera. Isso não quer dizer que, a qualquer momento, o caso pode retomar a celeridade vista no início de 2024.
Moro segue em “retiro espiritual” confiando na sua defesa técnica, mas, por via das dúvidas, já deu marcha no plano A caso sofra um revés no TSE. A esposa, Rosangela Moro, transferiu o domicílio eleitoral de São Paulo para o Paraná. Apesar da confiança, ela está pronta para percorrer o Paraná com o marido e aposta no prestígio do ex-juiz da Lava Jato.