Investigação do Gaeco de Ponta Grossa pode chegar em Curitiba

Uma investigação do Gaeco de Ponta Grossa pode chegar no centro político de Curitiba no primeiro semestre de 2024. Nesta semana, 10 pessoas foram denunciadas no âmbito da Operação Pactum, que apura a existência de organização criminosa composta por agentes políticos, servidores públicos e empresários, voltada à prática dos crimes de fraude a licitações, tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

A denúncia marca o término de uma primeira fase da investigação que ficou restrita ao círculo de influência do vereador Celso Cieslak, que foi afastado das funções na Câmara Municipal de Ponta Grossa por determinação judicial. A suspeita é que esta quadrilha tenha atuado em Ponta Grossa, Lapa, Pinhais, São José dos Pinhais, Quitandinha, Paranaguá e Palmeira. Uma das empresas envolvidas é a Tributo Justo – cuja razão social é Maw Consultoria Empresarial e Tributária Ltda e/ou WHP Consultoria.

Agora o Gaeco deve ampliar a investigação e o caso pode chegar na capital. Na verdade, já esbarrou por aqui. Durante a apuração do caso, os promotores se depararam com gravações em que os investigados citaram por mais de uma vez o secretário Marcelo Rangel, que comanda a pasta da Inovação, Modernização e Transformação Digital do governo estadual. Diante do achado, a investigação foi imediatamente interrompida e remetida para o Tribunal de Justiça do Paraná — a quem cabe investigar e julgar secretário de Estado.

Tribunal de Justiça — No dia 28 de setembro, o desembargador Miguel Kfouri Neto despachou devolvendo os autos para a 3a Vara Criminal de Ponta Grossa, por entender que não havia indício de envolvimento de Marcelo Rangel no caso — mesma conclusão a que chegou a Subprocuradoria-Geral de Justiça Para Assuntos Jurídicos, vinculada à Procuradoria Geral de Justiça do MP. “O panorama fático atual torna inviável o deslocamento de competência, haja vista a precariedade indiciária e a inexistência de elementos concretos que evolvam o citado Secretário de Estado, cujo nome, quando mencionado pelos investigados, é sempre no âmbito de ilações, opiniões e conjecturas”, destaca o desembargador na decisão obtida com exclusividade pelo Blog Politicamente.

Quem mencionou o nome do secretário em algumas das conversas interceptadas pelo Gaeco, com autorização judicial, foi Lauro Rodrigues da Costa Neto — atual diretor de Operações da secretaria comandada por Marcelo Rangel. O Blog Politicamente apurou que o Gaeco chegou a pedir um mandado de busca e apreensão na casa de Lauro, mas foi indeferido pela justiça de Ponta Grossa. “Ao que se observa das conversas captadas, se deram todas com a pessoa de Lauro Rodrigues da Costa Neto, não havendo, por ora, substrato probatório a sustentar a hipótese de que o Secretário de Estado aquiesceu ou participou dos fatos criminosos”, asseverou Kfouri Neto no despacho.

“O fato de Lauro ser assessor de Marcelo Rangel, por si só, não é suficiente para apontar eventual responsabilidade penal da autoridade estadual e subsidiar a instauração de investigação criminal em seu desfavor”, completou o desembargador.

O envolvimento de Lauro Rodrigues da Costa Neto é apenas uma das vertentes que o Gaeco deve se aprofundar agora nesta 2° fase da investigação. Mas não só isso. Há outras “pontas soltas” nesta apuração e algumas delas podem chegar em Curitiba.

O começo — A ponta deste iceberg é o vereador Geraldo Stocco Filho que relatou ao Gaeco ter recebido suposto oferecimento de vantagens quando era relator da CPI que tramitava na Câmara Municipal de Ponta Grossa e apurava irregularidades no Sistema Público de Saúde (CPI da Saúde). A vantagem teria sido oferecida pelo vereador Celso Cieslak, que na época presidia a comissão, para direcionar o relatório final dos trabalhos da CPI para que não fosse aberta uma comissão processante contra a atual prefeita, Elizabeth Schmidt. Desde a deflagração da operação Pactum, Cieslak está afastado por determinação judicial das funções da vereança.

E não para por aí. Cieslak, que é foi um dos 10 denunciados esta semana pelo Gaeco, teria recebido R$ 10 mil da empresa Tributo Justo – Maw Consultoria Empresarial e Tributária Ltda pra favorecê-la junto à prefeitura de Ponta Grossa “sobretudo no que se refere a contratar serviços de recuperação tributária e ao direcionamento dos critérios do edital do Procedimento Licitatório da Concorrência no 022/2022″, que segundo o Gaeco, era destinado à contratação de empresa de assessoria e consultoria especializada na realização de auditorias operacionais para levantamento e recuperação de créditos tributários previdenciários”.

A partir da quebra do sigilo telefônico e telemático de Celso Cieslak, os promotores do Gaeco chegaram aos empresários envolvidos no esquema — em especial Marcus Vinícius Gobbo, que se apresentava com contatos políticos em diversos municípios e influência sobre agentes públicos, e os advogados Wellington Henrique Costa Pimenta e Julia Colle Marinozzi, que seriam os sócios da empresa Tributo Justo. A partir dos dados obtidos nas interceptações telefônicas e também ao extrair os dados dos aparelhos eletrônicos dos alvos da Pactum, o Gaeco foi identificando os integrantes da quadrilha — que nesta semana foi denunciada.

Denunciados:

1- Marcus Vinícius Gobbo

2- Celso Cieslak

3- Jean Carlo De Brito

4- Wellington Henrique Costa Pimenta

5- Julia Colle Marinozzi

6- Flávio Aguiar Dos Santos

7- Elton Pedro Dos Santos Vidal

8- Edésio Manoel

9- Jodair Salviano

10- Luiz Eduardo Holzmann Araújo

 

Foto: Divulgação Gaeco

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