A frase bíblica “os humilhados serão exaltados” foi adaptada aqui em Curitiba para “os humilhados já foram exaltados”. Talvez ela reflita o momento vivido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes após a declaração polêmica no programa Roda Viva, da TV Cultura e reverberada, compartilhada e tão comentada nas redes sociais.
Durante a entrevista, concedida no início desta semana, Gilmar Mendes fazia críticas à condução da operação Lava Jato, quando disparou: “Curitiba gerou Bolsonaro. Curitiba tem o germe do fascismo. Inclusive todas as praticas que desenvolvem. Investigações a sorrelfa e atípicas. Não precisa dizer mais nada. Não é por acaso que os procuradores dizem, por uma falta de cultura, que aplicaram o Código Processual Russo”.
Rapidamente este trecho da entrevista tomou as redes sociais e a imprensa. Diante da repercussão, o próprio ministro “se retratou”. Mas a classe política se manifestou sobre as declarações do decano do Supremo. O governador Ratinho Junior, assim como o prefeito de Curitiba Rafael Greca e o vice, Eduardo Pimentel, foram às redes sociais. Na Assembleia Legislativa muitos deputados discursaram repudiando a fala do ministro. Na Câmara de Vereadores de Curitiba a mesma coisa. E um ato de desagravo deve ser votado na semana que vem.
O que pouca gente lembra é que o mesmo Gilmar Mendes execrado pela classe política já foi exaltado na mesma “Curitiba fascista”.
A mesma Câmara de Curitiba que deve aprovar na próxima semana o desagravo, já homenageou o ministro do STF. Isso foi lá em 2003, quando ele recebeu o título de Cidadão Honorário de Curitiba, proposto pelo então vereador Ney Leprevost — hoje deputado estadual. A solenidade aconteceu no no Tribunal do Júri, no Centro Cívico, em conjunto com a Associação dos Magistrados do Paraná e Associação Paranaense dos Juízes Federais.
E não para por ai. Teve mais homenagem. Em 2016, Gilmar Mendes recebeu do então governador Beto Richa a comenda da Ordem Estadual do Pinheiro — a mais alta comenda concedida pelo governo do Paraná.
Ontem tinha gente se perguntando se Gilmar Mendes pretende “devolver” as honrarias concedidas pela “Curitiba fascista”. aos fascistas de Curitiba?