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Há 16 anos no poder, família Justus entra em crise na véspera da eleição

Guaratuba, no Litoral do Paraná, sempre foi o reduto político da família Justus. De lá, saíram e continuam saindo muitos dos votos que perpetuam o deputado estadual Nelson Justus por nove ininterruptos mandatos na Assembleia Legislativa. Obviamente, que a extensão deste poder político reflete diretamente na disputa pela prefeitura da cidade.

Não é coincidência que há 16 anos, também de forma ininterrupta, a prefeitura municipal de Guaratuba é comandada por um dos Justus. O atual prefeito, Roberto, é filho de Nelson. O antecessor, na verdade, a antecessora, é Evani — cunhada do deputado estadual e tia do atual prefeito.

Esta união, que sempre foi um trunfo, não existe mais. Na eleição que se avizinha, os interesses dos Justus estarão contrapostos. A ex-prefeita Evani declarou publicamente que é pré-candidata à prefeitura municipal. E mais, numa entrevista para uma tv local, disse abertamente que é oposição ao prefeito e sobrinho Roberto Justus.

O atual prefeito, que já esta no segundo mandato, vai tentar uma cadeira na Assembleia Legislativa, em 2026 — no lugar do pai. E para esta eleição municipal, a família Justus resolveu apostar em Fernanda Monteiro — atual secretária de Educação de Guaratuba.

Fernanda não é uma estranha no ninho da família Justus. Ela é filha de Sergio Monteiro — homem de confiança de Nelson Justus e, por muitos anos, chefe de gabinete dele na Assembleia Legislativa. Conhece o deputado como poucos. Então, embora Fernanda Monteiro não alcunhe o sobrenome Justus, ela é considerada da família e pessoa de confiança.

A pré-candidatura de Monteiro é assunto na cidade. Não porque ela foi ungida para buscar a sucessão dos Justus. Mas, pelo fato dela responder na Justiça ao crime de homicídio de uma DJ em Curitiba. Fernanda é dona da empresa do trio elétrico em que a DJ Laurize Oliveira acabou caindo e morrendo durante a Parada da Diversidade. O Ministério Público denunciou Fernanda Monteiro por entender que ela assumiu o assumiu o risco de matar.

Os problemas judiciais não param por aí. A mesma empresa de trios elétricos foi o motivo que levou o Ministério Público a entrar com uma  ação de improbidade administrativa  contra ela e o prefeito Roberto Justus. A suspeita é de suposta irregularidade na contratação, por inexigibilidade de licitação, dos trios elétricos, da empresa de Fernanda Monteiro, para as festividades Sempre Natal no ano de 2021.

Todo este contexto é observado com cautela no Palácio Iguaçu. Roberto Justus é do PSD do governador Ratinho Junior. Fernanda Monteiro foi filiada recentemente. Mas com esta “capivara” na Justiça, já tem gente aconselhando o governador a passar longe da disputa pela prefeitura de Guaratuba. Evani, que está no PSDB do ex-governador Beto Richa,  já declarou que vai em busca do apoio de Ratinho para a eleição. Ela rasgou elogios ao governador, destacando a obra da Ponte de Guaratuba — um marco para os guaratubanos.

Alguns analistas políticos consideram arriscado demais Ratinho emprestar o rosto e a voz para a campanha política de Fernanda Monteiro. Mas descartam também um apoio à tucana.

O trio elétrico com a Banda de Guaratuba, que por quase cinco décadas, anima a 2ª feira de carnaval da cidade, desfilando com os foliões pela Avenida 29 de abril, tem carregado cada vez menos políticos. E para o Carnaval 2024, a Banda de Guaratuba deve ter o desfalque também de um dos seus ilustres fundadores, Gil Justus – irmão de Nelson Justus e marido de Evani.

Os adversários políticos da família Justus e os que avaliam a candidatura para esta eleição só observam a desavença. O que se comenta nas rodas políticas de Guaratuba é que o plano A é tirar os Justus da prefeitura, mas se tiverem de optar, a candidatura de Evani deve aglutinar o bloco dos desafetos.

 

 

Redação:

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