O secretário de Planejamento do Paraná, Guto Silva, resolveu sair do PP da família Barros e o destino ainda é incerto. Ele tem convite do MDB do Paraná, mas avalia outras possibilidades. Antes de tomar qualquer decisão, vai se aconselhar com o governador Ratinho Junior para avalizar qualquer movimento político.
A passagem de Guto Silva pelos progressistas foi discreta e durou pouco mais de um ano. E alguns palacianos, ouvidos pelo Blog Politicamente, consideraram um passo político errado.
Mas para entender este movimento é preciso voltar às origens da vida política de Guto Silva. Depois de passar pela vereança em Pato Branco, em 2009, onde foi o mais votado, Guto chega ao Centro Cívico “por cima da carne seca” e passa a exercer o cargo de subchefe da Casa Civil no governo de Beto Richa (PSDB).
Abençoado e catapultado pelo tucano, Guto se elege deputado estadual pelo PSC em 2014, com pouco mais de 45 mil votos. A reeleição vem quatro anos depois já com o 55 estampado nas urnas. Com 66.412 votos, ele é o mais votado do seu partido, que consegue emplacar outros cinco deputados — época em que o PSD não detinha o monopólio de parlamentares na Assembleia Legislativa.
Poderoso — A proximidade com Ratinho Junior, intensificada na campanha, rendeu o convite ao cobiçado cargo no Palácio Iguaçu de secretário-chefe da Casa Civil, em 2019. É a partir daí, que começam alguns passos, talvez, incertos. Além de cobiçado, comandar a Casa Civil permite capitalizar apoios políticos pelos quatro cantos do Estado. Guto tinha a caneta para nomear e demitir centenas e centenas de cargos no governo.
Com a missão de “fazer o governo andar”, Guto tomou uma atitude que, na época, chamou a atenção de analistas políticos. De repente, o então poderoso chefe da Casa Civil começa a abrir suas bases eleitorais pelo interior do estado — num movimento político contrário ao cargo que exercia.
Pelo Centro Cívico, logo alguns diziam que Guto Silva pensava em uma das duas vagas que Ratinho teria para indicar ao Tribunal de Contas do Estado do Paraná — durante os dois mandatos. Outros comentavam que ele, talvez, almejasse ser vice-governador em 2022 — hipótese nunca aventada por Ratinho, que decidiu manter Darci Piana como fiel escudeiro no posto de 02.
Choque — Um entrevero quase público com João Carlos Ortega, que sucede Guto na Casa Civil, é outro motivo que ajudou a explicar a ida para o lado dos Barros. Sem a vice sonhada na chapa de Ratinho em 2022, Guto chega a anunciar a pré-candidatura ao Senado Federal pelo PP — mas sem viabilidade e o apoio do governador, ele passa a ser um dos coordenadores da campanha do governador.
Neste segundo mandato, assume a secretaria de Planejamento de Ratinho — cargo estratégico, mas nem todas as arestas foram aparadas com Ortega e com pessoas de confiança de Ratinho, da chamada República de Jandaia.
Para 2026, Guto Silva ainda pretende avaliar os cenários políticos e, a partir daí, decidir em qual legenda irá desembarcar. Alguns comentam que ele pode disputar uma cadeira na Câmara Federal, outros apostam numa candidatura majoritária. A percepção de algumas fontes palacianas é que Guto acerta ao voltar ao ninho do grupo político do governador, mas só não conseguem medir as consequências desta breve experiência progressista.