G7 deve pressionar governo a retirar regime de urgência de projeto da venda da Ferroeste

O G7, grupo que representa os principais segmentos econômicos do Paraná, vai procurar o Governo do Estado nos próximos dias para tentar pressionar o Iguaçu a retirar o regime de urgência do projeto de lei, já tramitando na Assembleia Legislativa, que prevê a privatização da Ferroeste. De acordo com uma boa fonte do Blog Politicamente, a intenção do G7 é proporcionar um debate mais amplo sobre a venda da estatal.

Foto: Albari Rosas/ AEN

Fecomércio, Faep, Fiep, ACP, Fetranspar, Fecoopar e Faciap compõem o Grupo que tem interesse direto no assunto, pois a movimentação de cargas pela ferrovia reflete diretamente na economia do estado. Mais do que força econômica, o G7 detêm também força política que agora será colocada à prova.

O projeto que pede autorização dos deputados para o início da venda da empresa foi encaminhado à Assembleia, na semana passada. Na mensagem o governador pede que o trâmite seja feito o mais rápido possível — em regime de urgência. A notícia não chegou a ser uma grande surpresa, pois a iniciativa já vinha sendo comentada, antes do início do recesso parlamentar, nos bastidores do Centro Cívico. Assim como há relatos de que outras estatais estão no radar para serem privatizadas.

Na Assembleia, os deputados de oposição já prostestaram contra o regime de urgência imposto pelo Iguaçu no projeto envolvendo a Ferroeste. Agora, eles devem ganhar o reforço do G7.

A Ferroeste é responsável pela linha férrea com cerca de 250 quilômetros, entre Cascavel e Guarapuava. O capital é composto também por estruturas físicas e equipamentos, como locomotivas e vagões. A Ferroeste, uma sociedade de economia mista, foi criada em 1988, e a construção da linha foi iniciada no governo de Roberto Requião (1991- 1994), com o objetivo de facilitar o escoamento da safra paranaense do interior do estado para o Porto de Paranaguá. O custo foi de aproximadamente U$ 360 milhoes — algo em torno de R$ 2 bilhões, em valores atuais.

Apesar da Ferroeste ir só até Guarapuava, os vagões chegam até Paranaguá através dos trilhos da empresa Rumo — gigante do setor ferroviário. O Estado tinha planos tanto para ampliar a malha de trilhos até o Porto de Paranguá como de expansão de Cascavel a Foz do Iguaçu — e depois até o Mato Grosso do Sul.

A configuração da empresa, segundo o governo, é uma das justificativas para a privatização, pois impede a modernização da ferrovia. Outra justificativa é de que a privatização promoverá a redução do consumo de combustíveis fósseis e reduzirá os acidentes .

A lista com os possíveis benefícios elencados pelo governo vão desde o incremento na arrecadação tributária do Estado até o fortalecimento econômico de cidades, que são cortadas pelos trilhos Ferroeste, e dos setores industrial e do agronegócio.

O líder do governo na Alep, deputado estadual Hussein Bakri (PSD), garantiu que o governo irá contratar um estudo para encontrar o melhor modelo para a venda em leilão na Bolsa de Valores do Brasil. “Todo o processo deve demorar um ano e meio para ser concluído”, afirmou.

Para o líder da oposição, deputado Requião Filho (PT), o governo deveria investir na estatal e não vendê-la. O petista alega que existem diversos bancos internacionais com recursos para custear as melhorias. Segundo ele, as empresas privadas não teriam condições de bancar o modal de transporte.

A proposta está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e em seguida deve ser levada para discussão e votação em plenário já nas próximas sessões. Isso se, o G7 não conseguir sensibilizar o Palácio Iguaçu a promover uma maior discussão sobre o tema.

Nova Ferroeste

A venda da estatal ocorre após o governo do estado ter anunciado, em junho de 2022, o projeto da Nova Ferroeste, considerado o maior projeto ferroviário do Brasil. O próprio Ratinho Júnior afirmou na época que o novo traçado ligaria Dourados, no Mato Grosso do Sul, até o Porto de Paranaguá.

Foto: Albari Rosa/AEN

O projeto previa o aumento de 1.500 quilômetros de trilhos com ramais para Foz do Iguaçu e Chapecó em Santa Catarina. Segundo o próprio governador, desde que assumiu o governo solicitou que o projeto fosse tirado do papel, pois a ampliação da malha da Ferroeste era estratégica para o Paraná e para o país.

A concessão para operar os novos trechos por 60 anos é tida como um ativo da Ferroeste. O traçado até o Mato Grosso, assim como os ramais que incluem o extremo oeste do Paraná e oeste de Santa Catarina não começaram a ser construídos, mas a alegação do governo é que a privatização irá favorecer a consolidação do projeto.

 

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