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Quaest: voto da esquerda derrete Requião, que sofre sem tempo de rádio e TV

Lula e Roberto Requião (Foto: Ricardo Stuckert)

Por Carol Nery

O descontentamento e as frequentes críticas do ex-governador Roberto Requião ao PT e a consequente saída do partido para o nanico Mobiliza começam a mostrar seus efeitos perante os eleitores de Curitiba. Estes reflexos estão revelados nos recortes da pesquisa Quaest, divulgada nesta terça-feira (17), pela RPC TV, afiliada da Rede Globo, que trazem um Requião mais descolado tanto de Eduardo Pimentel (PSD), que lidera a corrida em Curitiba, quanto de Luciano Ducci (PSB) e Ney Leprevost (União Brasil), que agora estão isolados no segundo pelotão. Requião ficou ainda mais distante de um eventual segundo turno, na comparação com a pesquisa anterior.

O ex-governador do Paraná foi o grande destaque do primeiro levantamento da Quaest, divulgado no final de agosto, que o colocou com 18%, empatado tecnicamente com Eduardo (19%), mas numericamente atrás do candidato do PSD. Na nova rodada, no entanto, Requião despencou para 8%, enquanto o oponente despontou em primeiro, com 36%.

Roberto Requião (Foto: Reprodução Redes Sociais)

 

Um dos grandes motivos para o derretimento de Requião tem nome e sobrenome: Luciano Ducci (PSB). Isso porque a Quaest mostra a queda vertiginosa na intenção de voto do eleitorado de esquerda em Requião entre os que disseram ter votado em Lula em 2022: de 31% para 15%. Ducci pegou o caminho contrário e subiu junto a este público: de 20% para 30%. É uma brecha que o marqueteiro Maurício Ramos já deve estar debruçado e estudando sobre os efeitos de colocar o presidente Lula na propaganda de Ducci + Goura, nesta reta final da campanha, para tentar chegar ao segundo turno — hipótese repetida, até agora, em todas as pesquisas eleitorais divulgadas.

Sem meios populares, Roberto Requião se descola do eleitorado

Outro motivo que explica a performace de Requião é justamente a decisão de se filiar ao nanico Mobiliza que, sem conseguir montar uma coligação, teve como consequência a não aparição no horário eleitoral no rádio e na TV. Dentro de um perfil do eleitor que se informa mais pela TV, segundo a própria Quaest, Requião não tem conseguido dialogar com o curitibano. A forma encontrada pelo ex-governador para contornar a falta de exposição na TV foi partir para as redes sociais — ambiente “estranho” para o candidato de 83 anos.

As redes de Requião foram “terceirizadas” para uma equipe mais jovem, mas que sofre com a falta de recursos de uma campanha praticamente sem fundo eleitoral. Por isso, o ex-governador tem se valido do filho, o deputado Requião Filho, que tem usado seus perfis para levar a mensagem e as propostas do pai.

Tudo isso, no frigir dos ovos, indica que Requião tem tido dificuldade de falar com quem mais precisa, que é o seu público de Curitiba. Com a exposição zero nos meios mais populares, por incrível que pareça, tem uma pequena parcela do eleitorado que nem sabe que o velho Requião de guerra é candidato a prefeito nesta eleição de 2024.

Os dados da Quaest mostram que Requião teve uma queda junto ao eleitorado que declara possuir uma renda familiar inferior a três salários mínimos: ele baixou de 22% na pesquisa de agosto para 10% na atual rodada. No item escolaridade, Requião perdeu mais votos entre os eleitores que têm o ensino fundamental, caiu de 26% para 11%.

Mulheres e 60+ mudam de ideia sobre voto em Requião

A pesquisa também mostra que o público feminino andou mudando de ideia e retirou a intenção de voto em Requião, causando uma queda de 21% para 9%. Em menor proporção, o mesmo aconteceu entre o público masculino, que caiu de 15% para 8%. Houve ainda uma queda brusca dos eleitores 60+, que baixou de 26% para 7%, assim como entre adultos de 35 a 39 anos, de 16% para 8%. Em relação à religião, o candidato Requião perdeu votos entre os católicos, de 19% para 8%, e evangélicos, de 20% para 10%.

Metodologia: O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número PR-07358/2024, tem um grau de confiança de 95% e uma margem de erro de 3% para mais ou para menos. A Quaest ouviu 900 eleitores entre os dias 14 e 16 de setembro.

Redação Redação:

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