Receba todas as notícias em tempo real no nosso grupo do whatsapp.
Basta clicar no link abaixo
Roberto Requião conseguiu o primeiro voto favorável na ação em que ele requer a volta do pagamento da aposentadoria especial de ex-governador. O caso está sendo julgado na sessão virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) — que vai até a próxima sexta-feira (13).
O voto que beneficia Requião é do ministro Flávio Dino, que abriu divergência do entendimento do relator, ministro Luiz Fux — que foi contra a concessão da retomada da aposentadoria de cerca de R$ 40 mil, assim como a ministra Cármen Lúcia. O placar, portanto, está 2 a 1 e restam as manifestações do presidente do colegiado, Alexandre de Moraes, e do ministro Cristiano Zanin. Tanto Fux quanto Cármem podem rever o entendimento, a partir da divergência aberta.
Requião tem passado por um périplo dentro da Suprema Corte para ter o direito reconhecido, já que atualmente seis ex-governadores recebem a aposentadoria especial: Paulo Pimentel, Emilio Gomes, João Elísio, Mário Pereira, Orlando Pessuti e Beto Richa (2011 a 2018).
Todos eles ingressaram com uma ação coletiva depois que Ratinho Junior assumiu o governo e, por força de lei, aprovada na Assembleia Legislativa, cortou o pagamento aos ex-governadores. O STF, no entanto, reconheceu o benefício aos seis — Jaime Lerner chegou a ingressar nesta ação, mas ele acabou morrendo em 2021 antes do julgamento.
Requião já tentou “pegar carona” nesta decisão, mas o pedido foi indeferido pelos próprios ministros do STF numa outra ação.
No voto, Flávio Dino suscita exatamente esta situação em que alguns conseguiram receber novamente a aposentadoria e Requião, que governou o estado por três vezes, teve o pedido negado. O ministro entende que dar soluções distintas e antagônicas a partes que estejam na mesma situação jurídica viola o dever de coerência das decisões dos tribunais.
“Entendo que dar duas soluções distintas para jurisdicionados que se encontram rigorosamente na mesma situação jurídica e que foram atingidos pelo mesmo ato administrativo, proferido no mesmo processo administrativo, significaria violar o dever de coerência, segundo o qual ‘Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente’. Sem contar que seria reconhecer a eficácia de um ato administrativo cassado por decisão transitada em julgado esta Corte”, descreve Flávio Dino no voto divergente.
Ao final, Flávio Dino vota no sentido de determinar que o Estado do Paraná restabeleça o pagamento da pensão a Roberto Requião.
O advogado Guilherme Gonçalves, que representa o ex-governador nesta ação na Suprema Corte, comentou o voto. “O voto do ministro Flávio Dino apenas acata aquilo que a defesa do ex-governador Roberto Requião vem insistindo a muito tempo: que a partir do julgamento da reclamação, que definiu a impossibilidade de que o novo entendimento a respeito da inconstitucionalidade do subsídios de ex-governadores até aqueles que vinham recebendo essa verba de boa fé, não possa ser estendida também ao ex-governador”, disse
“Insistimos que, especialmente no caso dele, o fato dele ter exercido três mandatos como governador, e ter mais de 80 anos de idade, torna seu caso ainda mais adequado a essa interpretação que protege a ideia de segurança jurídica e de proteção à confiança legítima. Portanto, na esteira de inúmeros outros casos por todo país, esperamos que a turma do STF compreenda, na linha do preciso voto do ministro Flavio Dino, que poucos ex-governadores merecem tanto o respeito aos serviços prestados ao estado do Paraná quanto Roberto Requião”.